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terça-feira, 20 de abril de 2021

It´s All Too Much, too long, too psycodhelic

Esta é 5ª canção do Lado A do LP Yellow Sumarine 

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 27 canções de Amor para Garotas

                                        as demais 26 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

5. It´s All Too Much   (Love Girl Song by George Harrison)

George se desmancha "Quando eu olho nos seus olhos, seu amor está la para mim, e quanto mais eu entro, há mais para ver. É demais para eu aguentar o amor que brilha ao seu redor. Todo lugar é o que você faz. É demais para nós aguentarmos!"
Aqui, existem algumas interpetações possíveis para o objeto da declaração. George andava místico, então poderia ser mais uma conversa com Deus, mas a primeira frase fala "When I look into your eyes, your love is there for me", então eu não vejo Deus como aquele ancião de longas barbas, hoje eu sei que é um ser incorpóreo, sem forma, portanto sem olhos, então, descarto essa interpretação. Depois, as imagens que entrega na letra, como no refrão "It's all too much for me to see The love that's shining all around here The more I am, the less I know And what I do is all too much levam a crer em uma viagem alucinógena, tendo LSD como indutor, e George até falou nisso em entrevista posterior.  E lá no final, ele diz: "With your long blonde hair and your eyes are blue",  então, pronto, ele está pensando mesmo em Pattie Boyd, sua esposa, ah, o amor! 
 
A letra combina com a gravação, com muitos contornos psicodélicos, lembrem-se, apesar de o álbum ser lançado em janeiro de 1969,  era trilha sonora de um filme lançado em julho de 1968, e a canção foi composta no começo de 1967, o ano mais psicodélico dos Beatles. Ela tem três versos com letra e o refrão mencionado tocado quatro vezes. Havia um outro verso e mais um refrão que foram cortados, porque a canção estava em 8 minutos de duração, ainda um tempo considerado excessivo para uma canção. Em outras palavras, “Too Much”, que era o nome inicial da canção. Como curiosidade, eis o refrão cortado: It's all too much for me to take / it's waiting there for everybody / the more you give the more you get / the more it is and it's too much”, portanto, diferente do refrão repetido 4 vezes na canção, acho que se George desconfiasse que seria cortado, teria adotado a letra alternativa em uma das vezes, mas como a decisão de cortar veio nos 'finalmentes' do processo, um trecho intermediário inteiro foi cortado, incluindo este outro verso, também interessante: "Nice to have the time to take this opportunity. Time for me to look at you and you to look at me!", com ótima rima, com palavra rara e longa . Infelizmente, a mensagem foi abortada! Felizmente, no filme, está na íntegra! 
 
A gravação ocorreu fora da EMI, no De Lane Lea Music Recording Studios, novidade absoluta para eles. Na primeira sessão, em 25 de maio, eles ensaiaram muito (era a primeira vez que os seus companheiros ouviram a canção de George) e gravaram 4 takes, com George em um órgão, John numa guitarra extremamente distorcida, Paul no baixo e Ringo na bateria! Tinha uma enorme introdução de 22 compassos, com George repetindo os acordes do refrão no órgão cinco vezes, cantando nas duas últimas o título da canção, e com destaque para a bateria de Ringo, ainda precedida por um 
grito ininteligível de John e acorde longo de sua guitarra estendido em distorção máxima, e com o feedback permitido no registro, que só terminava com a entrada de um acorde no órgão que zumbiria ao logo de toda a canção (drone) como que abrindo as cortinas para um espetáculo psicodélico, além de um Grand Finale, ou eu deveria chamar de Long Finale, instrumental e gritos variados. As palmas que se ouve ao longo dos refrões, com os 4 Beatles esquentando as mãos, bem como as harmonizações de John, Paul e George nos refrões, e "Too Much-a" e variações finais, vieram na segunda sessão, 5 dias depois, bem como extensiva percussão adicional, com Ringo no chimbal, Paul no cowbell,  John no bloco sonoro (woodblock). Na terceira e última sessão, no dia seguinte, vieram os metais, com uma clarinetista e 4 trompetistas, um deles, em certo David Mason, que fizera história em Penny Lane além de mais acréscimo de sons e tons múltiplos no extenso final! Se você se admirou dos 22 compassos de duração da introdução, preste atenção e conte 1-2-3-4 e vá contando quantas vezes você conta 1-2-3-4. Contou? Eu contei: 79 vezes!! Um recorde até então, que não seria batido nem por Hey Jude, com seus 72 compassos!
 
Deixo aqui pra vocês a versão completa, de 8 minutos! Neste LINK!

4 comentários:

  1. Musicaça! A voz de George esyá orientalizada, navegando nas notas intermediárias. A batida fo Ringo e colaboradores é de levar a gente no embalo.
    No fade out, as brincadeiras vocais com "too much" são divertidas e terminam com um coral árabe/indiano adequado ao espírito da coisa.
    Adorei a versão completa... E só você mesmo para contar os compassos! Livro inédito à vista!

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  2. Indo além da genialidade da composição, sobre a qual não tenho capacidade técnica de comentar, a forma como Homerix apresenta o estudo, traz um frescor e um conforto delicioso ao ouvir e entender o momento da banda (ou do George), me fazendo viajar por aquelas frases de plenitude do amor.
    Obrigada por mais esse presente!
    Denise

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  3. É uma canção de Amor. O Amor que realmente importa, que engloba tudo. A letra deixa isso bem evidente. Sim, Patty talvez esteja no meio. Aparece alguém de cabelos louros de olhos azuis. Sabemos que George não era marido fiel, então poderia ser outra loura. Mas admito que possa ser Patty. É bem provável que sim. No entanto não é uma música de amor para ela. É de Amor Universal. Ela apenas faz parte. Assim como eu. Assim como Homero! George a escreveu sobre esse sentimento de amor que perpassa em tudo e todos sentido por ele numa viagem ácida. Então é uma música sobre drogas? Não. É uma música sobre ele como sentiu o amor usando drogas. O tema é o amor sentido. Como vi certa vez num comentário sobre a música, ela reflete o tema do Verão do Amor de 1967.
    George não é a única pessoa a se sentir pleno de amor usando LSD. Foi por isso que tantos experimentaram a droga. Existe um filme chamado “O Homem que Encarava cabras” que mostra isso de forma hilária bem no final. Um exercito toma LDS por engano...estavam prontos para a guerra...e não foi possível mais. Todos os soldados e até os comandantes vibrando no amor. É um filme delicioso sobre um homem que realmente existiu, mas a história é contada como comédia.
    Dizem que quando George entrou nessa pela primeira vez sem saber, aquela história do dentista, ele se apaixonou por todos os presentes. Que absurdo eu não estar lá naquela noite.
    Assim que George descobriu a Meditação revelou que não precisava mais de se drogar. Peter Doggett, que desconheço, considera “It’s all tôo much como um dos pináculos do rock ácido britânico. Rob Sheffield da Rolling Stone a coloca entre as cinco melhores do rock psicodélico da história. Ele não disse “melhores”. Disse psychedelic freakouts
    E foi gravada ou tocada em concertos por diversas bandas, como a Grateful Dead.
    Eu? Sou apaixonada pela música. Mas eu sou apaixonada por praticamente todas deles.

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