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terça-feira, 22 de outubro de 2019

CeL - Tate Modern

Capítulo 9 - Tate Modern

Este é um mais um Capítulo do Projeto 


Outros capítulos do Projeto Caminhar em Londres

Intro 1:  A terra do rock
Capítulo 1: CeL - Hyde Park


Sábado:


Finalizado o passeio Beatle, acatei uma sugestão de Patrícia. Peguei o metrô para a estação Southwark, Jubilee Line. Interessante notar que, primeiro, a Jubilee é uma linha relativamente nova (não tem 100 anos como a maioria), daí os trens serem mais modernos e confortáveis; depois, que algumas estações ao sul do Thames, como a de Southwark também são bastante modernas, e as plataformas dispõem de uma linha de portas entre os passageiros que vão embarcar e os trens, que ficam isolados, aumentando muito a segurança. Por esta modernização não fico chateado, pois as estações antigas e os trens antigos das linhas mais antigas ainda lá estarão por muito tempo. Bem, cultura urbana à parte, caminhei até a Tate Modern (acima), a galeria de arte moderna mais famosa da cidade. Não estava muito animado com o passeio, pois não sou lá muito fã, porém fora alertado que o local é especial, além de propiciar um bom ponto de observação, por ser um edifício razoavelmente alto. E, depois, de graça, até injeção: em Londres, todos os Museus são “di grátis”, a cidade já passou daquela idade de ter que explorar turista. Apenas se paga pelas exposições especiais, dentro deles. 

O prédio da Tate Modern, na verdade, é uma outra central elétrica abandonada, portanto, cheio de charme. Fui direto ao 7o andar, onde fica a lanchonete, onde não gastei nenhum centavo e aproveitei para ver a vista. Primeiro, mais evidente, a magnífica catedral de Saint Paul.  Tinha muita vontade de conhecê-la (e o fiz depois), pois a ela está dedicado um capítulo inteirinho de meu livrão "Londres: O Romance", os mais de 30 anos de obra (1675-1708) de sua última reconstrução, as manobras do arquiteto, Sir Christopher Wren, para esconder o caráter evidentemente ‘papista’ da construção. Na época, a igreja inglesa já se havia afastado de Roma e, entretanto, St. Paul lembra muito a catedral de São Pedro, principalmente em sua cúpula. 

Ainda no mesmo andar tirei umas fotos da Millenium Bridge, construída especialmente para virada do milênio, apenas para pedestres, que foi inaugurada com toda a pompa e circunstância na data prevista e ..... fechada no mesmo dia! Pasmem, no passeio inaugural, com a ponte cheia de gente, bateu aquele mesmo vento no Thames que mencionei acima e a ponte começou a balançar, balançar, enfim, pânico geral, felizmente, ninguém se machucou, a ponte foi evacuada e fechada para balanço (hi, hi, hi) ou melhor, reforma, por 18 meses, para corrigir evidentes falhas estruturais!!!! Junte-se a este fiasco aquele imenso parque de exposições que também foi criado para a virada do milênio, The Dome, à beira do Thames, que hoje se encontra às moscas e que serviu tão somente para James Bond cair sobre, nas cenas de abertura de “Tomorrow Never Dies”. Também, quem manda celebrar o milênio errado? Tudo foi inaugurado em dezembro de 1999! 

Bem, comecei a descer pelos andares de galerias, em meio a algumas esquisitices modernas, porém algumas obras bastante interessantes, principalmente de meu ídolo Salvador Dali, de Magritte, Miró, uma exposição de cartazes da época da Revolução Russa. Entretanto, o que mais me chamou a atenção foi um móvel, localizado no centro de uma sala, cheio de gavetas e portas que as pessoas estavam abrindo. Pensei, caramba, tanta recomendação para não tocar nas obras de arte e os guardas não estão nem aí para aquela profanação explícita! Depois entendi, trata-se da obra de um “artista” americano Mark Dion que passou anos nas margens do Thames escavando as “praias” e catando tudo que encontrava, o nome da obra é Thames Dig. Ele e uma equipe de catadores, que depois classificaram, ordenaram todos os achados e dispuseram nas gavetas e compartimentos do enorme armário. Muito interessante! Inacreditável o que se acha no rio: jóias, louças, cartas, armas, roupas, só vendo! Ainda mais interessante para mim, foi que, no dia anterior, começara a ler um capítulo do meu livrão em que Lucy, uma garota pobre, ajuda um tio na difícil tarefa de manobra um barco pelas águas então lamacentas do Thames, em meio ao fog londrino, recolhendo tudo que encontravam, procurando algo de valor, exultando quando achavam um cadáver, principalmente com os bolsos cheios de moedas. Era uma profissão como outra qualquer na época de Dickens, começo do século XIX, claro que vista com muito maus olhos. Certamente, o artista se inspirou nela. 



Na saída da galeira, um enorme galpão (ao lado), da altura dos 7 andares do prédio, foi deixado totalmente vazio, sem nenhuma construção, portanto um enorme espaço aberto, com uma acústica especial, em que posicionaram enormes alto-falantes, mais de 15 de cada lado, cada um “tocando” um som diferente, de gente gritando, falando, discursando, de animais, de sons da natureza, que se vai ouvindo à medida que se caminha. Muuuuuito legal! Enfim, taí um museu de arte moderna legal!


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