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segunda-feira, 15 de março de 2021

Glass Onion, seja lá o que John quis dizer!

 Esta é a  canção d1° LP  do Álbum Branco

a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 8 canções com Histórias sobre Si Mesmos

as demais 7 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

3. Glass Onion (Self Story Song by John Lennon)

John provoca 'Eu falei sobre a morsa e eu. Você sabe o quanto éramos próximos. Aqui vai mais uma pista pra vocês todos: a morsa era o Paul'

Só pra igualar conhecimentos, 'morsa' em inglês é 'walrus', I Am The Walrus é uma  magnífica canção de John, do disco e filme Magical Mistery Tour. A letra é uma sucessão de jogos de palavras e auto-referências a outras canções dos Beatles, como  Strawberry Fields Forever, Lady Madonna, The Fool on the Hill, Fixing a Hole, Within You Without You e There's A Place. John e Paul queriam fazer uma canção pra gozar daqueles que enxergam sinais escondidos nas canções deles (e na capa de Sgt.Pepper's), inclusive aquela história de que Paul estava morto. Foi John quem materializou a ideia. Bem, se a intenção era essa, desmistificar, não ajudou um dos muitos significados do título: (1) aqueles caixões que têm um visor de vidro mostrando o morto dentro dele... Glass Onion também pode ser 
(2)garrafa de fundo largo para uso em embarcações, ou (3) lentes redondas de óculos, ou (4)maçaneta de urna, e tem até uma possível interpretação (5) no mundo das drogas, que vão descascando a mente como uma cebola. Enfim... quem dá mais? John disse, uma vez, que era uma homenagem a Paul ("Você sabe o quanto éramos próximos" ele diz), que segurava as pontas da banda, enquanto ele estava nas nuvens, com Yoko. A ideia, a melodia e o 1° Verso estavam prontos quando John gravou a Demo na casa de George em Esher, onde os quatro se encontraram no final de maio para organizar os alfarrábios das criações produzidas na Índia, eram 18!! Esse 'Esher Tapes é o melhor extra da celebração de 50 anos do Álbum Branco, lançado em 2018! Daquela data até setembro, quando começou a gravação, John criou outros dois versos com alguma ajuda, não especificada, de Paul, que foi chamado para dar uma arredondada! Com tantas referências soltas no final de cada verso, às vezes acelerando as sílabas, de tantas fontes diferentes ("cast iron shore", "dove tail joint", "bent backed tulips", "trying to make ends meet"), que John colocou nas três últimas frases dos versos,  as rimas se concentraram nas quatro primeiras frases de cada um, e são bem interessantes, como "fool on the hill... living there still" e ""strawberry fields .... nothing is real", esta replicando a letra de sua própria canção do álbum anterior, e duas vezes rimou o verbo "be" com o pronome "me", mas a que eu mais gosto é a daquela frase da morsa, que era assim em inglês: "Well here's another clue for you all: the walrus was Paul!". John rimou "Paul" com "all", e foi ali que eu soube, nos meus 10 anos de idade, que Paul se falava 'Póu' e não 'Pôu', como eu sempre falara desde que comecei a idolatrar John Lennon e 'Pôu' McCartney, três anos antes!  

A música, como sempre, é magnífica! A gravação com a banda durou 4 sessões, de 11 a 16 de setembro, sem a presença de George Martin, que estava de férias! Na primeira delas, foram 34 takes com a base formada pelos 4 Beatles em seus instrumentos tradicionais (John no violão e num guia vocal). Destaque para a abertura da canção (e dos outros dois versos) com a caixa de Ringo, com duas batidas, solo, dobradas, e a seguir botando a gente pra dançar num rock 4x4. No 2° dia, John colocou seu vocal (note que apenas ele canta) e Ringo acrescentou um pandeiro. No dia 3, foi Paul ao piano e uma tentativa de mellotron, que eu não identifiquei na gravação final. O último dia 'de banda' foi Paul na flauta doce, em dupla com um dos engenheiros de som, homenageando o instrumento que fora tão importante na canção mencionada no 3° verso, The Fool On The Hill. Teve mais um dia com John acrescendo uma fita com quatro de sons que, entretanto, foram desconsiderados por George Martin quando retornou de férias, mas o Maestro ofereceu, em seu lugar, um magnífico arranjo de cordas, gravado bem depois, com 8 instrumentistas! Note o destaque dos violinos e violoncelos em glissando crescente na 3ª e 4ª frases dos 3 versos, e todos em stacatto em todos os "Looking through a glass onion". As cordas seguem 'por trás' de toda a canção, mas voltando a ter destaque absoluto na ponte, instrumental, entre os Versos 2 e 3, um crescendo a la James Bond, enquanto John fica no "oh yeah oh yeah oh yeeeeaaah" e perceba ali no final da ponte o polegar de Paul passando pelas teclas brancas. Isso sem contar a conclusão, com violinos subindo e descendo, e violoncelos em pizzicato, com o tempo sendo levemente reduzido até o final, dando a deixa para entrar o piano de John em Ob-la-di Ob-la-da, que seria a  canção do álbum!

Ah, Glass Onion é a primeira canção com a bateria de Ringo no Álbum Branco, na ordem em que a colocaram, pois ela é a terceira do Lado A do Disco 1, após Back In The USSR e Dear Prudence, que foram gravadas no tempo em que ele esteve brigado com os demais, e Paul assumiu as baquetas na última e os 3 na primeira!!

 Ao vivo? Viva The Analogues!! Aqui, neste LINK, com direito a dois violinos e um violoncelo!

6 comentários:

  1. A música é ótima e essa banda analogues é excelente tb

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  2. Análise maravilhosa, meu amigo. Arrepiei aqui!

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  3. Ótimo texto mas tive q ler duas vezes kk

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  4. Glass Onion me chamou a atenção desde o início. O som e a letra intrigantes. Também creio que John bolou a letra por "sacanagem" contra as interpretações de suas canções. E Paul gostou da ideia. Mas... tenho minhas alucinações: quando diz "aqui está uma outra pista para vocês todos - o walrus é Paul" eu imagino que é um coice no amigo e parceiro. Estavam no início das DRs, um ego peitando o outro. Fui até espiar nas fotos do meu compacto para ver se Paul era a morsa, mas não era. Depois vi o texto em que John se justifica - e Homero já explicou também - que ele falou Walrus porque pensava que a morsa era legal. Depois viu que ela era má, mas deixou como estava. Bom, se a pista for levada a sério, o bicho maldoso é Paul. E não ele... Olha eu fazendo o jogo do sr. Lennon, interpretando kkkk...

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  5. Soube que aquele templo lá no fundo do quintal de Paul em Cavendish também foi chamado de Glass Onion.

    O mais bacana para mim nessa música é como ainda naquele tempo havia o reconhecimento da parceria. A ideia da brincadeira veio de John e ele quem canta a música. Mas na letra ele diz " Eu falei sobre o tolo na colina..." Paul tinha falado sobre o tolo na colina" Mas o que era de Paul ainda era considerado dele por ele mesmo. E há outros exemplos, como você lembrou. Lady Madonna, Fixing a Hole..e também entra musica de George em total reconhecimento que faziam música dos Beatles em primeiro lugar. É assim que eu gosto.

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  6. Grande parte dos fãs brasileiros de Paul ainda não sabem pronunciar seu nome. Nos shows que vi dele aqui no Brazil era possível ouvir grupos de pessoas gritando...Pôl Pôl, Pôl...
    Você ouviu a música com atenção e percebeu que na verdade Paul não tem som fechado. Mas essa turma aí, com certeza ouvia a música também e não aprendeu. Não se entre os seus leitores também há quem continue falando Pôl. Se for assim agora lendo seu impecável texto aprenderão também como dizer seu nome bem bonitinho.

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