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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

The Beatles' 1964 - O 1º Filme e A Excursão Mundial


Neste relato do ano de 1964, a primeira parte contou o que ocorreu até a partida para conquistar América, neste LINK, 

A 2ª Parte contou sobre a Conquista da América e a envoltória do lançamento do compacto Can't Buy Me Love / You Can't Do That, neste LINK.

Esta 3ª Parte contará o que aconteceu até o lançamento do EP Long Tall Sally, que veio com mais uma canção original dos Beatles! O que significa Um Filme de longa metragem e Uma Excursão Mundial.  Sempre bom relembrar que, aqui nesta saga, contam-se os lançamentos de canções inéditas. Outros EPs foram lançados para surfar na onda do sucesso e faturar mais um pouco, mas com canções já lançadas anteriormente! Este de que falarei, além de ser o veículo em que o mundo conheceu a ótima I Call Your Name, e o excepcional desempenho de Paul na canção título, tem outras duas ótimas covers: Slow Down, cantada por John, e Matchbox, cantada por Ringo!!

Enquanto nos EUA, o pessoal tirava o atraso lançando até  material já lançado, pra aproveitar a enorme fama dos 'rapazes', até lançando dois produtos num dia só, do outro lado do Atlântico, John Lennon lançava um livro, In His Own Write, com 76 páginas de histórias curtas em estilo nonsense,  e gravuras que beiravam o surrealismo (sim, ele desenhava muito bem!), com prefácio do amigo Paul. Foi sucesso de crítica e público, elogiado até no Parlamento Britânico (alguns) e traduzido para vários idiomas.

E começava um longo período de filmagens do ainda chamado Beatlemania! Foram 7 sessões no Teatro Escala, onde foram gravadas as cenas com eles dublando If I Fell, And I Love Her, She Loves You e Tell Me Why. Em um desses dias, mesmo após exaustivas sessões de filmagem, foram à BBC para mais de 3 horas de gravação de mais uma edição do Saturday Club, programa de rádio de grande sucesso. 

Pausa para uma situação tensa!

O 1º de abril abriu com uma inesperada visita de Alfred Lennon, pai de John aos escritórios da NEMS (de Brian Epstein) acompanhado de um jornalista. John foi chamado. Ele não via o pai há 17 anos, e levou George e Ringo com ele. A conversa, que começou com um seco "O que você quer?" durou 20 minutos e terminou com John expulsando o pai do recinto. Uau! Depois, dirigiram-se ao Teatro Scala para mais filmagens.

Fim da situação tensa


Para desanuviar as coisas, contribuiu a notícia de que The Beatles ocupavam as cinco primeiras posições na Billboard americana, conforme já mencionado anteriormente. Era um 4 de abril de 1964, e foi a primeira vez que isso acontecia na história, e seria também a única. Can't Buy Me Love puxava o trem e ficaria no posto por cinco  semanas, após sete semanas de I Want To Hold Your Hand e duas de She Loves You naquele posto! Outras sete canções dos Beatles estavam presentes na lista dos Top 100 naquela semana: I Saw Her Standing There, From Me To You, Do You Want To Know A Secret, All My Loving, You Can’t Do That, Roll Over Beethoven e Thank You Girl, nessa ordem. E na semana seguinte, outras duas canções entrariam na lista, There's A Place e Love Me Do, sim, ela mesma, a canção inaugural dos Beatles, aquela da gaitinha de John, entrava ali, rumo ao 1º posto, que atingiria na semana de 30 de maio, portanto mais de 18 meses após seu lançamento no Reino Unido, em 5 de outubro de 1962.  Portanto, The Beatles tinham 14 canções entre as mais vendidas (o equivalente a um LP deles na época ... e que LP!!!), número jamais sonhado por nenhum outro artista, nunca antes (nem depois) na história da música. Aquele número 27 ali no topo da imagem também foi um recorde: foram 27 posições que a canção subiu de uma semana pra outra, que só foi batido 40 anos depois.

Enquanto isso, seguiam as filmagens do longa metragem, na estação do trem, em dois domingos em que ela estava fechada, um deles com fãs contratadas correndo atrás deles, e a cena de Ringo solo, ao longo do rio (ele confessou que estava bêbado), e a hilária cena de George solo, e a cena na estação de polícia, e a cena das entrevistas, e a cena do escritório de produção, e mais cenas externas, próximo ao Teatro Scala. Num desses dias, Paul e apenas Paul, foi chamado pra participar do programa de TV de David Frost (que seria o host daquele clip de Hey Jude em 1968). E num outro dia, particularmente cansativo, Ringo sentava numa daquelas cadeiras de diretor, e comentou: 'Oh, it's been a hard day" e olhou que anoitecia e complementou "...'s night...", o diretor ouviu, gostou, decidiu que seria esse o título do filme, comentou com a dupla mais famosa do planeta, John disse: "Deixa comigo!", foi pra casa e dia seguinte, um 16 de abril, chegou com ela pronta, mas entregou a ponte da canção pra Paul cantar, porque não atingia as notas agudas, e os Beatles gravaram-na em três horas, e estava pronto o próximo Nº1 da carreira, com direito a um acorde inicial arrebatador que intrigou até matemáticos e físicos.... uau, belo resumo, que será detalhado mais adiante. Ah, sim, foram três horas noturnas, pois durante o dia foi mais uma intensa sessão de filmagens, com uma antológica cena de perseguição, que culmina com os quatro dando de cara numa rua sem saída e retornando calmamente...

A rodada final de filmagens teve o retorno ao Ambassadeur's para gravação da cena de dança, que no filme foi acompanhada por versões instrumentais de I Wanna Be Your Man, que era de John e Paul, mas cantada por Ringo no original, e Don't Bother Me, que fora a primeira canção composta por George. Houve sessões apenas de dublagem de diálogos, inclusive aquela de John com uma atriz, em que ela desconfiava que era ele e ele disfarçava irônica e brilhantemente. E também passaram dois dias filmando uma cena solo de Paul que não foi para a edição final (por quêêê??). Na verdade, após filmarem a cena todinha, em dois dias, chegaram à conclusão que ela não seria adequada por não retratar um dia típico dos membros da banda, eles não ficariam cortejando uma garota daquela maneira... E Paul ficou sem uma cena solo pra chamar de sua, o único, dentre os Beatles... mas pior que tudo, é que o filme foi DESTRUÍDOOO, quando chegou o tempo regulamentar de destruírem o que não foi usado, gente, ali tinha um Beatle atuando... que pecado!!! Digno de nota é que a atriz Isla Blair, cujo personagem, a caráter de época, era cortejada por Paul, arrependeu-se de ter aceito a oferta de carona do astro ao final do primeiro dia, pois antes de chegar ao carro os dois foram cercados por fãs enlouquecidas, que a hostilizaram, beliscaram, puxaram, empurraram, até socaram, arrancaram seus cabelos. No dia seguinte, Isla declinou de igual oferta do astro. Blair fez carreira de atriz e produtora e vive até hoje, aos 78 anos! Para finalizar, a última cena filmada de A Hard Day's Night foi a de quem deu a ideia para o nome do filme, Ringo Starr, na divertidíssima passagem em que ele gentilmente coloca seu casaco para uma dama passar por uma poça, que na verdade era um profundo buraco. Era 24 de abril e acabava a primeira experiência dos Beatles como atores de cinema.

Um dia antes, entretanto, ocorreu uma situação inusitada, ou até mesmo embaraçosa. John, por conta de seu elogiado livro, e associado à sua fama na música e sua importância no cenário do próprio país, até mesmo financeiramente, pois fazia parte de uma das maiores entidades arrecadadoras de impostos de todo o reino, foi agraciado com um prêmio literário, e convidado a um almoço em que era convidado de honra, porém, mais que um almoço, era um 'lancheon', em que o homenageado é homenageado, mas dele se espera um discurso! Só que John não sabia disso, nem Cynthia, que o acompanhou. Esta última achou estranho que assim que chegaram, colocaram-na distante de John, que foi levado a um local na mesa, que dispunha de vários microfones à sua frente. John entrou em pânico, e quando foi anunciado, se levantou, disse:Er, thank you all very much, and God bless you.”, e sentou-se, todos aplaudiram meio sem jeito, e John disse ao homem a seu lado: You’ve got a lucky face!”. E só!! Que situação! Brian se levantou e disse algumas palavras, reduzindo a tensão. De qualquer modo, o evento foi considerado apropriado a um Beatles esnobando o establishment, coisa que tinha magnitude para fazer! Enfim... 

Três dias depois, entretanto, veio uma emoção em que eles voltaram a ter total controle, uma apresentação vespertina para 10.000 espectadores na Wembley Arena, então conhecida como Empire Pool, como parte do New Musical Express’ 1963-64 Annual Poll-Winners’ All-Star Concert, tradicional premiação, desde os anos 1930, dos melhores do ano no entretenimento, por votação do público. Os Beatles fecharam as apresentações da tarde cantando cinco canções, dentre elas, as duas do mais recente compacto, e os Rolling Stones comandaram os shows da noite! Deixo aqui o vídeo dos Beatles, quem apresenta é o DJ de New York que virou amigo deles de todas as horas, Murray, The K. Entretanto, só aparece o som do microfone de John em She Loves You, mas o outro volta em You Can't Do That, e veja John errando, e lutando com seu microfone, e Paul se afastando, muito interessante, e shows de John em Twist And Shout e de Paul em Long Tall Sally, note a entrega de Ringo e George, e claro, note a euforia dos fãs, inclusive para recepcionar o então astro da TV que iria entregar os troféus, Roger Moore, que então nem sonhava que seria James Bond por 7 filmes!!! Aqui, neste LINK

Pausa para conexão Bond-Beatle
Na época, Roger Moore era O Santo, seriado de grande sucesso na TV! Depois, quando Sean Connery disse que não queria mais ser 007, em 1967, ele foi chamado para substituir o escocês no filme de 1969, mas não foi persuadido porque já era um dos Persuaders, excepcional série com Tony Curtis, essa sim, eu não perdia um episódio aqui! E veio o australiano George Lazenby fazer um ótimo On Her Majesty's Secret Service, mas com desempenho 'canastrófico'. E voltou Sean Connery para fazer seu último 007, Diamonds Are Forever, em 1971, a peso de ouro, ou melhor a peso de Um Milhão de Libras (equivalente a R$ 90 Milhões hoje!!!), que doou para a caridade, para, aí sim, abandonar o posto de agente secreto de Sua Majestade, dando lugar ao inglês Roger Moore, que estreou em 1973 na pele do espião, justamente em Live And Let Die, que recebeu o tema sonoro de ninguém menos que Paul McCartney, em carreira solo, justamente a quem entregara aqueles troféus, 9 anos antes, fechando-se um ciclo! Ufa!! Um pouco de história de entrelaçamento Bond Beatle
Fim da conexão Bond-Beatle


Foi bom destacar a qualificação de atores 'de cinema' mais ali acima, porque eles tiveram algumas oportunidades de mostrar seu histrionismo em alguns sketches na TV, e especialmente, numa oportunidade da ITV, chamada Around The Beatles, que deu muito trabalho a eles, mas ficou muito legal! Em meio às filmagens de seu primeiro filme, eles se desligaram por dois sábados e um domingo para ensaios, tanto de performances como músicos que eram, mas como atores, travestidos de personagens de Sonho de Uma Noite de Verão, de Shakespeare. O espetáculo foi finalmente gravado no dia 28, e durava 1:15 hora. Paul e John faziam o casal apaixonado, Pyramus ('ele') e Thisbee (ela, banguela), George era o Luar, e Ringo, o Leão, divertidíssimo e muito bem atuado sketch! Melhor do que descrever, o melhor é ver este extrato de quase 10 minutos iniciais do show, que deixo aqui, neste LINK, para gáudio de meus poucos leitores. Aliás, o show inteiro é fantástico, com ótimos artistas da época, que os Beatles acompanham e apresentam de um balcão o tempo todo, animado com dançarinos no palco, além dos Beatles, claro, que, apresentados mais uma vez pelo DJ Murray The K, com seu já tradicional John.... Paul .... Ringo .... George, para delírio dos fãs, cantam 7 canções, e um medley sensacional com todas as canções Lado A dos 5 primeiros compactos da banda. Preciso listar aqui? Não, né...

Bem, terminados os compromissos de filmagem e de TV, os Beatles estavam preparados para merecidas férias, mas ainda fizeram dois shows na Escócia (Glasgow e Edinburgh), um programa de rádio (a 3ª edição de From Us To You na BBC) e ainda inauguraram suas figuras de cera no Madame Tussaud, a primeira vez em que a velha senhora se rendeu a artistas populares, pois antes, eram apenas figuras históricas! Aliás, nada mais natural, porque os Beatles mudaram a história! Aliás (2), ainda bem que houve outras versões dos bonecos, porque os primeiros, valha-me.... Então, sim, estavam prontos para partirem, para longe dos holofotes, só que não. Elaboraram enorme esquema para disfarçarem os destinos, estabeleceram nomes fictícios aos quatro casais para as comunicações entre eles e as equipes, tanto segredo que até se atrapalharam e George teve o passaporte trocado com Ringo, fato descoberto nas chegadas de cada um a Amsterdam e Lisboa, respectivamente, que eram os aeroportos de partida para os destinos finais. Aviões pra lá e pra cá, documentos no lugar, lá se foram, John (com Cynthia) e George (com Pattie), para o Tahiti, mas com escalas em Vancouver, e dois dias em Honolulu, onde foram descobertos imediatamente, o que não ocorreu no destino final na Polinésia Francesa, no Pacífico Sul, onde nem sabiam da existência dos Beatles. Paul (com Jane) e Ringo (com Maureen), passaram quase um mês nas Ilhas Virgens Britânicas no Mar do Caribe, portanto ainda no mesmo oceano de seu país de origem. Paul também foi mais modesto na produção musical. Ele e John estavam encarregados de produzirem material para o Lado B do LP com a trilha sonora do filme, mas só conseguiu compor Things We Said Today; já John, lá no Pacífico, leu muito, inspirou-se para escrever seu segundo livro, A Spaniard In The Works, e compôs, nada menos que quatro canções, Any Time At All, When I Get Home,  e I'll Be Back, que foram para o destino programado, e ainda No Reply, que acabou ficando para o LP do final do ano. O querido George não produziu nada.... após sua composição inaugural em 1963, tornou sabático o ano seguinte, e somente voltaria em HELP, aí si decolando sua brilhante carreira de compositor, que traria 22 canções ao cancioneiro Beatle.

Na volta, estavam animados, bronzeados, educados e falantes. Na primeira entrevista coletiva programada pelo novo assessor de imprensa Derek Taylor (aquele dos textos das capas dos discos), os Beatles falaram durante SEIS HORAS, sobre tudo, as férias, os planos, a excursão que fariam em breve, suas namoradas, o lançamento esdrúxulo de um compacto mal gravado em Hamburgo, e no dia seguinte fecharam o mês de maio com mais dois shows no Prince of Whales Theatre, mas tiveram que ensaiar mais que o habitual, pois estavam enferrujados de tanto banho de mar e sol tropical, sete canções em cada um deles,. Abriram junho no estúdio, com dois dias gravando a produção de John e de Paul durante as férias, para o LP A Hard Day's Night, e mais duas canções para o EP Long Tall Sally, que sairia durante a excursão mundial que, aliás, começou com uma bomba: Ringo caiu doente!!! Amigdalite braba, faringite, hospital, operação, e tudo o que têm direito. Solução? Chamar um baterista reserva! George Harrison foi contra, mas acabou aderindo, por pressão de Brian Epstein e George Martin. Jimmy Nicol foi chamado, ensaiou duas horas e foi arrumar as malas, mas o dia de gravação seguiu em Abbey Road, com Paul assumindo a bateria para uma demo de No Reply, que sairia em Beatles For Sale. Outras canções que jamais viram a luz do sol (uma delas veio no Anthology), foram gravadas ali, You Know What To Do e It's For You, que ficaram na prateleira. Especula-se, que se Ringo estivesse OK, decerto uma das canções daquele dia completaria o novo álbum, que acabou ficando com 13, único dos 7 primeiros álbuns que não ficou com as 14 canções regulamentares. 

E veio Excursão Mundial (não sei por que, mas a excursão de 1966 a Japão e FIipinas não foi considerada uma excursão mundial), para Dinamarca, Holanda, logo ali, e para Hong Kong,  Austrália e Nova Zelândia, bem longe, sendo os cinco primeiro dias sem Ringo. Jimmy Nicol, apesar de deslumbrado pelo mundo Beatle, com milhares de fãs recepcionando cada parada, desfiles em carro aberto e até em barco aberto (Amsterdam), errou umas entradas, mas se recuperou e fez bem seu papel. Ele se entregava. Dois shows em Kopenhagen, mais dois em uma cidade da Holanda, com direito a uma cena inusitada, numa gravação de um programa de TV antes dos shows. Enquanto eles dublavam as canções, fãs começaram a subir no palco para dançar, tudo bem, mas depois mais fãs, até que ficou incontrolável, e eles tiveram que abandonar o recinto, mas não Jimmy Nicol, que estava possuído, nem percebeu, e seguiu tocando, ao som da canção gravada que continuava... hilário! A longa viagem à Ásia foi tranquila, na recepção havia bem menos gente do que os que os receberam na Europa. Apesar do longo jet lag, John ainda teve disposição para assistir ao concurso de Miss Hong Kong, salvando o dia. E ele levou sua Tia Mimi pra conhecer a colônia inglesa. Deram uma longa entrevista coletiva, e fizeram dois shows para uma audiência que não encheu o auditório, face aos elevados preços!  Interessante que essa viagem não se pagou, por incrível que pareça, pois foi um compromisso assumido antes da fama, portanto o cachê combinado foi incompatível com os novos custos dos maiores astros do planeta! 

A viagem para a Austrália foi sob intensa tempestade, que continuou na chegada a Sidney, o que absolutamente não afastou nenhum dos 10 mil fãs que os estavam esperando há 24 horas, mesmo assim foram em carro aberto, a baixíssima velocidade, o que possibilitou mais uma cena inusitada: numa bela hora, uma mãe se desgarrou da multidão com seu filho de seis anos, com deficiência mental, e o atirou para Paul, que felizmente o pegou no ar... os Beatles eram considerados santos encarnados... Bem, o hotel que os abrigou em Sidney, o Sheraton, era a segunda opção de Brian, escolhida após a recusa da primeira, por medo da agitação, Brian fez questão de escolher um hotel do outro lado da rua, de forma que o hotel original sofreu os mesmíssimos problemas com milhares de fãs atrapalhando suas operações, sem ter a honra de abrigar os maiores astros da Terra (acho que já falei isto aqui em cima). Mas Sidney ainda esperaria para assistir aos rapazes, eles voaram no dia seguinte para Adelaide, onde tiveram a maior recepção da história: estimativas variam, mas em média se fixam no quarto de milhão de pessoas que estavam dos dois lados da estrada (George disse que era a perder de vista) que os levou, cada um em um carro conversível, até a prefeitura onde foram recepcionados pelo prefeito da cidade. Sentiram-se como se fossem heróis de guerra. Retribuíram com acenos e sinais de positivo (thumbs up), até que descobriram que esse último tinha um péssimo significado lá, equivalente a mostrar o dedo do meio. Enquanto faziam os shows na cidade (quatro em dois dias), Ringo recebia alta do hospital e viajava para o próximo destino da banda, Melbourne, pela rota do Pacífico (Los Angeles - Honolulu), não sem mais uma vez ter problemas com seu passaporte, que viajou sozinho atrás dele. Uma pequena multidão o aguardava em Sidney, onde deu entrevista, e outra em Melbourne, onde chegou cinco horas antes dos demais. Jimmy Nicol voltou para Londres no dia seguinte, com um cheque de 500 Libras (equivalentes a R$ 60 Mil, hoje), conforme combinado, e um relógio de ouro, presente pessoal de Brian Epstein, que foi com ele ao aeroporto para agradecer aos ótimos serviços prestados. Ringo entrou no ritmo rapidinho com 3 dias de show ali em Melbourne, dois por dia, tocando sempre as mesmas 10 canções: I Saw Her Standing There, I Want To Hold Your Hand, You Cant Do That, All My Loving, She Loves You, Till There Was You, Roll Over Beethoven, Cant Buy Me Love, This Boy, fechando com Long Tall Sally de toda a excursão à Austrália. Na Nova Zelândia, foram mais 6 dias de shows em Auckland e outras 3 cidades, também com 2 shows por noite, variando o repertório com a inclusão de Boys e/ou Roll Over Beethoven. Finalmente, de volta à Austrália para mais dois shows, em Brisbane, que encerraram a excursão à Oceania!

Enquanto isso, na Inglaterra, George Martin e equipe finalizavam processos de mixagem, e lançaram no dia 19 de junho o primeiro EP com canções inéditas, que ficou no topo das paradas de EPs por 7 semanas, com as canções que analisaremos a seguir!

4 comentários:

  1. UM BOM CONHECIMENTO DOS FABULOSOS BEATLES. PARABÉNS.

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  2. Uau!!! Muita informação de qualidade!!! Adorei.

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  3. Sempre muito bom ler seus textos sobre a história dos Beatles. Já pensou em escrever um livro? Obrigado por participar a página Universo dos Beatles.

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  4. Sempre minucioso em detalhes que escaparam dos releases normais sobre os Beatles. Trabalho de quem ama Beatles e sabe pesquisar/escrever.

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