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domingo, 3 de abril de 2022

Lágrimas no Mar ... e em nós...


Um Show de Arnaldo Incrível Antunes e Vitor Gênio Araújo encheu ontem todos os poros do Teatro Riachuelo, aliás, belíssima sala de 1500 lugares, do Século XIX, no Centro do Rio, restaurada há pouco tempo. Além da sala, o Show encheu as medidas de nossa emoção. Apenas Voz e Piano. Faço questão de capitalizar as iniciais dos Instrumentos do Espetáculo. Aplausos emocionantes, uivos de exaltação, acompanharam cada número. A Família Pacheco Ventura estava lá, em peso, e em emoção. Pena que foi apenas um Show aqui. Expandi o uso das letras maiúsculas. Acho que eu iria de novo!!

Arnaldo, todos conhecem, primeiro Titã a abandonar o barco titânico, para perseguir carreira solo onde, além de seguir produzindo peças musicais intrigantes e surpreendentes, entregou ao mundo da literatura os mesmos adjetivos, na poesia concreta de sua imaginação. E segue muito produtivo! 

Já Vitor Araújo, foi aquele menino prodígio que esteve no Jô aos 17 anos e faz uma carreira de Oh's e Ah's por onde passa, tanto tocando obras de outros gênios, como de sua própria lavra, também valendo os mesmos adjetivos do agora parceiro famoso, uma delas, Levaguiã Terê, de 2019, que teve a participação da guitarra do Felipe, no disco, e em vários shows pelo Brasil e um em New York. Seu desempenho ao piano é de encher os olhos, pois se entrega à emoção, explora todos os recursos do piano de cauda, que domina como ninguém.

Lágrimas no Mar é o nome da canção, do show e do disco que é apresentado no espetáculo, além de obras notáveis da época dos Titãs e dos Tribalistas e da carreira solo. Em duas das canções, uma delas de Caetano, Arnaldo recebe a esposa Zaba Moreau para fazer duetos em unisom, Arnaldo claro, no seu estonteante grave lá das grotas do inferno, e ela uma ou duas oitavas acima, perfeitamente ensaiados na métrica, se falhassem uma vez, empenariam o brilho. Não houve uma só falha. Além das canções, Arnaldo nos entrega seus poemas, agora amparado pelo auxílio luxuoso do fundo ao piano do brilhante menino, sim, segue um menino. Abre com uma exaltação à paz de arrepiar todos os pelos do corpo, e segue intrigando com peças novas e antigas de seu poetário brilhante, com destaque absoluto para um que exalta o deus que há em cada um de nós, também arrepio-me neste momento, só ao lembrar.

Ao final, receberam todos num ‘camarim’ ao ar livre, que bom que não chovia, lá vimos Marisa Monte (mais alta do que eu pensava) e Tony Bellotto (com Malu Mader ainda muito linda), e após abraçar o menino, que aliás já se hospedou aqui em casa, realizei mais um sonho. Conheci meu ídolo de quase quatro décadas, consumo todas as suas obras, no som e nas letras.

O poema Deus Efêmero é a peça que deixo aqui pra vocês, tirada da primeira parceria dos dois gênios, em 2020, o espetáculo sem público, O Real Resiste, filmado no SESC Pompeia, espetacular palco de resistência da música, onde tive o prazer de estar algumas vezes, uma delas com Felipe, no magnífico e breve Primavera nos Dentes. O poema é recitado após uma tocante execução de Contato Imediato, igualmente arrepiante. Prepare-se para se emocionar!

https://www.youtube.com/watch?v=bEM4VELbgfk







8 comentários:

  1. Meu amigo,me sinto tão bem quando leio essas suas postagens !!!!!

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  2. Que maravilha! Emocionante demais!
    Gratidão, amigo querido!

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  3. Sua descrição do show de Arnaldo nos remete à sala do concerto capturando todas as emoções que você sentiu, todas as percepções sensoriais do ambiente. É um privilégio para nós, você compartilhar esse sentimento poético dos eventos. Parabéns Homerix. Laury

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  4. Todos grandes artistas ��, sem dúvidas!!! Parabéns por mais uma bela resenha, Homero!!! A2

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  5. Simplesmente lindo

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  6. Sua narração com incríveis detalhes nos leva a sala de concerto como se estivéssemos presentes ao espetáculo.
    Parabéns, Homero.

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