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sábado, 28 de agosto de 2021

Can´t Buy Me Love

 Esta é a 6ª canção de A Hard Day's Night, o 3º LP dos Beatles

a história do álbum, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 19 canções de Paquera de Garotas

                                        as outras 18 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho são links que levam a análises sobre elas

7. Can´t Buy Me Love  (Flirt Girl Song by Paul McCartney)

Paul esclarece: "Vou te dar tudo que eu tenho pra dar se você disser que me ama também. Eu posso não ter muito pra dar,  mas o que eu tenho, eu darei a você. 
A paquera evolvendo amor e dinheiro passeia pelo blues animado que Paul criou, sozinho, com quase nenhuma ajuda de John. São 3 versos com letras diferentes, entremeados por uma ponte "Can´t buy me love, everybody tells me so". O Verso 1 tem as promessas de comprar um anel ou qualquer coisa pra garota se sentir bem, e o Verso 2 tem o trecho descrito no caput desta análise. No Verso 3, ele já aparece cansado das coisas materiais e pede que ela deseje coisas que o dinheiro não pode comprar. Os três versos terminam da mesma forma, com o rapaz dizendo que não liga pra dinheiro.  
 
Ela foi escrita enquanto estavam na maratona parisiense de dois shows por noite, em janeiro de 1964, mas tinham um piano na enorme suíte que ocupavam no luxuoso Hotel George V, que usavam para compor as canções que precisavam para seu 1º filme, A Hard Day's Night, àquela altura ainda longe de ter um nome. E gravaram lá mesmo, no Pathé Marconi Studios da EMI, única vez na carreira que gravaram fora da Inglaterra, no dia 29, numa sessão em que também vieram à luz as únicas canções cantadas em alemão pelos Beatles (neste LINK). E foi tudo muito rápido, com os quatro tocando seus instrumentos habituais, em quatro takes. Depois, apenas George teve tempo de voltar ao estúdio fazer um overdub de seu solo de guitarra, e dá pra se notar o solo original em partes da gravação final.  Essa sessão foi em 25 de fevereiro... entre as duas sessões, eles cruzaram o oceano para conquistar a América. Aliás, esse solo inaugurava uma prática que seria adotada dali em diante: a composição do solo de guitarra. Até então, George chegava e tocava o que lhe dava na telha! Outro que teria que voltar ao estúdio para fazer um overdub seria Ringo, mas a agenda não deixaria espaço: ele tinha inúmeras cenas solo no filme, ganhou destaque logo que perceberam seu lado histriônico. Então, como os pratos necessitassem de mais agudos, quem resolveu foi mesmo o engenheiro Norman Smith, apenas no hi-hat (chimbal) não creditado!
 
O ponto alto da canção, entretanto, é o vocal vigoroso de Paul, apenas ele canta, apesar de John aparecer cantando junto ao vivo (ver neste LINK), embora eu particularmente ache muito interessantes os backing vocals de John e George que se ouvem em versão alternativa que saiu no Anthology 1, nas partes "ooooh satisfied" ou "ooooh just can't buy," e equivalentes (ouça, neste LINK, e note que gravaram num tom acima do original). A ideia de começar pelo nome da canção (e também terminá-la) com um trecho da ponte, foi de George Martin, para causar impacto, o que claramente foi conseguido. Notáveis também são os já tradicionais Beatles Breaks, momentos em que os instrumentos param, deixando apenas a voz do cantor, prática que usaram em algumas canções, e notavelmente logo na primeira, Love Me Do. Aqui, eles ocorrem, brilhantemente, nos trechos em que Paul canta "much for money". Eu gostava mais do final da versão de Anthology, com apenas baixo e bateria.  A canção era uma favorita de shows nas turnês de 1964 pelo mundo afora...
 
No filme, a cena em que a canção aparece é an-to-ló-gi-ca, quando os quatro, em meio à fuga dos fãs, fazem malabarismos acrobáticos mil, lembrando muito cenas do cinema mudo, tipo Comedy Capers. Deixo a cena aqui (um pouco modificada, com tempo variado), neste LINK, para lembrança e exaltação.
 
Antes de ser a sétima canção do álbum, a canção foi lançada em compacto, com You Can't Do That no Lado B, em 20 de março de 1964, quatro dias depois do lançamento nos Estados Unidos, onde Can't Buy Me Love foi imediatamente para o topo da parada, comandando um trenzinho de cinco canções dos Beatles nas posições 2 a 5 (as outras eram Twist And Shout, She Loves You, I Want To Hold Your Hand e Please Please Me), fato único na história da música. E juntando-se a outras nove, até a posição 100, feito também inédito.  
 
A América estava definitivamente conquistada.

5 comentários:

  1. Excelente! Ótima lembrança o fato de ter sido resultado da única gravação fora da Inglaterra.
    É, de fato, uma canção poderosa e que gruda nos ouvidos desde a primeira chamada vocal, genial toque do Maestro Martin. Como em She loves you, atacam direto no tom relativo menor da música.
    E a mistura dos solos da guitarra (geniais) - por causa do overdub, como você explicou - incorporou-se ao conjunto da obra.
    A cena do filme é antológica!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Não sabia q essa faixa tinha sido gravada em Paris
    O que mostra todo o poder de "fogo" dos quatro gênios de Liverpool.
    Um clássico Beatle !!!

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  4. Detalhe: sem querer, ou talvez querendo, eles espalham um tema filosofico espiritualista que amor não se compra. Ha poucos dias vi uma palestra...já não me recordo de quem. Veio a pergunta: o que não temos como comprar? Alguém pensou em saude. Bem, é verdade que há doenças que nem mesmo os médicos mais caros não conseguem reverter. Mas são exceções. Geralmente o dinheiro faz com que tenham pelo menos os melhores hospitais. Então não era essa a resposta. Claro que a resposta foi o Amor. Na hora comecei a cantar can't buy me love.
    Então, mais que uma canção de paquera é uma canção filosófica.
    Forçando a barra um pouquinho é também anti capitalista. "i don't care too much for money...money can't buy me love. E nada mais importante que amor.

    Obrigada pelo link para rever a sequencia antológica, talvez a melhor do todo o filme. Sensacional. Eles por tanto tempo presos num estúdio. Mesmo fazendo o que gostavam...faltava luz! E de repente eles ganham momentos fantásticos de liberdade. Podem até que...voar! Genial.
    Outro detalhes...o no no no no...Isso aqui já meio teoria de conspiração. Os Beatles teriam vindo também para nos informar sobre as duas palavras mais importantes a serem ditas e vividas se quizermos ascencionar. Yeah e No. Sim a uma vida nova e livre. Não aos ideias conservadores no mau sentido da palavra. Não ao establishment. Mas isso não é coisa garantida. Isso faz parte do mundo da fantasia.

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