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terça-feira, 6 de julho de 2021

Revolution, well you know....

Esta é a 8ª canção da coletânea Past Masters #2, 15º Álbum Oficial dos Beatles

a história do álbum, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 14 canções com Discurso para Um Grupo

                                        as demais 13 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

8. Revolution (Group Speech Song by John Lennon)

John avisa: "Você me pede uma contribuição. Bem, você sabe, nós todos estamos fazendo o que podemos, mas se você quer dinheiro para pessoas com ódio na cabeça, bem, tudo que posso lhe dizer é que, irmão, terá que esperar
 
A versão original dessa canção era em ritmo mais lento, mais blues. Nessa versão, que foi considerada lenta para lançar como single, havia três importantes mudanças: (i) Na letra, quando John diz que se o caso é destruição, podem considerar ele fora ("You can count me out"), ele complementa com um 'Ou não!'  (IN!!!), o que acende uma chama de esperança de poderem contar com ele; e (ii) 2. No vocal, Paul e George entoam um delicioso "oh schoo-bee-doo-wa oh schoo-bee-doo-wa" e (iii) nos acompanhamentos, não tem o piano elétrico nem as 'handclaps', mas tem uma magnífica sessão de metais. Além disso, John havia concebido a canção com uma longa série adicional, de mais de 8 minutos, de sons aparentemente sem nenhuma relação com o tema, mas que ele considerava parte da Revolução! Imediatamente, viram que não caberia, mas concordaram que se tornasse outra faixa do mesmo disco, que se chamou Revolution 9!!! Aliás, seria interessante se conhecêssemos as outras, Revolution 2, Revolution 3 ... até Revolution 8, para tentar entender como seu raciocínio foi evoluindo até chegar àquela salada vanguardista de sons de Revolution 9. Brincadeira, eu sei que não foi assim! 
 
Os Beatles, mais John que os demais, queriam abrir a boca sobre política desde sempre, mas eram refreados por seu empresário Brian Epstein, que não queria confusão.... mesmo assim não conseguiu evitar os transtornos com a declaração do astro sobre a popularidade de Jesus Cristo. John queria muito, por exemplo, falar contra qualquer guerra, especificamente, contra a Guerra do Vietnã, mas nunca pôde, ou quando falou, o fez disfarçadamente! Depois que Brian morreu, a coisa ficou liberada! E Revolution foi a primeira canção a tratar de política, era uma mensagem contra o 'establishment', mas mesmo assim com muitas ressalvas. Em resumo, "Se é pra fazer com violência não contem comigo". Então, a canção é uma Discurso de John a um Grupo que o chama para a revolução. Ele fez a canção na estrutura verso-ponte-refrão-'treis veis', com uma espetacular seção instrumental, ali entre a 2ª e a 3ª vez. Todos os pares verso-ponte têm igual configuração: 
Linha 1: uma proposta deles
Linha 2: Well, you know
Linha 3: um consideração de John
Linha 4: outra proposta deles
Linha 5: Well, you know
Linha 6: uma outra consideração de John
Linha 7: um alerta de John 

Linha 8: uma ação resposta por John 
 
Todas as propostas do Grupo e as considerações de John rimam com "Revolution" (Evolution / Institution / Constituion / Solution / Contribution / Destruction). Os Versos 2 e 3 tinham um complemento delicioso após as considerações de John, os famosos "oh schoo-bee-doo-wa oh schoo-bee-doo-wa" que não sobreviveram na versão mais pesada. Elas aparecem nos refrões também. As Linhas 7 e 8 de cada raciocínio constituem uma ponte como que introdutória para o Refrão "Don't you know it's gonna be (em falsete) All right". Aqui, é John lembrando-se de um mantra do Maharishi, que aprendeu em seu recente retiro na Índia!  
 
Revolution (ainda sem o 1 qualificador) foi a primeira canção a ser gravada na maratona para o Álbum Branco, aliás, já contei em outra resenha mas não custa  repetir, criou-se o hábito de ser sempre uma canção de John a abrir os trabalhos de um álbum, desde 1965. Então, I Am The Walrus abriu Magical Mistery Tour, A Day In The Life abriu Sgt. Pepper's, Tomorrow Never Knows abriu Revolver e Run For Your Life em Rubber Soul. Antes daquele 30 de maio inaugural, a canção foi apresentada aos demais dois dias antes, e foi materializada num dos já famosos Esher tapes, na casa de George. John ao violão e seus vocais dobrados, Paul e George em já ótimas harmonizações, Ringo no pandeiro e todos nas palmas. Ouçam que legal, aqui, neste LINK. Notem que o Verso 3, aquele do Chairman Mao, ainda não existia. No Dia D, ou melhor, 30 de maio, os Beatles fizeram 18 takes da canção, não sem tensão. Paul estava meio acabrunhado, provavelmente com aquela rotina de sempre ser uma canção de John a abrir as gravações, e John também não estava bem, chegou a ser ríspido com Geoff Emmerick, por conta de um som sujo que ela queria extrair do seu violão, e pressionou o técnico para fazê-lo. George não estava, Paul ficou ao piano e Ringo na bateria. Aquele foi o primeiro (de muitos) dia em que John trouxe Yoko, apresentava-a para todos, e tal, e ela chegou chegando, trouxe uns sons eletrônicos gravados em fita, pegou do banco de instrumentos uma tábua de lavar roupa, e a 'tocou', e muito do que ela fez, ficou na versão final que foi para o Álbum Branco. O último take do dia foi estendido em mais de 5 minutos do qual algo se aproveitou para Revolution 9, felizmente os primeiros quase 5 minutos estavam ótimos para overdubs, que vieram, naquele mesmo dia (já era madrugada) à noite.   

Isso tudo vale como história da canção. Ela evoluiu com vários overdubs para atingir o que vemos no Álbum Branco, mas a versão que estudamos aqui, a do compacto, não foi aquela, como dissemos. John chamou todos de volta em 9 de julho, para fazer uma pegada mais forte. Ensaiaram muito naquele dia com John tentando a guitarra solo, e as guitarras ainda soavam limpamente, sem a distorção incrível que conhecemos. No dia seguinte, ela chegou, por insistência de John mas então ele passou para a guitarra rítmica ficando George com a solo, e teve Paul no baixo e Ringo na bateria e John cantando, em 10 takes. Depois vieram overdubs, de Ringo em sua caixa,  de palmas de todos, de John dobrando seu lead vocal em algumas palavras ou mesmo sílabas, e especialmente nos vários "well, you know"(6). E gravou também aquele maravilhoso berro no começo (no vídeo, é Paul quem dubla, mas na verdade, é de John). E é John também quem faz os falsetes dos refrões. Não há outra voz além da de John na canção. Dia seguinte, veio aquele ótimo piano elétrico da seção instrumental e da conclusão, e não foi nenhum Beatles quem o tocou, mas um jovem músico Nicky Hopkins, que já havia trabalhado com George, tão bom o solo que resolvi colocar a foto do rapaz. Deu um show! Mais tardem finalmente veio Paul em seu baixo. No dia 13, quando se pensava que tido havia terminado, John pressionou os técnicos de novo pra fazer sua guitarra, e Geoff Emmerick arriscou estourarem as membranas todas, e colocou um amplificador na saída do outro, e então  finalmente John sorriu. Guitarra distorcida já existia, mas nunca como em Revolution. E isso, mais uma vez, foi utilizado por várias banda dali em diante. 
 
Ao vivo? Revolution, não. mas tem um video-clipe, mas na versão mais rápida e áspera do compacto. Aqui, neste LINK.

3 comentários:

  1. Sensacional cada uma de suas análises! Reúna tudo num livro e eu serei o primeiro a comprar!

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  2. Todos os vocais e backing vocals na versão do compcto é de John ???
    Isso?

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  3. Piano arrasando

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