Alguns dePAULimentos

Alguns me cobraram um artigo sobre o show de Paul McCartney no Brasil. Eu estava aguardando, ansiosamente, a chegada do meu preciosos ingresso, que comprei pela Internet. Finalmente, ele chegou, hoje. Iupiiii!

Estarei no Morumbi, no dia 22 de novembro, junto a outros 59.999 enlouquecidos fãs do compositor de maior sucesso de todos os tempos. Agora sim, poderia festejar o evento. Mas vou fazê-lo pelas palavras de outros, afinal, ainda não assisti ao show. Estive sim, em 1990, no Maracanã, junto a outros ensandecidos 183.000 fãs, ajudando o cantor a ter mais um verbete, dentre muitos, no Guinness Book of Records. E estive em Houston, no Compaq Center, desta vez com toda a família, em 2002, naquele que foi, até hoje, o melhor show de minha vida. Mas nesta Up and Coming Tour, ainda não.


A exatidão numérica dos 59.999 fãs é porque o estádio estará lotado. Todos os 50.000 ingressos para o show de PortoAlegre se esgotaram em 12 horas, os 60.000 do primeiro show em SP, em 24 horas, e os 60.000 do segundo show, em 36 horas. Tem sido sempre assim. Todos os shows de Paul lotam os estádios, ginásios, ou qualquer lugar em que se apresenta, nos últimos 25 anos.


Bem, vou tentar situar você sobre o que representa essa oportunidade através de um discurso,  duas declarações  e um artigo, os tais dePAULimentos de que falei no título.As declarações são de dois felizardos amigos, que já assistiram ao primeiro showl de Paul no Brasil, em Porto Alegre, no último domingo. Aliás, os dois primeiros irão comigo também no Morumbi. no dia 22.

DePAULimento 1: Flávio, 32 anos, jornalista, 8 de novembro de 2010

Amigos,
Não foram poucos os sacrifícios para ver o show do Paul McCartney no esquema mais adolescente dos últimos vinte anos. Não tinha hotel, apenas onde passar a noite de sábado em que, obviamente, não dormi, pois procurei uma boate que tocasse bastante rock. Não me decepcionei, foram mais de quinze músicas dos Beatles ao longo da noite, juntamente com dois litros de cerveja. Mas tive apenas três horas de sono leve e ansioso, antes de passar na minha nova base, o hotel onde meu primo estava hospedado, para tomar um banho e trocar de roupa para o show.
Confesso que meu irmão foi mais guerreiro do que eu: chegou no dia do show e não levou sequer uma mochila. Fui encontrá-lo no Beira-Rio para um almoço numa churrascaria rodízio por volta de uma da tarde, já que estávamos em Porto Alegre. Encontrei um número enorme de conhecidos, dentre eles, os integrantes da Black Bird e afins. Entramos na fila para entrar por volta das 16h. Às 17h30 foram abertos os portões e conseguimos um bom, não excepcional, lugar na frente do gramado. Os melhores lugares ficaram com aqueles que havia três dias estavam acampados na fila. À essa altura, já éramos umas oito pessoas e ocupamos o maior espaço possível até o show começar. Cachorros-quente, águas, red bulls e muito sol na cara foram o combustível para as três horas e quarenta minutos que esperamos até o início do espetáculo.
Quando as luzes se apagaram e Macca surgiu no palco com Venus and Mars/Rockshow, meus olhos se encheram d'água. Vinte anos depois, lá estávamos novamente, frente a frente, eu e o velho Macca com a mesma energia (ele; eu não). Depois de toda a espera, Paul emendou uma sequência fantástica de músicas, interagiu com o público como nenhum outro artista consegue. Como há quarenta e cinco anos, ele ainda sabe exatamente o que fazer para arrancar as reações que deseja de seus espectadores. E o que vi foi um espetáculo de beatlemania: as mulheres todas – eu disse TODAS – a minha volta, cedo ou tarde, choraram. Uma fã histérica arrancava seus cabelos e gritava até perder a voz na minha frente. Sua idade? Não devia chegar aos vinte.
Três horas. Dois bis. Trinta e cinco músicas no total. Minha garganta, a essa altura, já não funcionava. As pernas doíam depois de passar horas pulando, culminando em Helter Skelter (ai meus joelhos) e Sgt. Pepper's (Reprise) emendado com The End. É impossível descrever o que senti. Era irreal. Guardei bem o momento: na memória e na minha câmera. Macca estava ali, na minha frente, cantando para mim – e mais 49.999 pessoas. Mas para mim.

DePAULimento 2: Renato, 55 anos, engenheiro, 8 de novembro de 2010

Eu não tenho a capacidade que o Flávio teve de contar para vocês por escrito toda a aventura que passamos para assistir ao mega show do Macca.
Vou apenas dizer que nunca havia presenciado na minha vida um delírio coletivo como eu presenciei. Um verdadeiro êxtase com o Beira Rio lotado, desde a entrada do Paul no palco até o final do show.
Impressionou-me a faixa etária do público, muito jovem, e como todos conheciam, cantavam e vibravam com as músicas, tanto as dos Beatles como as da carreira solo.
Concordo com a percepção do Flávio da emoção vivida pela garotada, e eu pude ver pelo meu filho, que tem um temperamento bem frio, mas que ao ver o Paul entrar no palco vibrou e gritou de tal maneira que eu nem o reconheci, era como se estivesse frente a frente com algo que parecia apenas existir na ficção.
Como o Flávio menciona, o Paul sabe do que ele representa para aquele público, e cada vez ele se esmera mais em atender aos anseios da platéia.
Quando o show acabou (ninguém queria ir embora, pois as pessoas estavam atônitas), me deu vontade de ficar batendo palmas o resto da noite para este ser humano (será?), que pelo que eu pude ver nos três dias que eu passei em Porto Alegre, já deixou de ser um ídolo e se tornou uma verdadeira lenda.

DePAULimento 3: Cíntia, jornalista, 50 anos, falando sobre os depoimentos de Flávio e Renato:

Assino embaixo dos dePAULimentos.  Tive o privilégio de assistir ao show na área VIP, com Paul a poucos metros de mim e de minha filha, e só o que eu e ela fazíamos era chorar, cantar e dançar. 
Não havia distinção de faixa etária: crianças, adolescentes, jovens ciquentões e cinquentonas(como eu), sessentões, setentões... todos à Beira-Rio de um ataque de nervos, aguardando impacientes e ansiosos os primeiros acordes.  Após 3 horas de êxtase musical e espiritual, a multidão retornou à vida real into the light of that cold dark night com a sensação de que nunca mais seria a mesma.  Não é exagero.  Foi o show da minha vida.
Sua benção, Sir Paul McCartney!

DePAULimento 4: Pedro, administrador, 24 anos, falando para sua mãe, minha amiga Raquel, sobre os depoimentos que leu:

Simplesmente sensacional, mãe.
Lendo os depoimentos das pessoas relembrei cada momento
descrito, cada música cantada... muito bom.
No meu caso, pelo esquema que viajei, poderia contar ainda mais
perrengues... mas apesar de estar cansado até hoje e sem grana, tenho
a certeza que tudo valeu a pena. Afinal, eu era um daqueles jovens
enlouquecidos que foram citados.
O único problema de ter lido esses textos é que fiquei com ainda mais
vontade de assistir ao show de SP.