Ontem, embarquei pela 10ª vez no Submarino Angolano
O programa inteiro está num Link mais abaixo!
Nesta edição fiz uma homenagem a Lizzie Bravo, estrela brasileira do Mundo Beatle que nos deixou nesta semana, contando a história da canção da qual participou e um pouco de uma história. O nosso DJ Paulo Seixas foi gentil ao aceitar uma sugestão minha de colocar uma cantora brasileira no final!!! Verão por quê!
Reserve 19 minutos para saber dessa incrível história!
Neste LINK
Vejam as atrações do dia!
Teve as canções do 1º compacto dos Beatles
que celebrou 59 anos em 5 de outubro.
Teve duas Covers na BBC, com a história de
"I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)", e
"Soldier of Love (Lay Down Your Arms)
Depois, vem minha homenagem, de quase 19 minutos!
Teve homenagem a John Lennon, que faria 81 anos ontem,
com seu sucesso e seu maior sucesso solo!
Tudo comandado com a competência e simpatia
e delicioso sotaque de Paulo Seixas!
TUDO ISSO E O CÉU TAMBÉM NESTE PODCAST,
DESTE LINK
ADOOORO A ABERTURA DO PROGRAMA
E AS DIVERSAS INSERÇÕES AO LONGO!
Aqui, os links dos primeiros áudios que cruzaram o Atlântico
Minha apresentação neste LINK
A gênese da capa do LP Abbey Road, neste LINK
As 8 condições SineQuaNon dos Beatles, neste LINK
Minha análise de Misery estendida, neste LINK
Minha análise de Ticket To Ride estendida, neste LINK
Minha análise de It Won't Be Long estendida, neste LINK
Minha viagem comparando Imagine com Star Trek, neste LINK
Minha análise de You Won't See Me estendida, neste LINK
Minha homenagem a Buddy Holly e Don McLean, neste LINK
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Abaixo da imagem, a programação de hoje e depois, a transcrição de meu texto e instruções.
Programação do dia 09/10/2021 | Mais Versões na BBC |
O Submarino Angolano | LAC - 95.5 FM | Angola
- "Love Me Do" é aqui recordado por ter sido o primeiro disco editado em 45 r.p.m. pelos Beatles, no dia 05 de Outubro de 1962
- "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)", Elvis Presley, 1954 | The Beatles, Live At The BBC, 1963 | 1994
- "Soldier of Love (Lay Down Your Arms)", Arthur Alexander, 1962 | The Beatles, Live At The BBC, 1963 | 1994
- O contramestre Homerix do Submarino Angolano, reflete sobre o passamento físico da brasileira Lizzie Bravo (27 de Maio de 1951 - 04 de Outubro de 2021), que foi das poucas pessoas a participar de uma música do quarteto de Liverpool, aqui cantando no refrão de "Across The Universe".
- Para terminar, a celebração do nascimento de John Lennon, neste 09 de Outubro de 2021 onde faria 81 anos com duas músicas de dois álbuns separados por nove anos "(Just Like) Starting Over", de Double Fantasy, de 1980 e "Imagine" do álbum homónimo de 08 de Outubro de 1971.
No último 4 de outubro, eu e o mundo Beatlemaníaco no Brasil entramos em luto, sentido e prolongado.
Havia morrido Lizzie Bravo, uma verdadeira heroína, em nossa concepção.
Era uma adolescente brasileira, nos anos 1960.
Como muitas, era fã dos Beatles,
Como poucas, deixou o país para estar perto deles,
Como nenhuma outra, gravou com a maior banda da história
E como isso aconteceu?
Sua paixão pelos Beatles começou ainda em 64, com o primeiro filme dos Beatles, adotou para si o apelido de Lizzie, e não de Beth, Lisa, Lilibeth, ou qualquer outro, porque sentia que John , seu Beatle favorito, falava com ela, quando dizia 'You make me dizzy, Miss Lizzie!'. Ela não se conformou que os Beatles haviam abandonado os palcos em 66, e viajou junto com uma amiga para Londres, em 67, para ficar atenta a todos os movimentos dos 4 rapazes de Liverpool. O combinado com seus pais era uma estada de férias, como presente de 15 anos, porém ao final das férias, a amiga veio embora, e Lizzie ligou para o pai e disse: ‘Não vai rolar!’ Ela ficou, trabalhando no que dava, cuidando de criança, e fazendo faxina, trabalhando em meio período e estudando no outro. Nas horas livres, sem falta, e mesmo cabulando algumas aulas dos cursos que fazia, ela ia para as redondezas dos estúdios na EMI em Abbey Road. Desde fevereiro de 1967, ela batia ponto lá, e onde quer que eles fossem gravar, e conversou várias vezes com eles. Sempre foram muito simpáticos e receptivos com as meninas. Ela acompanhou a criação e lançamento do LP Sgt. Pepper's, do EP Magical Mistery Tour, e dos ótimos compactos daquele ano, incluindo All You Need Is Love.
Quando rompeu 68, os Beatles planejavam um retiro espiritual na Índia, e precisavam deixar um material gravado para ser lançado em compacto enquanto eles estivessem longe, para manter a chama acesa. Ao efeito, Paul compôs Lady Madonna, George criou The Inner Light. A proposição de John nasceu de uma discussão que teve com Cynthia, sua esposa, que falou muito, eles se deitaram discutindo, mas ele não conseguia dormir, e se levantou pensando: Palavras estão voando como chuva incessante num copo de papel, e deslizam selvagemente enquanto fluem através do universo…. Perceberam? A fina poesia deste verso e de mais outros cinco, entremeados por um refrão, vieram só na cabeça de John um atrás do outro, como se tivesse sido possuído, ele colocou no papel, pegou o violão e no dia 4 de fevereiro entraram no Estúdio 3 da EMI para materializá-la. O Take 2 gravado que tinha John e Paul no violão, George numa cítara e Ringo num swarmandahl, um outro instrumento indiano, parecido com uma harpa, foi guardado… Reparem como John tem dificuldade na respiração.
(entra o Take 2, com os dois primeiros versos ‘Words are flying out” até o 2 º acroos the universe”)
Já no Take 6 já haviam abandonado os instrumentos indianos como base e o take seguinte foi considerado bom, mas John não estava feliz. George Martin tentou ajudar e, no primeiro overdub de vocais de John, tocou a base em velocidade ligeiramente menor que a normal, para facilitar a vida do vocalista. Esqueci de dizer que era um domingo, e eles tinham pressa para deixar canções prontas para o próximo compacto. Já de noite, Paul McCartney tem mais uma daquelas idéias de Paul McCartney. Ele sai do Estúdio 3, encontra as meninas abrigadas no saguão de entrada da EMI, pois o porteiro havia ficado com peninha delas, devido ao frio daquele pesado inverno, e se dirige a elas, perguntando: 'Quem daqui consegue sustentar uma nota aguda?'. Sem saber se poderia mesmo manter a tal nota, Lizzie levantou o braço, e carregou sua amiga inglesa Gayleen, e Lizzie cantou junto a John Lennon, num mesmo microfone, e depois junto a Paul McCartney, num outro microfone, as palavras 'Nothing's gonna change my world' do refrão da linda canção. Em verdade, sim, aquilo mudou seu mundo…. Para sempre! Elas ficaram lá por duas horas, e entraram para a história! Imagens quebradas de luz que dançam na minha frente como um milhão de olhos, eles me chamam sempre através do universo
(Entra a versão com as meninas com os Versos 3 e 4, a partir de , desde “Images of broken light" até “They tumble blindly as they make their way across the universe”)
Vocês podem imaginar o tamanho desse feito? Aquela era a primeira vez que uma voz aparecia num vocal de destaque numa gravação dos Beatles, que não fosse de coro. E depois, mais adiante, apenas mais uma vez isso aconteceria, e era Yoko Ono. Mais ninguém tem esse registro!!
Depois da saída das meninas, vieram overdubs de baixo e bateria tocados em reverso, e murmúrios múltiplos do banco de efeitos da gravadora, e uma guitarra e um som de harpa, a serem também revertidos. John levou um acetato com o resultado, para casa e 3 dias depois, disse: "Não quero nada disso!". Gravaram órgão, piano, guitarra e chocalho, e harmonias de George e Paul que nunca vieram a público , felizmente, Sean, filho de John, incluiu numa magnífica versão em 2001
(entra trecho do vídeo de Julian Lennon harmonizando Across the Universe com Rufus e Mobby)
John ainda gravou um novo vocal no dia 8, mas nada ficou ao seu gosto, ele estava desapontado, e, ao final daquele dia, decidiram que Across The Universe ficaria de fora do próximo compacto que, pela primeira vez, não teria uma original Lennon. Felizmente, o produtor Spike Mulligan que estava presente, a convite de George Martin, simplesmente amou a canção, e fez um trato com John para usá-la num disco beneficente.
Lizzie seguiu em sua rotina de imigrante apaixonada, durante as gravações do Álbum Branco, viu o filme Yellow Submarine in loco, chegou a vir ao Brasil um tempinho em outubro, mas voltou pra lá, e, e acompanhou de fora do estúdio as gravações de Let It Be e Abbey Road, e voltou de vez ao Brasil em outubro de 1969, dois meses antes de sua voz vir ao mundo no álbum beneficente do projeto Our World, quando todos conheceram a nova canção dos Beatles! A versão tinha Lizzie e sua amiga, e tinha pássaros e barulhos de criançada, e nem sei se ela notou que foi lançada em Mi Bemol, meio-tom acima do que ela cantou, em Ré.
De volta ao Brasil, Lizzie fez linda carreira como backing vocal de inúmeros astros da MPB como Milton Nascimento, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Joyce, Ivan Lins, Djavan, e tantos outros, até Roberto Carlos uma vez. Enamorou-se e casou-se com o grande cantor e compositor Zé Rodrix, com quem teve sua única filha Marya. Morou 10 anos nos EUA, trabalhando como fotógrafa, chegou a se encontrar com Paul em 1990, em Indianápolis, e também com Ringo por acaso num restaurante em Los Angeles, e também com George após um show no Albert Hall, convidada que fora para cruzar o Atlântico para assistir a um show do guitarrista. Ela era uma pequena celebridade no mundo Beatle. Os três se lembraram dela. Justamente John, entretanto, ela não conseguiu encontrar,… chegou a combinar com o secretário dele um encontro quando voltasse a New York, mas era setembro de 1980.... na próxima viagem dela, ele já não estaria mais conosco.
Voltando à canção, houve uma primeira tentativa de mixagem em meados de 69, o projeto foi dado a Glyns Johns, que felizmente se lembrou de Across The Universe, pois havia sido tocada em janeiro, no Projeto Get Back, mas os Beatles recusaram suas misturas. Em 1970, chamaram Phil Spector e lhe deram carta branca e ele pôde usar sua técnica de Wall of Sound. Para isso, elaborou arranjos de orquestra e coral e chamou 50 músicos e cantores ao Estúdio 1. Vai contando: 18 violinos, 4 violas, 4 violoncelos, 1 harpa, 3 trompetes, 3 trombones, dois violões, 14 cantores, somou? Deu 49? Errou? Não! Ele chamou também Ringo Starr para uma nova bateria.
A épica sessão foi em 1º de abril. Em um gravador de 8 Canais, Spector colocou a base de 7-2-68 no Canal 1, o novo vocal de John do dia 8, no Canal 2, o piano de Paul e a guitarra e chocalho de George no Canal 3, e colocou a orquestra pra tocar, de forma separada, cordas em geral no canal 4, mas apenas violinos no Canal 5, metais, nova bateria e violões no Canal 6, o coral no Canal 7, e mais metais, bateria e coral no Canal 8. Uau! Era a filosofia da Parede de Sons! Infelizmente, Spector sumiu com as vozes femininas na versão do álbum Let It Be. Um amor incondicional sem limites brilhando ao meu redor como milhões de sóis, que me chamam para ir através do universo.
(entram os Versos 5 e 6 da versão Spector “Sounds of laughter, shades of love” até o final)
Ah, interessante que aqui, ele reduziu a velocidade da gravação, também em meio tom, passando do Ré original para o Ré Bemol. Dessa forma, NENHUMA das versões oficiais de Across The Universe tinha o tom original gravado pelos Beatles, até 2003, quando o Let It Be Naked foi lançado em Ré!!!
Então, amigos, que abençoada foi a presença de Lizzie Bravo entre nós. Ela estava no local certo, no momento certo, e teve a competência necessária para impactar a história dos Beatles, e por que não, a do Brasil. Adorei um comentário que vi à homenagem que escrevi, que dizia: “Que linda história ,Homero.!! Me senti orgulhoso de ser brasileiro por causa de Lizzie Bravo.! Eu também, desde que soube, lá em 1990, ao ler no livro de Mark Lewisohn, The Beatles Recording Sessions, que “Lizzie Bravo, a 16-year-old from Brazil' cantou vocal de apoio numa das mais belas canções dos Beatles, sem dúvida a mais poética letra entre todas elas. Poética como era a canção que Elis Regina cantou em 72, feita por Zé Rodrix, em que dizia querer ‘a esperança de óculos’, que, em verdade, soubemos há pouco tempo, era a própria Lizzie, que estava grávida de sua filha, à época.
(entra Casa no Campo a partir do minuto 1:23)
Descanse em paz, Lizzie! Você foi muito importante para nós!
Um abraço aos ouvintes da LAC – Luanda Antena Comercial… e até para a semana!!!
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Com certeza emocionante. Ainda vou entrar mas tenho gostado muito de todos e vou gostar deste também.
ResponderExcluirSobre a abertura eu também gosto mas não entendo porque omitem a parte mais Beatle. I am John,....sometimes i play the fool. Esta bricandeira de John no final dá todo o que Beatle que fica ausente com eles apenas se apresentando.
ah...bom...A abertura não é a que eu pensei. With love from us to you...Lindo demais. O amor vindo agora abertamente de todos os quatro para nós. Eu sempre entendi que era sssim mmesmo quando falavam from me. Mas agora ficou sem sombra de dúvidas. Adorei também.
ResponderExcluirE como eu já sabia...Ficou emocionante a sua homenagem.
Lizzie, um amor de pessoa , sempre prestativa e atenciosa , saudades amiga. Descanse com a paz que você sempre demonstrou ter.
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