Esta é a 10ª canção do Lado B do LP Abbey Road
E a 8ª do medley mais famoso da história do Rock
a história do álbum, cenário, assuntos e canções, aqui neste LINK
É uma de 5 canções com Discursos para o Mundo
as demais 4 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK
Atenção, canções com títulos em vermelho
são links que levam a análises sobre elas.
16. The End (World Speech Song by Paul McCartney)
Esta merece que eu mude a estrutura da análise
Sim, simples assim, esta é a mensagem da cançãoA verdadeiraEquação do AMOREla fecha com chave de ouro o pequeno conjunto de 5 canções em que os Beatles falam ao Mundo, as Speech World Songs.
Todas as 5 têm uma palavra em comum: The Word is 'LOVE'
The End fecha (ou deveria fechar, ver abaixo) o medley no Lado B do LP.
Ela fecha também a carreira dos Beatles. Eu tenho sempre falado aqui nesta minha saga, que houve um disco lançado em 1970, Let It Be, mas o último gravado foi Abbey Road. E The End seria a última música do disco. Ela só não termina o disco porque ficara para trás uma pequena canção chamada Her Majesty, que não encaixara direito no medley que The End termina, e fora simplesmente descartada. Ocorre que havia uma política de nada Beatle ser deixado para traz, então um engenheiro de som tomou a liberdade de incluí-la no final. Apresentada a travessura aos Beatles, eles a aprovaram. Reparem que eles não sabiam que a banda terminaria, e fizeram uma canção final do disco final chamada The End. Só mesmo os Beatles para isso!
Musicalmente tão curta, mesmo assim, ela apresenta dois fatos únicos na carreira Beatle:
1. Após a segunda introdução "Oh yeah, alright, are you gonna be in my dreams tonight?", entra um solo de bateria de Ringo Starr, que nunca teve essa oportunidade em outras 210 canções lançadas pelos Beatles. Na verdade, ele mesmo não gostava de aparecer. Notável, marcante, sensacional!
2. Logo após, começa o 'Love you, love you, love you, love you', ao longo do qual há um duelo dos 3 guitarristas, Paul, George e John fazem um solo, três vezes cada, intercalados, nessa ordem. Notável, marcante, sensacional!
Então, logo após o duelo, vem o pianinho de Paul, introduzindo a mensagem, simples, direta, definitiva, a única de Paul, após as duas de John e as duas de George.
É a melhor materialização da Lei de Ouro, da Lei de Jesus, não faça aos outros que não quer que façam a ti, coisas do gênero, uma Lei de Talião do Bem, chame como quiser:
O Amor Que Você Ganha É Igual ao Amor Que Você Dá.
Não dava pra terminar de um jeito melhor uma história abençoada!
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Bem, amigos, o que leram até aqui reflete, ypsis litteris, o que escrevi quando compilei as famosas 5 Discursos para o Mundo, nos primeiros cítulos desta Saga, mas como escrevi sob forte emoção, resolvei duplicá-lo, antes de embrenharmo-nos nos detalhes sórdidos da gravação. E já começo com uma ducha de água-fria.... não, Paul não queria dizer que aquilo era o fim de tudo. Era somente o fim ... do medley! E nem era pra ser o fim do álbum, pois originalmente a ideia era que os lados do LP fossem invertidos, assim fazendo com que a impactante e longa seção instrumental de I Want You (She's So Heavy) o finalizasse. E concordo que seria um final apoteótico. Quer mais uma pequena decepção? Na época da concepção, nem havia a letra!! Era pra ser apenas uma seção instrumental, com a bateria de Ringo e os solos de guitarra dos 3 Beatles, que terminaria ali, abruptamente, antes do famoso pianinho de Paul! Via-se o pouco que se esperava da seção pelo nome, que nos registros de estúdio se a identificava apenas por: "Ending"... Felizmente, a coisa evoluiu para o que temos hoje, espetacular!
A parte instrumental foi toda gravada no dia 23 de julho, e começou pelo convencimento de Ringo a fazer a seção solo. Não era a praia dele, não queria de jeito nenhum, foi convencido pelos demais, inclusive por George Martin, que desceu da sala de controle para orientá-lo, junto com Paul, na contagem dos compassos. Emmerick fez de tudo para captar bem o som daquele que seria o único solo da carreira de Ringo, e colocou 12 microfones um para cada item do equipamento, e reservou o que proporcionou aquele sensacional som estéreo que se ouve quando se usa fones de ouvido. Para o efeito, o produtor destinou dois canais para ele, olha a importância que lhe foi dada. John e George em suas guitarras distorcidas e Paul no baixo, utilizaram um canal cada um, naquela que foi a base da canção. Antes dos 7 Takes oficiais de gravação, eles ensaiaram mais de 30 vezes. Veja como era a base ANTES de vocais, ANTES de solos de bateria, ANTES de solos de guitarra, aqui, neste LINK. E era pra terminar assim!, abruptamente, sem letra!!
Felizmente, nos 12 dias seguintes, Paul teve a inspiração da letra! E, no dia 5, a cantou, não apenas o trecho já ressaltado aqui, mas aquele logo antes do solo de bateria em que ele pergunta, lá no alto: "Oh, yeah, all right, are you gonna be in my dreams tonight?". E no dia 7 aconteceu uma sessão histórica. Estavam todos na sala de controle (inclusive Yoko), discutindo como fazer o preenchimento de 18 compassos da seção instrumental, e naturalmente, George sugeriu um solo de guitarra. John, animado, ofereceu-se para fazê-lo, com um sorrisinho. Ele gostava de solar, mas sabia ser menos habilidoso que George ou Paul. Ele brincava, mas não tanto, pois logo após sugeriu: Por que não todos nós?. Espanto geral, mas Paul achou legal, e disse que seria o primeiro, por ser o autor, e John disse que tinha uma ótima ideia para concluir. George resignou-se a ser sanduichado. E partiram para o chão de fábrica os três.
Pausa para fofoquinha
Yoko se levantou para ir com eles, mas John pediu que ficasse ali, na sala de controle. Ela não gostou nadinha. Mas John queria reviver um pouco do velho espírito da banda, que ele sabia que certamente não seria o mesmo com ela.
Fim da fofoquinha
Foi ótima a decisão! Paul e George apreciaram muito! Os três reviveram a velha camaradagem, ensaiaram, e fizeram tudo em poucos takes, num canal só, sem edições. Foram nove trechos, três cada um, na ordem combinada, Paul, George, John, verdadeiramente ao vivo, um verdadeiro show! Para identificar: Paul toca nos compassos 1 / 2, 7 / 8 e 13 / 14, George os compassos 3 / 4, 9 / 10 e 15 / 16, e John os compassos 5 / 6, 11 / 12 e 17 / 18. Ao final, sabedores de que haviam feito história mais uma vez, trocaram sorrisos, se auto-cumprimentando, mas claro, sem a efusão de outros tempos, sem tapinhas nas costas, muito menos abraços, o ambiente nunca mais fora o mesmo dos tempos da Beatlemania. Foi a última vez em que os três tocaram juntos, para todo o sempre.
Ainda dois movimentos foram feitos nos dias seguintes. Paul, e somente Paul, gravou aquela sucessão de "Love you, Love you, Love you..." que vem após o solo de bateria genial de Ringo e antes do solo de guitarra dos outros três gênios. E eu ressaltei o "apenas" porque percebem-se várias vozes, mas são todas de Paul, uma por cima da outra, talvez até porque fosse difícil chamar os colegas ao estúdio, vai ver ele teve a ideia em casa, logo no outro quarteirão, teve a ideia e apareceu para gravar. E, finalmente, a famosa sessão de 15 de agosto no enorme Estúdio 1, em que 5 canções de Abbey Road ganharam arranjos orquestrais, pelas geniais mãos de George Martin, duas normais de George, e as três 'de medley' de Paul, a estas últimas sendo dedicadas três horas de gravação. Paul atuou como produtor de suas faixas. Em The End, apenas se ouvem as maravilhosas cordas (12 violinos, 4 violas, 4 violoncelos e um baixo), no épico e apoteótico final. A espetacular conclusão, da música, do medley, do Lado B, do disco, da carreira dos Beatles começa com o pianinho agudo de Paul, 16 notas em dois compassos, e ele canta solo "And in the end..", e George faz um breve riff na guitarra e Paul chama seus companheiros John e George para harmonizar o lado esquerdo da equação "...the love you take..." e logo depois seu complemento "is equal to the love", em que Ringo muda o tempo da canção, de 4/4 para 6/8, e juntamente com este último "love", o staccato do piano se transforma em acordes melódicos e entra a orquestra, e vem Ringo em ótima virada, e Paul termina solo a equação que criou, "you make", e voltam os três juntos harmonizando os "AAAAAA", acompanhados da orquestra e de outro lindo riff de guitarra de George. Estava concluída, decifrada, resolvida, a linda Equação de Amor, resolvida pelo MateMúsico Paul McCartney. E somente no final de tudo, a canção ganhou seu nome: The End!
O trio final de Paul em Abbey Road (Golden Slumbers/Carry That Weight/The End) virou frequente presença nos shows de Paul em sua carreira solo, e eu tive a honra de ouvi-lo na primeira vez que ele a fez, na excursão em que veio ao Brasil, em 1990, que deixo aqui, neste LINK. Aliás, no disco, o trabalho fantástico de edição de George Martin e equipe da EMI faz com que tudo pareça tocado seguidinho, como no show, um dos pontos altos do fantástico medley de Abbey Road!
THE END
Não... na verdade, não é o fim do álbum, como vimos....
PRÓXIMA CANÇÃO DO SUPER MEDLEY
Her Majesty
Como sempre muito bom.
ResponderExcluirPaul abre e fecha os LPs dos Beatles.
Em Please please me, ele com I saw her standing there; no Abbey Road, The end.
Maravilha!!!!!
ResponderExcluirExcelente Homerix, como sempre! Cheguei a materializar bem aqui na minha frente a sequência descrita por você para se chegar ao resultado definitivo da canção.
ResponderExcluirO medley é - como você bem detalhou - uma obra prima, mas The End sempre me emociona. Golden rule. E termina em um glorioso Dó maior...
ResponderExcluirE como eu sempre senti e já disse aqui o principal tema dos Beatles, que chega a ser o significado deles é...Amor. Sairam de cena espalhando amor.
ResponderExcluirTem certeza que náo houve abraços lá naquela última sessão? Acabei de ver mentalmente eles abraçados. Estou falando isso porque é meio difícil imaginar Paul junto com eles sem abraçar. Paul adora abraçar. Deve estar sofrendo muito nesta pandemia sem poder abraçar. Veja na Antologia como ele abraça. Tem um vídeo que dá para ver uma bola escura se contorcendo... o que seria aquilo? De repente descobrimos...George e Paul abraçados. Por isso acho que tapinha nas costas, coisa muito de homem com medo de tocar em outro homem, não deve mesmo ter acontecido. Mas não consigo imaginar Paul celebrando sem abraçar. Pois ele não atravessou a sala do estudío só para abraçãr Jeff Lynne depois do Free as a Bird? Jeff confirmou isso. Já o restante da história nunca vi confirmação.
O restante pode ser coisa inventada. Mas juro que li em algum lugar. Paul teria visto John no meio da sala. Se levantou correndo e foi abraça-lo...e abraçou falando "john". Jeff teria respondido. "Eu sou o Jeff. Não sou John." E Paul disse que, de longe, estava igualzinho. rs rs rs
"Yoko se levantou para ir com eles, mas John pediu que ficasse ali, na sala de controle. Ela não gostou nadinha. Mas John queria reviver um pouco do velho espírito da banda, que ele sabia que certamente não seria o mesmo com ela".
Eta fofoquinha abençoada. Maravilhosa. Obrigada por comparilha-la. Bom ver que, pelo menos naquele dia, John agiu com lucidez.
O Amor Que Você Ganha É Igual ao Amor Que Você Dá.
ResponderExcluirAlguem conheceu uma página que se chamava The Truth? Vinha um texto imenso sobre os Beatles. E muito bonito, mas sem autor. Não consigo mais achar esta página. Lá dizem que geralmente as pessoas falam que o amor que você dá é igual ao amor que você ganha. E que os Beatles inverteram a posição. Explicam o motivo que ficou melhor da forma como esta na música, Infelizmente me esqueci como é a explicação. Essa foi boa. Entao nem devia ter comentado já que não sei a explicação. Mas talvez Homero ou outro seguidor dele aqui a conheça.
So seu que durante muito tempo discordei disso. Tenho essa mania de raciocinar demais. De observar. E vejo tantas pessoas recebendo ódio no lugar de amor mesmo quando se doam totalmente. Alguns costumam ser assassinados. A começar pelo próprio Jesus que veio nos ensinar a amar. Mas temos o Ghandi, temos o John Kenndy, temos o John Lennon...
Vejo o mesmo acontecendo com pessoas desconhecidas, mas que eu conheço. Pessoas que se dedicaram a outros com muito amor...e receberam o oposto. Vejo na minha família. E eu sempre costumava dizer. "Até os Beatles se enganaram com isso."
Então, foi agora em 2021, que me veio de repente uma luz. Nâo recebemos amor de outras pessoas. Não é das outras pessoas É do Universo. Ainda não sei como funciona. Mas penso que uma energia de amor desce sobre todos que espalham amor de alguma forma, mesmo que nao consiga salva-los dos malucos de plantão. Mas recebem de alguma alta dimensão. Não posso comprovar nada, mas faz sentido para mim.