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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Mini MBA - Os Speakers


CWC - Oil & Gas Mini MBA
Londres - Abril de 2005

Origem e Introdução (link)

Os Capítulos (links)
4. The Speakers (Este)

NOC's – National Oil Companies – at the crossroads 
by Willy Olsen

Começo com um resumo e uma elegia pouco modesta. O assunto palpitante despertou a atenção de todos. Do grupo, apenas eu, e um colega da Saudi Aramco éramos de empresas estatais, mas todos os outros, de uma forma e outra tem um relacionamento com uma delas. Willy despejou um número de informações sobre o poderio e a influência dessas empresas e depois traçou um perfil de sua atuação. E, para levantar o meu ego, não se cansou de elogiar a Petrobras. Repetidas vezes, citou nominalmente nossa empresa como exemplo e, sempre, como um bom exemplo: o fato de ser uma empresa aberta, com ações negociadas em NY, a transparência com que divulga seus resultados e fatos relevantes, a busca pela internacionalização (ói nóis aí!), a ousadia em aplicar novas tecnologias, o investimento constante em pesquisa e desenvolvimento (elogiando nosso CENPES), enfim, fiquei até mais gordo.
O motif da apresentação era fazer a classe tentar entender uma estatal, qual deve ser seu papel, poderão elas tornar-se mais competitivas ou simplesmente manter-se como um braço avançado do governo de seu país? Estão as NOCs realizando a totalidade de seu potencial em suas alianças com as IOCS?
O conceito de NOC já tem 90 anos de idade (BP foi a primeira, em 1914). No começo, a razão era para garantir suprimento de óleo, os primeiros movimentos para tal foram aquisições de concessões no oriente Médio – França e Itália seguiram o mesmo caminho. Primeira onda de NOCs na América Latina entre as duas grandes guerras. Depois, já na década de 70, as nacionalizações nos países exportadores. Na onda da globalização e liberalização, algumas começaram a se privatizar, a BP, novamente, a primeira delas.
        Metade das 50 maiores companhias em produção de petróleo são estatais. As NOCs têm a chave para o crescimento da indústria de óleo e gás, controlando 60% das reservas de óleo e 75% das reservas de gás. Elas não são iguais entre si e apresentam diferentes forças e fraquezas. Umas são fracas, outras dominantes. Umas têm forte conexão com o governo, sendo difícil distinguir onde termina sua influência e começa a do ministério de energia, outras são mais independentes. Umas têm orçamento independente, outras o têm totalmente controlado pelo governo. Muitas apresentam um foco comercial, ligadas à obtenção de lucros enquanto outras se preocupam em prover bem estar, desenvolver a sociedade, combater a pobreza.  
      Grandes estatais estão em processo de questionamento de sua identidade. Sonatrach, Petronas, NNPC, ONGC, Sinopec estão caminhando para tornarem-se mais comerciais, enquanto PDVSA e KPC se movem para o lado social, têm uma missão mais de cunho nacionalista (“A PDVSA pertence ao povo venezuelano”).
        Uma característica própria das estatais é o orgulho de seus empregados pelos feitos e pela história da companhia, guardiã dos recursos naturais do país. Disto, somos provas vivas.
         Partiu para análises pontuais de várias estatais: Saudi-Aramco: muito poderosa, com mais de 3.000 empregados em pesquisa e desenvolvimento, tem agenda global, é mais forte que o ministério, eficiente, investimento pesado em treinamento; QPC: modelo diferente, pretende ser a maior produtora de LNG, em alianças com IOCs; Sonatrach: sendo reformada, caminhando para o lado comercial, quer parar de ser cabide de empregos, vai perder alguns de seus privilégios e começar a competir com IOCs; NNPC: rumando para o lado comercial (sabemos que está usando Statoil e Petrobras como modelo; PEMEX: controlada pelo governo mas buscando pouco a pouco a independência; Petronas: rumando decisivamente para o lado comercial, não tão transparente e aberta como Petrobras, mas efetiva; Statoil: commercially driven since day one, muita liberdade de atuação, foco na capacidade operacional; Petrobras – tudo aquilo mostrado acima; ONGC: buscando alianças estratégicas com companhias ricas em recursos; Sinopec e CNPC: o mesmo que a colega indiana, porém com muita agressividade, em busca de recursos para suprir déficit de produção e crescimento econômico; SASOL: começa a se comparar a IOCs, rompendo fronteiras do país; Ecopetrol: mais ou menos obrigada a mudar seus rumos, devido à criação de agência controladora.
IOCs trabalham e terão que continuar trabalhando com NOCs, entendendo suas diferenças, de local para local. NOCs discutem no momento que tipo de governança têm nos seus domínios, a separação clara entre Governo e NOC, é importante que fique claro quem faz o quê, quem tem a propriedade dos direitos, quem opera, quem regula, quem é o link com IOCs, quem estabelece políticas, enfim, a IOC tem que saber em que ambiente está vivendo. 
NOCs procuram IOCs em busca de suporte financeiro, transferência de tecnologia (crítico e difícil), habilidades de gerenciamento e recentemente, competência no mercado de gás.
Os desafios mais comumente enfrentados têm sido a luta contra a corrupção, a busca de um desenvolvimento sustentável e a exigência de conteúdo local nos projetos de desenvolvimento.

Gas in the Energy Mix
by Andy Flower
Antes de Andy, um outro palestrante falou sobre GTL no Qatar, mas foi tão infeliz que não perderei tempo com ele. Ademais, as informações de Andy sobre o mesmo assunto são bem mais interessantes.
Do início da indústria, em que a descoberta de gás era vista como fracasso, pois teria que pensar no que se fazer, até hoje, a importância do gás na matriz energética do planeta cresceu muito. As reservas de gás sobem num ritmo maior, têm um RP bem maior, é energia limpa, mais eficiente que óleo e carvão (poder de transformação em energia); além disso, as reservas estão acessíveis a boa parte dos grandes mercados. Mas, não é sempre! Há ainda muito gás em regiões longínquas dos mercados consumidores. Gás é difícil de transportar, este é o maior desafio!
       O melhor produto da palestra foi um gráfico indicativo do custo de transporte de gás do poço ao posto. 
   O LNG exige grande investimento inicial, planta de liquefação aqui e re-gaseificação lá, só é competitivo para grandes distâncias, pois o custo por km é mínimo, e o transporte tradicional (gasodutos) fica inviável. Acima de tudo isso, navegando em mar de almirante, vem o óleo, magnanimamente competitivo, difícil competir com um meio que não exige investimento inicial, geralmente, e tem custo unitário baixo. Por isso, óleo é uma commodity, com preço globalizado dependendo apenas de qualidade e distâncias e gás tem preço localmente estabelecido, contrato a contrato, fora o mercado americano, muito dinâmico. O óleo é 62% comercializado internacionalmente, enquanto o gás, apenas 25%, face ao acima exposto.
Alguns detalhes do processo de liquefação: remoção de condensados e impurezas (CO2, água, mercúrio, H2S) e redução de temperatura a 161 graus Celsius, sem compressão, produto estocado em tanques isolados termicamente, mas não perfeitos: no transporte, perde 0.15% em volume por dia, que é usado como gás combustível no próprio navio. Na chegada, na planta de re-gaseificação, temperatura volta ao normal.Os navios podem ter aquela cara cheia de esferas (tecnologia francesa Kværner Moss) ou ser do tipo membrana que tem uma cara comum: dos 175 navios em operação, metade é membrana, dos 111 encomendados, 80% são do tipo membrana, pois custam um pouco menos no transporte, principalmente ao passar no Canal de Suez.
A demanda de LNG, de 132 milhões de toneladas em 2004 deve crescer para 220 mton em 2008 e 400 mton em 2020. Maiores exportadores no momento são Indonésia, Malásia, Argélia e Qatar. Maiores consumidores: Japão (40%!!!), Coréia, USA, Europa).
O GTL, ao contrário do LNG (que só resfria e esquenta o gás), modifica a composição química do gás e o transforma em líquidos: Naphtha e Diesel de alto valor. A tecnologia utilizada é alemã e foi inventada nos anos 40’s, e chama-se Fischer Tropsch. O custo da planta é maior, $500/ tonelada por ano, em comparação ao LNG, de $200, em compensação, por não requerer navios especiais, o transporte é mais barato (um navio de LNG de 135.000 m3 custa US$ 210 milhões, enquanto um tanker comum, da ordem de US$ 55 milhões).

Health and Safety
Andrew Andamczyk
Este especialista da Dupont discorreu sobre segurança. Comentou que, ainda hoje, 2 milhões de pessoas morrem anualmente no mundo, em decorrência de acidentes de trabalho ou por doenças relativas ao trabalho. Achei impossível. Estima-se que 4.5% do GDP mundial se esvaem devido ao mau gerenciamento da segurança. Apresentou a pirâmide dos acidentes: 30.000 atos inseguros podem causar 3.000 cuasi-acidentes, levando a 300 ocorrências de ferimentos, 30 acidentes graves, e 1 fatalidade, mais ou menos esta é a proporção. O objetivo das normas de segurança seria atacar a base da pirâmide, caminhando na direção da fatalidade zero. A grande maioria (96%) das causas de acidentes recai no comportamento das pessoas, apenas 4% são causados por más-condições de segurança.
O momento mais interessante foi uma prática de classe em que ficou claro que as pessoas têm uma idéia equivocada sobre responsabilidade. Apresentaram-se situações e perguntava-se quem seria o responsável pela ação corretiva: nós mesmos, nosso chefe ou “o pessoal da segurança”. Invariavelmente, a maioria das respostas era a última opção só que a boa norma manda que na verdade, o “pessoal da segurança” tem apenas que ditar normas e conferir que sejam cumpridas. Muitas vezes em que ficamos, comodamente, esperando alguém agir, na verdade caberia a nós mesmos fazê-lo.
As Crenças e Princípios da boa gestão de segurança: qualquer acidente pode ser prevenido, prevenção é responsabilidade dos gerentes, auditorias gerencias são essenciais, o envolvimento do empregado é essencial, trabalhar com segurança é condição de emprego, treinamento em segurança é essencial.

An Introduction to the International Oil and Gás Business
Paul Steven
Paul é renomado professor da Universidade de Dundee, no Centre for Energy, Petroleum and Mineral Law and Policy. Discorreu sobre a história da indústria de óleo e gás.
Apresentou o conceito de “Feast or Famine”, que caracteriza nossa indústria, mais ou menos a história das vacas gordas e das vacas magras, o vai-e-vem, o seu caráter cíclico. Isto faz com que os preços sejam extremamente voláteis. E os custos também: exemplificou com um gráfico sobre custo de frete de tankers, que ultimamente está nas alturas, entre 50 e 70 mil dólares por dia, acompanhando o preço do produto.
O conceito de integração vertical sagra pela indústria ao longo da sua história, de variadas formas, migrando ciclicamente de um tipo para o outro. Uma companhia com integração vertical operacional (IVO), produz petróleo, vende para suas próprias refinarias, que vende os derivados para sua própria rede de distribuição; uma companhia pode ter integração vertical, mas não operacional, apenas financeira, estando presente em todos os segmentos da indústria, porém, buscando os mercados para comercializar seus produtos, tanto o petróleo cru, como os derivados.
Apresentou os ciclos dos 2 tipos de verticalização, viciosos ou virtuosos;
  • Operacional: i. Pequeno número de transações Arms-Length, causando falta de transparência, poucos contratos de longo prazo e ausência de mercados de papéis, levando a ii. mercados restritos e ineficientes; com iii. altos custos de transações de mercados, que inibe a competição, mascara resultados fiscais, restringe a informação, levando a que iv. todos usem IVO, daí i. 
  • Financeira: i. Grande número de transações Arms-Length, propiciando grande transparência, muitos contratos de longo prazo e crescimento dos mercados de papéis, levando a ii. mercados abrangentes e eficientes; com iii. baixos custos de transações de mercados, que incentiva a entrada de outros atores, reduz possibilidade de fraudes fiscais, liberando informação, levando a que iv. poucos usem integração vertical operacional daí i. 

Apesar de aparentemente se tratarem de ciclos fechados, a indústria migra de uma fase de muita IVO para outra de pouca IVO e, na verdade, há companhias dos 2 tipos sagrando pelos mares do petróleo.
Passou depois a elaborar sobre o caráter global do mercado de óleo: o fato de o óleo poder se transportado facilmente, faz com que os fornecedores mudem de local de venda, dependendo do preço que oferecem, claro que dependendo dos custos necessários para tal mudança. As vantagens principais do óleo: apresenta economias de escala e guarda grande conteúdo de energia, quando comparado a demais combustíveis.
Várias são as razões para o preço elevado de óleo no momento, temor de escassez, demanda inesperada, baixos estoques, desempenho pobre dos países não OPEP. Até psicologicamente, há contribuições: o alto preço da gasolina nos USA, causado por restrições das refinarias, portanto, é o sentido inverso do que se acha. Os traders ficam assustados e acabam puxando o preço para cima. 
Há sinais cíclicos que impelem para o alto (criação de estoque estratégico, acompanhamento da tendência do GDP,  preocupações quanto à produção russa, o fator China), mas, também, há claros sinais de mudança estrutural, como a desvalorização do dólar, as pressões orçamentárias, a política das IOCs de repagar os investidores ao invés de reinvestir, falta de investimento das NOCs (na seu eterno dilema de ser ou não ser agente da causa social de seus países), o retorno das faixas de preços da OPEC.
Segundo Dr. Stevens, tudo isto leva a crer que a elasticidade dos preços de petróleo mudou. Segundo ele, ainda há a ameaça de um novo choque e os próximos 5 a 10 anos serão comandados por preços maiores que 35 Usd/bbl.

Gerenciamento Inter-pessoal
Mark voltou a comandar o show e apresentou algumas técnicas de como avaliar seu chefe e seu subordinado, quando é bom centralizar ao invés de delegar, dependendo do perfil de seu funcionário, como requisitar coisas a seu chefe e outras técnicas, que prefiro guardar para mim,  para usar quando necessário. (hehehe)
           
                                   

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