Há quase 10 anos, Renata Ventura lançava seu primeiro livro, A Arma Escarlate, e dizia:
A NOTA DA AUTORA:
Em uma entrevista com J.K. Rowling, autora da série Harry Potter, um fã norte-americano lhe perguntou se ela algum dia escreveria um livro sobre uma escola de bruxaria nos Estados Unidos. Ela respondeu que não,
“… mas fique à vontade para escrever o seu.”
Sentindo-me autorizada pela própria Sra. Rowling, resolvi aceitar o desafio: Como seria uma escola de bruxaria no Brasil? Especificamente para este primeiro livro, como seria uma escola de bruxaria no Rio de Janeiro?
Certamente não tão completa, nem tão perfeita, quanto uma escola britânica. Talvez ocorressem algumas falcatruas aqui, outras maracutaias ali… certamente trabalhariam nela alguns professores geniais, porém mal pagos. Com certeza não seria em um castelo. Faltaria verba para tanto. Mas, quem sabe, dentro de uma montanha. Há centenas no Rio de Janeiro. Algumas bem famosas.
Como um bom brasileiro, Hugo, meu personagem principal, também não seria tão certinho quanto Harry. Nem tão ingênuo a respeito das realidades duras da vida. Órfão? Não. Filho de mãe solteira e pai sumido; como tantos que moram nas comunidades pobres da Cidade Maravilhosa. Esperto, arisco, inseguro, amedrontado até, mas se fingindo de forte, para sobreviver.
Essa era a ideia básica, mas que depois cresceu e tomou uma proporção muito maior do que eu jamais imaginara. Os personagens foram ganhando vida própria, personalidade… até saírem completamente de meu controle.
Às vezes, ao longo da escrita, eu chegava a me surpreender com algumas de suas reações; completamente alheias ao que eu havia planejado, mas que combinavam perfeitamente com quem eles eram.
Até que chegou um dia em que eu, morrendo de rir do absurdo que eu mesma acabara de escrever, parei tudo e liguei para um de meus melhores amigos, perguntando: “E agora, o que eu faço? Como tiro Hugo dessa enrascada em que ele acabou de se meter por causa da língua afiada dele?"
Meu amigo, confuso, perguntou: “Você não pode simplesmente mudar o que ele disse?”
“Não! Não posso! Ele não responderia de nenhuma outra forma.”
“Ué, por que não?”
Porque ele é o Hugo! E o Hugo é indomável.
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Hoje, 3 livros e 2.000 páginas depois, veja como está o relacionamento dela com seu protagonista Hugo Escarlate!
“Estou apaixonada pelo Hugo! Sério! Finalmente! Já estava gostando cada vez mais dele ao longo dos livros, ao longo do caminho que eu ia descobrindo ser o caminho dele, vendo o crescimento de meu protagonista, as mudanças em seu olhar do mundo, em seu entendimento de si próprio, as características escondidas da personalidade dele, que eu e ele íamos descobrindo juntos, à medida que ele amadurecia... Porque é isso: mesmo eu, como autora, vou descobrindo meu personagem! Vou descobrindo a força dele na mesma medida em que ele próprio vai se descobrindo, e estou achando isso lindo; estou achando ELE lindo.Eu me lembro que, no início, quando lancei "A Arma Escarlate", eu costumava brincar, nas entrevistas, que "ainda bem" que eu não conhecia pessoalmente alguém como Hugo (me referindo ao temperamento dele no início da série kkk). Hoje sei que, mesmo eu, naquele tempo, não o conhecia inteiramente; ainda estava aprendendo a descobrir quem ele era. Hoje, estou apaixonada pelo Hugo de agora e igualmente apaixonada pelo Hugo que estava lá no primeiro livro, aprendendo a ser bruxo, descobrindo suas raízes, descobrindo a si mesmo, e estou apaixonada pela jornada pessoal que ele está fazendo.Quero muito terminar de contá-la a vocês. O mais depressa possível!Faltam dois livros...”
Na foto, ela com sua obra!
Caro Homerix,
ResponderExcluirComo você sabe, sou um escritor menor, mas já escrevi três romances e um livro de contos. E o que a Renata diz é a mais absoluta verdade. Depois que os criamos, nossos personagens ganham vida e vontade. e passam a ser donos de seus destinos. Ai do escritor que tente contrariar seu personagem...
Parabéns, Renata! Eu tenho histórias anotadas mas não concluo mais que 10 capítulos... Devo insistir?
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