A descrição de um certo governante romano do começo dos tempos.
Uma aula de Latim!
Qualquer semelhança é mera coincidência...
"E porque nascera de gente pobre
(proletarii), odiava a gente pobre, para que não o confundissem com seu
passado;
E porque fora repudiado pela gente
remediada (plebei), odiava a gente remediada e punia-a com pesados impostos
(gravibus tributa) e perda de direitos (detrimentum iurim);
E porque fora ridicularizado pela gente
rica (patricii), adulava a gente rica, porque queria ser como eles.
E porque, soldado medíocre (miles
mediocriter), fora desligado das legiões militares (legionibus militum), odiava
os militares e tudo fazia para humilhá-los em público;
E porque, despido de inteligência (ingenio
exuti), fora desmerecido pelos companheiros (comitibus), odiava as ciências, as
matemáticas, as letras, as artes, a filosofia;
E porque, filho de estrangeiro (peregrino
filius), fora tratado com desdém (in fastu negas), odiava os estrangeiros,
sobretudo os africanos (Africani) e os nativos (nativus).
E porque, mau amante (malum amans), fora
repelido pelas mulheres, odiava as mulheres e incentivava a crueldade contra
elas; E porque, inseguro de sua virilidade (virilitatem), odiava e perseguia
todos aqueles que praticavam amores não convencionais (amet ligula);
E porque, inseguro de sua virilidade
(virilitatem), odiava e perseguia todos aqueles que praticavam amores não
convencionais (amet ligula);... –
E porque, possuído de espírito bélico
(spiritus bellum), lançou suas milícias (militias) contra o povo;
E porque, sacrificando a todos os deuses
(sacrifice omnibus diis), menosprezava cada um deles;
E, porque odiasse o gênero humano
(homines), nos legou a tirania (tyrannide), a violência (violentiam), a peste
(pestis), a guerra (bellum);
E porque, pretendendo desprezar a morte,
desprezava na verdade a vida. Ó, deuses, lançai línguas de fogo (lingua ignis)
sobre o Inominável (Innominabile) e seus seguidores (sectatores) para dizimar todos
aqueles que,
ressentidos, pregam o ódio;
arrogantes, exaltam a ignorância;
estúpidos, vangloriam a força física;...
Pois nada mais grave que a ignorância
arrogante de um estúpido que, ressentido, prega o ódio entre seus
semelhantes...
Gostei. E muito. Mas seria importante saber de quem é o texto e quando foi escrito.
ResponderExcluirAchei alguma coisa. Essa alocução, atribuída a Quintus Severus Lauriacum, e datada de fins do século 1 ou começo do século 2, encontrada na seção de manuscritos do Museu do Vaticano em 1948, provavelmente refere-se a um cônsul que administrava alguma província do Império Romano – acredita-se que Nórica ou Rétia. O Autor, de quem nada sabemos, lamenta a gestão obscurantista e totalitária do governante, cujo nome se perdeu no tempo, e que o documento, incompleto, não revela. Abaixo, transcrevo o trecho que sobreviveu, cuja tradução deve-se ao grande latinista, padre Antônio Queiroga da Silva (1893-1961), publicado na antologia Codice Hieronymianumb (Petrópolis: Vozes, 1960, p. 123-125).
ResponderExcluirAcho importante para que não pensem que se trata de texto feito agora por um desconhecido pensando de fato no que nos acontece no momento para que pensem ser algo antigo. Continua de autor desconhecido mas agora sabemos que não é fake. A única diferença está no trato com os militares. Ele não faz de tudo para humilhá-los...Na verdade ele chama os militares para todos os cargos possíveis. No mais é exatamente igual. Agradeço pelo compartilhamento.