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sábado, 30 de janeiro de 2021

Uma inspiração?

A descrição de um certo governante romano do começo dos tempos.

Uma aula de Latim!

Qualquer semelhança é mera coincidência...


"E porque nascera de gente pobre (proletarii), odiava a gente pobre, para que não o confundissem com seu passado;

E porque fora repudiado pela gente remediada (plebei), odiava a gente remediada e punia-a com pesados impostos (gravibus tributa) e perda de direitos (detrimentum iurim);

E porque fora ridicularizado pela gente rica (patricii), adulava a gente rica, porque queria ser como eles.

E porque, soldado medíocre (miles mediocriter), fora desligado das legiões militares (legionibus militum), odiava os militares e tudo fazia para humilhá-los em público;

E porque, despido de inteligência (ingenio exuti), fora desmerecido pelos companheiros (comitibus), odiava as ciências, as matemáticas, as letras, as artes, a filosofia;

E porque, filho de estrangeiro (peregrino filius), fora tratado com desdém (in fastu negas), odiava os estrangeiros, sobretudo os africanos (Africani) e os nativos (nativus).

E porque, mau amante (malum amans), fora repelido pelas mulheres, odiava as mulheres e incentivava a crueldade contra elas; E porque, inseguro de sua virilidade (virilitatem), odiava e perseguia todos aqueles que praticavam amores não convencionais (amet ligula);

E porque, inseguro de sua virilidade (virilitatem), odiava e perseguia todos aqueles que praticavam amores não convencionais (amet ligula);... –

E porque, possuído de espírito bélico (spiritus bellum), lançou suas milícias (militias) contra o povo;

E porque, sacrificando a todos os deuses (sacrifice omnibus diis), menosprezava cada um deles;

E, porque odiasse o gênero humano (homines), nos legou a tirania (tyrannide), a violência (violentiam), a peste (pestis), a guerra (bellum);

E porque, pretendendo desprezar a morte, desprezava na verdade a vida. Ó, deuses, lançai línguas de fogo (lingua ignis) sobre o Inominável (Innominabile) e seus seguidores (sectatores) para dizimar todos aqueles que,

ressentidos, pregam o ódio;

arrogantes, exaltam a ignorância;

estúpidos, vangloriam a força física;...

Pois nada mais grave que a ignorância arrogante de um estúpido que, ressentido, prega o ódio entre seus semelhantes...

2 comentários:

  1. Gostei. E muito. Mas seria importante saber de quem é o texto e quando foi escrito.

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  2. Achei alguma coisa. Essa alocução, atribuída a Quintus Severus Lauriacum, e datada de fins do século 1 ou começo do século 2, encontrada na seção de manuscritos do Museu do Vaticano em 1948, provavelmente refere-se a um cônsul que administrava alguma província do Império Romano – acredita-se que Nórica ou Rétia. O Autor, de quem nada sabemos, lamenta a gestão obscurantista e totalitária do governante, cujo nome se perdeu no tempo, e que o documento, incompleto, não revela. Abaixo, transcrevo o trecho que sobreviveu, cuja tradução deve-se ao grande latinista, padre Antônio Queiroga da Silva (1893-1961), publicado na antologia Codice Hieronymianumb (Petrópolis: Vozes, 1960, p. 123-125).

    Acho importante para que não pensem que se trata de texto feito agora por um desconhecido pensando de fato no que nos acontece no momento para que pensem ser algo antigo. Continua de autor desconhecido mas agora sabemos que não é fake. A única diferença está no trato com os militares. Ele não faz de tudo para humilhá-los...Na verdade ele chama os militares para todos os cargos possíveis. No mais é exatamente igual. Agradeço pelo compartilhamento.

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