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sábado, 9 de janeiro de 2021

Rubber Soul - Recepção e Legado

             Capítulo 41

Esta é minha saga  

O Universo das Canções dos Beatles


Todos os Capítulos têm acesso neste LINK 

O cenário para o 6° LP e o que aconteceu nos quatro meses que separaram seu lançamento do LP anterior está aqui neste LINK

Os assuntos tratados em Rubber Soul estão detalhados aqui neste LINK 

As análises das 14 canções estão compiladas aqui neste LINK

Abaixo, desenvolvo a 'pós-venda' seu lançamento, recepção e legado.

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O título do segundo álbum Beatle de 1965 veio de uma ideia de Paul, como muitas viriam a partir daquele ano.  Foi consequência de dois eventos: (i) as influências musicais dos Beatles vinham em parte do Soul e do Folk americano, sendo Bob Dylan seu baluarte, que ‘estendiam’ para além do Good Old Rock, depois (ii) juntou-se à receita a declaração de um articulista que definiu o som de seus rivais, ao mesmo tempo amigos, Rolling Stones, mais especificamente o estilo de Mick Jaegger cantar, como Plastic Soul, e Paul pensou que a alma da música que eles haviam feito para o álbum era bem mais, era mais ‘estendida’, uma Alma de Borracha!

A arte da capa não poderia ser mais adequada, se bem que aquele efeito meio deformado veio meio que por acaso, na sessão de fotos nos jardins da mansão de Lennon em Weybridge, quando Robert Freeman, que fora o fotógrafo responsável por suas últimas quatro capas de LPs, acidentalmente projetou a imagem deles sobre uma cartolina num certo ângulo, só que os Beatles estavam atentos ao ‘acidente’ e pediram: ‘Faz assim!’. Aquela seria a última contribuição do fotógrafo para os Beatles, não sei se porque a arte do disco seguinte foi tão arrebatadora, ou porque dizia-se, na 'arraia-miúda', gente que não tinha o que fazer, que John teria um caso com a esposa dele, uma loura norueguesa que inclusive teria inspirado Norwegian Wood, ai ai ai aqueles tempos de relacionamento aberto, aquele poder dos rapazes que estavam no topo do mundo, enfim, rumores, não mais que rumores. A ‘fonte’ das letras foi obra de um artista gráfico Charles Front, naturalmente inspirado no caráter emborrachado do momento, e acabou se tornando um marco do movimento psicodélico. Foi o primeiro álbum em que os Beatles conseguiram não colocar o próprio nome na capa, coisa que já queriam fazer há dois álbuns, mas eram impedidos pela direção da EMI. Já tinham nome e imagem suficiente para o efeito.  

Rubber Soul foi lançado em 3 de dezembro, juntamente com um compacto que tinha dois Lados A, Day Tripper e We Can Work it Out, canções que serão analisadas por este articulista quando esmiuçar o LP Past Masters #2.

Rubber Soul era uma obra de arte, muito à frente em relação ao que eles fizeram até então, mais que isso, em relação a tudo o que se produzia na época na música pop. A influência nas demais bandas foi enorme, os Rolling Stones se esforçaram para lançar seu primeiro álbum de originais, Aftermath. Brian Wilson dos Beach Boys disse que tentaria superar Rubber Soul com seu projeto Pet Sounds (não conseguiu, minha humilde opinião!). Pete Townsend, do The Who, e Lou Reed, do Velvet Undeground, declararam sua admiração e inspiração. 

A dedicação que os Beatles tiveram, de seis semanas sem compromissos de shows, entrevistas, TV, viagens, depois a imersão em estúdio, com muitas sessões indo quase à manhã seguinte, apostando em novos instrumentos, como cítara, pedais, teclados, harmonium, e percussões tão inovadoras como uma caixa de fósforos, variações em tempo e em harmonia vocal nunca vistas,  embalando ritmos variados que iam do pop ao barroco, ao folk, ao country, passando pelo gospel, e até pela balada francesa, emoldurando letras adultas, com amplitude bem acima do tradicional relacionamento garoto-garota, um amálgama de inovações que fizeram-no um sucesso de crítica e de público. Se a escala era até 10, Rubber Soul ganhava 9 ou 10,  se era até 5, 4 ou 5, se era graduação letrada, sempre A ou A+. Migrou instantaneamente para a lista dos melhores álbuns de todos os tempos, e segue lá até hoje. Em vendas, ficou mais de 40 semanas na parada britânica, maior parte delas no topo, desbancando The Sound Of Music. Aliás, Rubber Soul foi o 3°LP mais vendido de 1965, atrás de Sound of Music e Beatles for Sale, e o 3°LP mais vendido de 1966, atrás de Revolver (também deles) e de The Sound Of Music. Com certeza, caso adotassem a média móvel de 12 meses, começando em dezembro de 1965, Rubber Soul estaria no topo. Note que HELP! não entrou no pódium! 

Nos Estados Unidos, aquela salada da Capitol Records, Rubber Soul tinha apenas 10 das 14 canções do original! Cometeram a heresia de tirar If I Needed Someone, Drive My Car, Nowhere Man e What Goes On, e para completar o pecado, os Lados A e B abriam com canções de HELP!, I’ve Just Seen a Face e It’s Only Love!! Nada contra as duas belas canções, mas é uma quebra de unidade imperdoável! E a coisa fica mais estranha pois duas das excluídas (Nowhere Man e If I Needed Someone) foram as únicas de Rubber Soul que os Beatles tocaram nos shows ao vivo. Bem, essa zorra toda não impediu que Rubber Soul ficasse muito tempo no topo das paradas, assim como os compactos lançados com suas canções, e assim como covers de várias canções dos álbuns, de outros artistas, também atingissem o estrelato. Um sucesso absoluto.

Felizmente no Brasil optaram pelo formato oficial britânico. 

Vou finalizar com declarações dos principais atores dessa obra de arte sobre a obra de arte chamada Rubber Soul.

George Martin
“I think Rubber Soul was the first of the albums that presented a new Beatles to the world. Up to this point, we had been making albums that were rather like a collection of their singles …We new we were making a great album!”
Ringo Starr
"Rubber Soul was the departure record. It made us expand in all areas of our lives, opening up to a lot of different attitudes."
George Harrison
"Rubber Soul was my favourite Beatles album. We did spend more time on it and tried new things. But the most important thing about it was that we were suddenly hearing sounds that we weren't able to hear before."
Paul McCartney
“People have always wanted us to stay the same, but we can't stay in a rut. No one else expects to hit a peak at 23 and never develop, so why should we? Rubber Soul for me is the beginning of my adult life.”
John Lennon
“You don’t know us if you don’t know Rubber Soul”

Bem, prontos estamos para mais uma Revolução, que se chama
REVOLVER!!
Aliás, se levarmos em conta o que disse Ringo, 
se Rubber Soul era o Disco de Partida, 
Revolver seria o próximo estágio da viagem, 
e depois viriam Sgt. Peppers e outros, 
até Abbey Road, o Disco de Chegada, 
na estratosfera estelar, um ponto final, 
da viagem, do sonho! 


4 comentários:

  1. Excelente fechamento e que venha a próxima viagem

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  2. Excelente artigo. Nota 1000 (de zero a mil).

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  3. Maravilha Homerix. Aqui você faz um excelente fechamento para todas as informações anteriormente prestadas sobre esse belíssimo álbum dos nossos ídolos.

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  4. Como eu já havia dito:
    Primeiro disco ADULTO dos Beatles
    Como Paul também achou

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