Capítulo 42
Esta é minha saga
O Universo das Canções dos Beatles
Todos os Capítulos têm acesso neste LINK
Este capítulo fala sobre Revolver, o 7° LP dos Beatles
Aqui neste LINK, o cenário sua criação
Aqui neste LINK, os assuntos tratados nas letras das canções
Aqui neste LINK, as análises das 14 canções
Agora, sua recepção e legado
O Nome
Uma vez terminadas as gravações, os Beatles partiram para uma excursão a Alemanha, Japão e Filipinas, que não foi isenta de incidentes, conforme descrito no cenário.
Várias foram as alternativas. Abracadabra era o preferido, porque foi mágica o que fizeram em estúdio, porém outra banda lançou LP com o mesmo nome. Four Sides on a Circle, Pendulum e Beatles on Safari foram considerados, mas o mais divertido foi sugerido por Ringo, After Geography, em contraposição a Aftermath, dos Rolling Stones, lançado meses antes.
Revolver foi considerado por lembrar o movimento do disco na vitrola mas, pra mim, refere-se mais à Revolução que foi o que aconteceu na música. Decidiram-se por ele no Japão e informaram à EMI por telegrama, coisas da época!
A Capa
É um desenho vanguardista dos quatro Beatles, com Paul de perfil, Ringo olhando pra cima, John de soslaio e apenas George de frente, com suas cabeleiras entremeando colagens de fotos tiradas ao longo dos últimos anos por Robert Freeman, que fora responsável pelas capas de quatros discos anteriores. O artista foi Klaus Voorman, alemão amigo dos Beatles desde os tempos de Hamburgo, também excelente baixista, que participou de gravações da carreira solo dos amigos.
O Lançamento
Em UK, Revolver foi lançado em 5 de agosto de 1966, e seria o único ano da carreira dos Beatles em que lançariam apenas um LP. Três dias depois, seria lançado nos US, porém sem 3 canções de Lennon, aquela política doida da Capitol Records de desmembrar o catálogo original a seu bel prazer, o que os Beatles detestavam. Em compensação, os americanos foram privilegiados por receberem essas 3 canções (Dr. Robert, I'm Only Sleeping, And Your Bird Can Sing) antes dos ingleses, no LP The Beatles Yesterday and Today, lançado em junho, juntamente com canções que haviam ficado de fora dos lançamentos americanos de HELP! e Rubber Soul, e mais Day Tripper e We Can Work It Out, uma verdadeira salada! Bem temperada, mas uma salada!
A confusão era tanta que Revolver, que era o 7° álbum dos Beatles no catálogo original, era o 12° nos Estados Unidos. E a capa original do extemporâneo lançamento certamente não ajudou no cenário de relações públicas em que os Beatles se meteram naquela época. Ela ficou conhecida como The Butcher Cover, veja por quê, ao lado, e toda a vendagem foi recolhida em seguida e trocada pela imagem mais comportada (menor), ficando a original um item de colecionador dos mais cobiçados!
A Recepção
Da crítica? Unânime! "Revolucionário!" O melhor álbum dos Beatles!" até então e assim é até hoje, inclusive rivalizando com Sgt. Pepper's como o melhor de toda a carreira. Eram muitas as revoluções por minuto que o álbum trouxe, letras mais profundas, inúmeros estilos musicais, instrumentos incomuns num lançamento pop (tabla, tambura, trompa, naipe de metais, octeto de cordas, além de todos os sons de Yellow Submarine), técnicas de estúdio (ADT, varyspeed, tape loops, reversão, microfonagem próxima, compressão de som, Leslie speaker em voz e bateria), tudo isso foi notado e muito bem recebido, e muito bem copiado por outras bandas e outros estúdios.
De público? Não 100%!! Quer dizer, não que o álbum não tenha atingido os píncaros das paradas em todo o mundo, porque chegou lá e ficou por muito tempo. Ocorre é que nos Estados Unidos, além da cara feia com que a capa de Yesterday and Today foi recebida, aquela entrevista de John ao Evening Standard lá de março, em que John disse que os Beatles eram mais populares que Jesus foi apresentada em uma revista americana bem na época do lançamento. As rádios do meio-oeste conservador fizeram boicote, e houve cidades em que foram promovidas queimas em praça pública de discos dos Beatles. O clima ficou tenso na excursão americana que empreenderam logo após o lançamento. John teve que se retratar, eles foram algo como perdoados mas tiveram redução de público nos locais de show. Ringo, como sempre bem humorado acabou levando para o lado prático: "Queimaram os discos? Melhor, porque vão comprar tudo novamente quando passar!" E foi verdade!
O fato é que aquele clima, que os fizeram temer por sua integridade física, mais os acontecimentos de Japão e Filipinas, mais a péssima qualidade de som nos estádios em que se apresentavam, acabaram por precipitar uma importante decisão. No voo de volta de San Francisco, após o último show da excursão, em Candlestick Park, em 26 de agosto de 1966, foi George quem propôs: "No more tours!" E os outros concordaram!
Era o fim de uma era!
E o começo de outra!
Sgt. Pepper's vinha aí!
Passagens controversas com resultados danosos para esses grandes ídolos musicais. Também ninguém é perfeito de forma que a infeliz declaração de John e o péssimo gosto da capa de disco dos "açougueiros de crianças" foram deslizes que refletem mais do que pura ironia, mas um negativo excesso de confiança nas iniciativas de "causar". Felizmente o tempo é o melhor remédio para a superação dos reveses da vida e eles precisaram de pouco tempo para isso.
ResponderExcluirMuito bom !
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