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domingo, 23 de agosto de 2020

Beatles Recording Sessions

Quando me perguntaram sobre a lista dos melhores livros que li na vida, listei facilmente.

A ordem é alfabética, não de preferência!

Cem Anos de Solidão (Gabriel Garcia Marquez)

The Prize (Daniel Yergin)

Os nomes em vermelho têm resenha disponível no blog.

Muitos foram os candidatos ao quinto, mas escolhi um que representa um fenômeno que me acompanha desde criança, e que merecia estar presente numa lista dessas de minha pessoa, nesta passagem pela Terra

O fenômeno é The Beatles!

O livro escolhido poderia ser a biografia deles, escrita por Bob Spitz, e ele tem predicados pra o posto (além de substantivos, adjetivo, advérbios, numerais, veja aqui neste LINK, porque eu falei dessas classes gramaticais), só que escolhi um outro, pela importância que teve na minha admiração pela maior banda de todos os pontos. Ele a levou a um nível exponencial, porque a passou da paixão para a razão. E foi primeiro livro que li sobre eles! 

Complete "Beatles" Recording Sessions: The Official Story of the ...
Ele se chama 
The Complete Beatles Recording Sessions,
escrito por Mark Lewisohn, que teve acesso liberado aos arquivos da EMI e fez um trabalho excepcional! 

Eu o comprei numa viagem a Londres em 1990, e como diz o nome, conta detalhes de cada uma das vezes em que os Beatles pisaram nos estúdios da EMI, na famosa Abbey Road, na época, apenas uma rua tranquila de subúrbio londrino.

O livro tem um formato diferente, é quadrado e grande, o que foi necessário para concentrar visualmente tanta informação, entre texto e imagens, de fichas de estúdio, com detalhes técnicos, fotos incríveis dos quatro trabalhando, do maestro George Martin, dos engenheiros de som, e as histórias envolvidas nas gravações de mais de 250 canções, entre setembro de 1962 e abril de 1970, a primeira e última vezes em que os Beatles pisaram aquele solo sagrado para criar, revolucionar, encantar.

Não fosse esse livro, eu não saberia
    7

  1. Dos detalhes da troca de baterista logo na primeira canção, porque George Martin não sabia se os Beatles viriam com um novo baterista, e acabou contratando um músico de estúdio, para decepção de Ringo, que há pouco havia entrado na banda. Felizmente, gravaram de novo com ele, e essa versão esteve no primeiro compacto, que mostrou os Beatles ao mundo. A versão com Andy White foi a que está no primeiro álbum, Please Please Me;
  2. Da loucura que foi o dia de gravação desse primeiro LP, um famoso 11 de fevereiro de 1963, em que os Beatles conseguiram gravar em pouco mais de 9 horas, 11 canções, e ainda conseguindo na última, tarde da noite, um excepcional vocal de John Lennon, para a cover Twist and Shout, em um único take, um desempenho que espanta a todos até hoje. Ele tomou mais uma dose de leite, que acreditava-se, aliviava a garganta, mas a voz quase não saiu. Não precisava!! (falei sobre aquele dia aqui neste LINK);
  3. Das novas técnicas de gravação inventadas no estúdio, sob encomenda dos Beatles e atendidas pelo brilhantismo dos engenheiros e técnicos da EMI, das quais destaco aqui apenas uma: o ADT – Authomatic Double Tracking! John estava cansado de ‘dobrar’ o vocal de seus ‘lead vocals’, ou seja, de gravar o mesmo vocal por cima de um já gravado, prática comum para o efeito de ‘encher’ o som. Só que nem sempre o vocal vinha exatamente igual, ou com as diferenças aceitáveis, e era necessária uma terceira ou quarta gravação. Para tanto, foi criado o dispositivo, que impregnava ao vocal gravado, uma segunda gravação com um delay (atraso) de milissegundos, provocando aquele mesmo efeito de ter DOIS John’s cantando!! Foi na época de do LP Revolver (falei sobre o ADT aqui neste LINK);
  4. Que Tomorrow Never Knows, em verdade, tinha ‘The Void’ como título de trabalho, ou ainda 'Mark 1', naquele mesmo LP, e das diversas novidades que foram inventadas, uma delas para fazer parecer que a voz de John parecesse a de um monge, cantando no alto do Tibet, e do episódio de John sumindo do estúdio, sendo encontrado depois, no terraço do último andar, na beira da mureta, imaginando como seria bom voar, como lhe mandava o cérebro alterado pelo LSD. (falei sobre esse episódio aqui neste LINK);
  5. Dos detalhes da gravação de A Day In The Life, quando Paul, todo poderoso, tomou à frente de uma orquestra de 41 músicos, comandando aquele crescendo sensacional que inesquecibiliza a inesquecível transição entre os vocais de John e Paul, e que é repetido ao final, logo antes do MI tocado em QUATRO pianos de cauda, e mais um harmônio, lado a lado, por John, Paul, e George Martin, e o roadie Mal Evans, em uníssono fenomenal, que finaliza o LP Sgt. Peppers de forma estratosfericamente perfeita; (falei sobre essa gravação aqui neste LINK)
  6. Dos detalhes de gravação de All You Need Is Love, que foi transmitida para o MUNDO, na PRIMEIRA transmissão via satélite, da HISTÓRIA, em junho de 1967. (falei sobre essa gravação aqui neste LINK);
  7. Das incríveis manobras para acomodar os desejos de John (novamente) em Being For The Benefit of Mr.Kite como, por exemplo, a procura (mal sucedida) da EMI comprar um órgão de igreja, de mais de 100 anos, para simular o clima de circo da canção, que retratava um cartaz de um espetáculo circense de mil oitocentos e tanto, e também da decisão de pegar um trecho de fita de uns poucos segundos, retalhá-lo em centenas de pedacinhos, colá-los todos novamente, mas de forma aleatória, e tocar para ver como ficou. Aprovado, entrou na gravação. Era 1967, para o álbum Sgt. Peppers. (falei sobre essa gravação aqui neste LINK);
  8. Da INCRÍVEL presença de uma voz brasileira numa canção beatle, Elizabeth Bravo, que fez backing vocal para Across The Universe, num domingo chuvoso e frio de fevereiro de 1968!! (falei sobre essa presença aqui neste LINK

  9. Da canção Not Guilty de George Harrison que teve MAIS DE 100 TAKES de gravação, mas foi rejeitada para inclusão no Álbum Branco de 1968 (falei sobre essa canção aqui neste LINK)
  10. De saber sobre o Projeto Get Back, em janeiro de 1969, que culminou com a última apresentação ao vivo dos Beatles, no terraço do prédio onde ficavam os estúdios da Apple, em Savile Row, para onde eles se 'mudaram', abandonando o solo sagrado de Abbey Road. (falei sobre esse projeto/show aqui neste LINK)

Enfim, gente, vou parar nestes 10 itens, mas houve centenas de outras descobertas oferecidas por esse magnífico livro!

Então, está completa a lista de meus Top Five Books!


Cem Anos de Solidão
The Complete Beatles Recording Sessions
The Prize

3 comentários:

  1. Homero, como voce consegue escolher 5 livros entre os lidos por voce? Eu nao tenho esta possibilidade. Tenho centenas de melhores livros lidos e ultimamente tenho descoberto o prazer de ler novos autores maravilhosos e aih incluo a Renata. Portanto esta eh uma selecao que me recuso a fazer ateh por falta de condicoes e para nao ser injusto com algum grande livro que possa mesmo ter esquecido com o passar de tantos anos. Voce foi corajoso.

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  2. Penso como Gerson...São tantos os livros espetaculares que não tenho como selecionar apenas cinco. Mas gostei da lista dele, porque não conheço todos, e vou buscar por eles.

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