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sábado, 8 de fevereiro de 2020

O pintor Irlandês

Alerta preliminar: usarei trema para sempre!
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Alerta 2: Outras NOVE resenhas e causos do Oscar, neste link
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Enfrentei hoje o desafio de ficar 3 horas e meia para assistir a um filme, mais precisamente 3:29 horas. Estava enrolando, e finalmente decidi que não tinha sentido ver a cerimônia do Oscar sem ter visto um filme com 10 indicações! Inda mais nem precisando sair de casa! Era na NetFlix, com pipoca e cafezinho fresquinhos! Valeu a pena!

O time era fantástico, do diretor Martin Scorcese, que adooora fazer filmes longos, é só lembrar de 'Casino' e 'O Lobo de Wall Street', com 3 horas cada um e 'Gangs of New York', com quase. Agora ele arrepiou! Ele sonhava há tempos levar para a telona o livro 'Heard You Paint Houses', sobre uma possível conclusão de um caso enormemente conotoso da história americana, ao time de atores que ele escolheu, a começar pelo papel-título, o Irlandês Frank Sheeran, que era ninguém menos que Robert de Niro, para o papel do maior líder sindical americano, Jimmy Hoffa ninguém menos que Al Pacino, e para o papel do mangangão da máfia Russell Bufalino, ninguém menos que Joe Pesci, aliás, sabe-se que foram necessárias 50 conversas dos 4 citados para convencer o velho ator a sair de sua aposentadoria. Que bom que ele aceitou! De quebra, chamaram o ótimo Harvey Keitel para fazer um papel pequeno, de um gângster conhecido, Angelo Bruno. De Niro tem longo relacionamento com Scorcese (é o nono filme), Joe Pesci trabalhou com De Niro e Scorcese em três filmes ('Casino', 'Bons Companheiros' e 'Touro Indomável', e Al Pacino foi filho de De Niro em 'Godfather II', em flashbacks, claro. Incrivelmente é a primeira vez que Pacino e Scorcese trabalham juntos, mesmo com a admiração de ambos por filmes de Máfia!

Resumindo, o enredo conta 30 anos da história do relacionamento entre Frank e Russ, desde que o primeiro era um entregador de carne já meio corrupto que vira um pintador de casas para Russ (vocês verão o que significa realmente essa profissão logo no começo do filme), até que este indica Frank para exercer a mesma atividade para Jimmy Hoffa, o super-poderoso líder do Sindicato dos Caminhoneiros dos Estados Unidos. O enredo sugere um fim para o líder sindical, embora, até hoje várias pessoas se apresentaram como perpetrantes, mas oficialmente ele ainda é considerado desaparecido, caso inconclusivo. A história é narrada por um Frank idoso, numa cadeira de rodas num asilo, portanto ficamos sabendo que ele não morre, logo de cara, e se utiliza de flashbacks constantes, até as coisas se entrelaçarem em um determinado ponto. Esperem ótima reconstituição de épocas, carros antigos, sotaque italiano, surras, estrangulamentos e tiros na cara, se você se incomoda com isso, nem comece!

A produção usa a técnica do de-aging, um rejuvenescimento digital para fazer com que pudessem usar os mesmos atores o tempo todo. É uma técnica caríssima, que elevou em 20 milhões o orçamento original, mas fez com que fosse garantida a indicação ao Oscar de Maquiagem e Penteado. Entretanto, não deixa de ser estranho ver um Al Pacino com 39 anos de idade, mais ou menos com a cara de quando fez aquele militar cego em 'Perfume de Mulher', que lhe garantiu seu único Oscar!! Enfim, é um recurso moderno, que foi muito bem usado!

Premiações? Indicações muitas e prêmios poucos, mais especificamente, APENAS UM!! Levaram, com muita justeza, o prêmio de Melhor Elenco dos Críticos de Cinema Associados (CCA), infelizmente não é uma categoria de Oscar, apesar de eu considerar muito interessante. Incrível é que seus próprios colegas Atores e Atrizes preferiram, para a mesma categoria, dar o SAG Award para o filme coreano Parasita, também muito merecedor, mas eu acharia melhor para o time de Scorcese. O filme tem dois atores indicados ao Oscar de Ator Coadjuvante, Pacino e Pesci, mas até agora, Brad Pitt arrebatou todos os prêmios da categoria, o Globo de Ouro, o CCA, o SAG e o BAFTA, o Oscar inglês. Desejo sinceramente que a Academia faça uma surpresa, porque não tem comparação o trabalho de Pesci ou Pacino, nesta ordem, como o de Brad Pitt, que é ótimo mas faz, mais uma vez, o papel de Brad Pitt. Scorcese também não ganhou nada ainda, mas acho que esse Oscar de Melhor Diretor já tem dono.

É apenas essa minha expectativa!




2 comentários:

  1. Homerix,

    Muito interessantes as suas considerações e expectativas. O elenco do The Irishman é um elenco de primeiríssima. Ainda não vi o filme, mas seus comentários provocam a apreciação, que a farei tão pronto surja a oportunidade de disfrutá-la.
    Sobre o Al Pacino, há uma película antiga, com notável atuação desse notável: Simone,em excelente cenário de transformação digital. Dou pouca ou nenhuma importância às premiações do Oscar, do bonequinho de O Globo e similares. Melhor apreciar as recomendações do Blog do Homerix.

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  2. Homerix,

    Excelente a sua observação no início desta postagem, de alerta preliminar: "usarei o trema para sempre". De fato é uma atitude nobre, em defesa da norma culta. Eu jamais adotarei as regras da desnecessária e retrógrada reforma ortográfica. Os "reformadores" não se deram conta da monumental bobagem que fizeram, pois cometeram,na verdade, um crime de leso-idioma, que removeu a característica de se escrever o que se fala e vice-versa. Sigo a usar o trema, pois é impossível pronunciar palavras como cinqüenta, freqüência, agüentar, qüinqüenal, entre outras, sem trema. Sigo acentuando paroxítonas terminadas em ditongo, pois é impossível pronunciar palavras como assembléia e idéia, sem o acento.

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