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domingo, 6 de janeiro de 2013

Reforma Olímpica! Alvíssaras!!


Meu amigo João mandou esta carta para a Folha de São Paulo

É utópica a tese da unificação que produziu a "reforma ortográfica", para alcançar a universalidade da língua portuguesa. A tal "reforma" é um retrocesso, um empobrecimento da nossa língua. A eliminação do trema, por exemplo, é um crime de leso-idioma, pois impõe a perda da característica fundamental de se grafar o que se fala, e vice-versa. Em face da constatação de que a "reforma" desagradou cá [no Brasil] e acolá [em outros países lusófonos], seria melhor decretar o seu cancelamento.
 
João Carlos  (Rio de Janeiro, RJ)
E, como já aconteceu dezenas de vezes (quantas, João?), a carta foi publicada na íntegra, sem alterações.

Apesar de a execrável reforma ser um tema recorrente dessas cartas, João conseguiu ter sua voz ouvida em outros temas relevantes, sempre na busca dos melhores valores para a sociedade!

Parece que os brados de João e de tantas outros formadores de opinião (incluindo este humilde blogueiro que vos enche a paciência todos os dias) deram parcialmente certo. A vigência foi adiada olimpicamente para 2016. Ao menos os irmãos portugueses estão resistindo bravamente, empurraram a coisa, e decidiu-se adotar por aqui a mesma data de efetivação da excrescência da terrinha! Viva os lusitanos!!

Que bom, vou continuar usando meus tremas, acentuando minhas idéias, meus verbos (pôr, pára), meus vôos e tudo o mais que queriam imbecilmente terminar!!!

Parabéns, João!!!

Tenho certeza que João causará, com este post, a alegria que sempre me provoca: a de acrescentar um comentário super preciso e bem escrito, como fez nas outras vezes em que abordei o tema:
http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2011/02/reforma-bissexta_25.html
http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2011/10/o-trema-e-virgula.html

E salve o português bem escrito!!!

Homerix Libertado por 3 anos Ventura


8 comentários:

  1. Obrigado Homerix,

    O interesse global pelo idioma português, independentemente de unificação, dar-se-á pelo desenvolvimento dos países lusófonos nos atributos de competitividade, oportunidades de investimentos com estabilidade longeva e respeito a tratos e contratos, populações bem educadas de fato, profissionais com formação diferenciada, produção intelectual, desenvolvimento tecnológico, saneamento e infra-estrutura viária, aeroportuária, entre outros. No Brasil, em lugar de trabalhar estes pontos com prioridade máxima, é dada a preferência ao marketing político, conforme afirmara a economista Leda Paulani sobre o PAC (Ancelmo Góis, em O Globo 2/1/2013), contrastante com a dura realidade que o cidadão enfrenta no seu dia a dia, a exemplo da constatação de que o Galeão é um dos piores aeroportos do mundo (Artur Xexéo, em O Globo 2/1/2013).

    Diferentemente do que defendem alguns, não acredito que a “reforma ortográfica” produzirá efeitos modificadores sobre o interesse global pelo idioma. A unificação pela universalização é uma utopia. Mais grave, desnecessária, a “reforma” imposta no Brasil piora muito o atributo fundamental de se falar o que se escreve e vice-versa, forçando o aprendizado pela via da decoreba. Um desserviço ao desenvolvimento intelectual. Não produziram simplificação, mas ridicularização do idioma. Creio que é possível simplicá-lo de forma inteligente, mas isso deveria ser feito sem a preocupação de agradar os demais lusófonos.

    É inacreditável que tenhamos que alterar o idioma no Brasil, sob uma tese tão utópica, só para acomodar idéias geradas pelas ociosidades diplomáticas e/ou políticas e/ou acadêmicas, produto das distrações de temas de maior prioridade. A prorrogação de 3 anos oferece uma ótima oportunidade para correção dos atropelos da tal “reforma”, ou, então, tratar do seu cancelamento.

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  2. Parabéns ao João e ao Homero pela campanha\, e aos patrícios pela resistência, contra essa estúpida reforma ortográfica. Sou a favor de uma reforma que simplifique e torne o português escrito mais fonético, não essa reforma burra e oportunista que nos impuseram goela abaixo. O que me espanta foi a rapidez com que foi adotada e implantada nos meios de comunicação brasileiros. Mesmo não sendo ainda lei, essa reforma parece que pegou no Brasil. Abraços, Camargo

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    1. Caro Camargo,

      Não tenho certeza se essa “reforma” pegou por convicção ou por distração, o mesmo se, de fato, pegou. Tenho dúvidas. Penso que a grande maioria sequer percebeu. Muitos sabem que aqueles dois pontinhos na letra “u” sumiram. Parece que a discussão foi restrita a poucos. Muita coisa pega no Brasil por distração. Um exemplo disso é a tal da “lãmina d´ água” (SIC). Nesse caso, há um equívoco fundamental quanto ao significado do vocábulo lâmina. Qualquer dicionário da língua portuguesa o define sempre em associação com a qualidade delgada ou delgado. Veja no Dicionário Aurélio: "lâmina. [Do lat. Lamina] S.f. 1. Chapa delgada de metal, ou de outro material. 2. Fragmento chato e delgado de qualquer substância...". Penso que a lâmina conforme se utiliza na comunidade petrolífera, tem a origem em tempos pretéritos, quando se perfuravam poços em cotas ou quotas batimétricas inferiores pequenas. Nessa época, a vontade de gerar expressões diferenciadas para a atividade, teria levado à criação da expressão, para representar a profundidade da água. Numa visão limitada por questões tecnológicas, talvez fizesse algum sentido, pois em relação às profundidades dos poços perfurados as espessuras da água poderiam ser consideradas "lâminas". Atualmente, isso não faz sentido, pois perfuram-se poços de 6000, 7000 ou mais metros de profundidade em que 1/3, 1/2, é de água. Logo, já não faz sentido a "lâmina". Imagine chamar de lâmina a profundidade d´água na Fossa das Marianas. Há pessoas que afirmam que a expressão está consagrada pelo uso, com o que discordo. Na verdade, está consagrada pela distração das pessoas com relação ao conceito racional de lâmina. Sempre que alerto as pessoas sobre essa incoerência, e muitos reconhecem a impropriedade da expressão. Inclusive até a maneira de formular a pergunta: “qual é a lâmina d´água (SIC) do poço X?”. Quem entende isso? Se a expressão fosse razoável, então a forma menos ruim para uma pergunta dessa natureza seria; “qual é a espessura da lâmina d´água (SIC) no ponto onde se localiza o poço X?”. Por quê complicar? Bastaria utilizar o termo tecnicamente consagrado: “qual a cota batimétrica do poço X?”. Ou, simplesmente, “qual a profundidade d´água do poço X?”. Lâmina d´água (SIC), corta essa!.

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  3. Homero, e caros leitores, desculpe se me sirvo do seu/nosso blog para falar com o Camargo (acima), se é que ele é o Jorge Camargo. Desde o lançamento do livro "Cartas a um jovem petroleiro", naquela célebre noite de autógrafos a qual eu, por ter ficado trabalhando aqui na nossa Petrobras, não pude comparecer e, assim, fiquei sem o meu exemplar e tb não consegui comprá-lo na Saraiva pois parece que já está esgotado. Camargo, tem previsão de nova edição? Agradeço a gentileza da resposta.
    Sds da Rosana

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  4. Homerix,

    No livro Cartas a um Jovem Petroleiro, o nosso amigo Camargo, sabiamente, não usou a "lâmina".

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  5. Rosana, grato pelo seu interesse no meu livro. Uma nova edição está prevista ser lançada no próximo dia 18 de janeiro.Abraço, Camargo

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  6. Camargo, obrigada por responder. Parabéns pelo seu livro e, desta vez, não vou ficar sem o meu exemplar! Abraço grande da Rosana

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  7. Homerix,

    Estive em Lisboa na semana passada. Quando se toca no assunto da "correcção ortográfica" a revolta da malta é notável. Fiquei feliz em constatar isso. Há séculos, brasileiros e portugueses se comunicam via idioma português, com todas as suas características apensas à língua, quer no Brasil, quer em Portugal, mas sem maiores problemas. As pessoas, em geral, estão convencidas que essa bobagem de unificação do idioma deve ser mesmo produto de ociosidades diplomáticas, políticas, etc. A falta do que fazer, levou a isso, ouvi de alguns mais exaltados. Ganhei a semana...

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