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quinta-feira, 2 de julho de 2020

A Divina Comédia do Homerix - Contextualização

Li 'A Divina Comédia' de Dante Alighieri

Produzi resenhas ao estilo criado pelo autor, cantos em versos decassílabos em terças com rimas encadeadas

Foram 8 Cantos para cada um dos universos pós-vida:
Inferno, Purgatório e Paraíso.

E mais 4 Cantos de Contextualização, que apresento consolidados aqui: 
(I) Como tudo começou; 
(II) A inspiração e o legado de Dante; 
(III) Minha experiência ao ler e resenhar e 
(IV) uma homenagem ao tradutor

Canto I - O Desafio

Depois de lograr notável sucesso                                 
Devorando o épico de Camões
Não me permiti um simples recesso 

E direcionei todos meus canhões
A outro épico deveras antigo 
Que me lançou em outras emoções,

De um rimar que levarei comigo.
São breves terças bem encadeadas,
Num tal encantamento que, te digo,

Que nos deixa de calças arreadas
Com a perfeita métrica envolvida,
As emoções em muito ampliadas.

Onde então buscaremos a guarida
Pra recuperar fôlego perdido?
Onde encontrarei a contrapartida

Para um invento tão colorido?
Pois assim me deixou esse poeta
Há sete séculos já falecido.

E ainda não atingiu minha seta
Ao conteúdo da grande obra-prima,
Uma projeção perfeita, completa

Do que os aguarda no andar de cima
Ou de baixo, dependendo dos atos
Nesta nossa vida em constante esgrima.

Mas agora, vamos aos finais fatos:
Quem é o poeta em linguajar vivo
Que nos comove, tão estupefatos?

Um patrimônio tão substantivo
Que não feliz em criar um idioma,
Teve seu nome tornado adjetivo?

E pra lhe facilitar o diploma,
Para que sigas logo adiante
De duas dicas permito-lhe a soma

E assim resolva a dúvida asfixiante:
Sua grande obra rima com ‘eterno’
E seu primo nome, com ‘empolgante’...


Canto II - Inspiração e Legado


No Século 13, Dante Alighieri
Vem ao mundo pra lhe dar um verniz.
Na história da poesia se insere.

Inda piá, Dante viu Beatriz.
Com dezoito anos, falou com ela.
Foram um com o outro gentis,
Dante encontra Beatriz em ponte de Florença

Mas ele era de outra donzela
Que lhe fora pelo pai prometida,
Era assim que seguia a tarantela

florença italia - Pesquisa Google | Florença italia, Mapa da ...

Em Florença, cidade tão querida.
Quando Beatriz, bem moça, morreu
Dante enterrou sua alma ferida

E a maior obra ele desenvolveu
Inspirado no amor não consumado.
Em exílio político, escreveu

Um abundante poema rimado
Na língua de seu cenário toscano.
Sendo sua obra de enorme legado,

Com influência e poder sobre-humanos
Pra todo sempre enterrou o Latim
E criou o moderno Italiano.

La Commedia, Dante a chamou assim,
Porque, em que pese o pesado miolo,
Ela termina em agradável fim.

Musa Beatriz põe cereja no bolo
No Paraíso, a Virgílio chamando
Para orientar, tijolo a tijolo,

Ao inda vivo Dante, lhe mostrando
Do outro mundo, o que era seu juízo:
O Inferno de Lúcifer, nefando,

E depois, Purgatório e Paraíso.
E essas 3 intrigantes canções,
Destrinchou-as cada uma, preciso,

Em 33 Cantos, com escansões
De 3 versos em sua métrica nova,
Encadeando nossos corações

Com rimas muito além da mera trova,
Desafiando o fôlego da gente,
Que a cada dois tercetos se renova,

Em ritmo acelerado e crescente.
Tão grande foi do poema a sina,
Que Boccacio resolveu tão somente,

À causa da devoção genuína,
Apor-lhe ao nome justo adjetivo:

Desde então, a Comédia é DIVINA.



Canto III – Minha Experiência Dantesca

A Divina Comédia do Homerix
Foi meu maior projeto deste ano,
E eu celebro com muitos pic-pic-pics.

Dediquei-lhe um esforço espartano.
O primeiro Canto em 20 de maio
Foi só um desafio entre hermanos

Que admiram dos versos o balaio.
Mas logo vem a ideia da resenha,
Quando então eu disse: “Daqui não saio!”

E quando nessa floresta se embrenha,
É difícil encontrar a saída,
Ainda mais ao descobrir-se a senha

Dessa linda encadeação incontida
De versos criada pelo Poeta,
Que deixo em maiúscula merecida!

Para não deixar a coisa incompleta,
Com Canto de Inspiração e Legado,
Contextualizei de forma direta

O cenário lá por ele enfrentado.
Depois, emendei 24 Cantos,
Com tudo irmanamente demarcado:

Cada Livro recebeu igual tanto,
Inferno, Purgatório e Paraíso.
Pra mim, a jornada foi um encanto,

Cada canto eu findava em sorriso,
Fiquei em Dante feliz e imerso,
Para ser um pouquinho mais preciso,

Foram mil trezentos e cinqüenta versos.
Teve dois cantos que começam a viagem
E os dois que fecham o universo,

Este aqui e mais um em homenagem
Ao nobre valoroso tradutor.
No começo da minha ‘reportagem’

Optei por ajustar o seletor
Para uma abordagem pragmática,
Para não derrubar o firme andor,

Embrenhando na discussão dogmática.
Resolvi centrar nas informações
De disposição mais direta e prática.

O que mais se viu foram punições
Aos pecados mortais e capitais,
E virtudes e localizações

Das gentes que ficaram nos anais
Da História Antiga e religiosa,
Nas arquiteturas sensacionais,

Descritas de forma prodigiosa
Pelo Poeta-mor da Cristandade.
Foi-me tarefa muito saborosa

Caminhar por maldades e bondades,
Bem ou mal punidas ou premiadas.
No que concerne à atratividade

Do sentido das palavras cantadas,
Lembrei “Notícia ruim vende mais”
Que se diz da imprensa exagerada.

Constatei semelhanças pontuais,
Pois que atrai mais ler sobre penas
Do que sobre bênçãos celestiais.

Espero ter agradado às antenas
De meus atentos leitores queridos,
Vou até rezar algumas novenas.

Obrigado pelos tempos fluídos.



Canto IV – Nota AO Tradutor

Quando se lê livros em Português
E o original é em outro idioma
A gente percebe, de quando em vez,

No rodapé, informação que soma
Para o entendimento do leitor,
Que nos salva tal qual firme redoma,

A famosa ‘Nota do Tradutor’.
Tendo acabado de ler ‘A Comédia’
Obra-prima de notório esplendor,

Com dificuldade acima da média,
Em que é necessário ao profissional
Saber nível alto de enciclopédia,

E além disso, uma aptidão colossal
De versejar com rima encadeada
Mantendo o sentido original,

Sem perder o doce fio da meada,
Terça a terça pelo longo caminho
De 14 mil versos, linda estrada,

É bem de se ajeitar o colarinho,
Contratar coquetel com canapés,
E dar Nota AO Tradutor, com carinho,

Um muito sonoro DEZ, NOTA DEZ,
Qual diria Carlos Imperial,
E cercá-lo de ternos cafunés.

E na Comédia, ele é fundamental!
São tantos nomes e situações,
Que sem seu estupendo cabedal

De história, fatos e informações,
Que vêm nos mui bem-vindos rodapés,
Impediria as interpretações,

Seríamos pegos nos contrapés,
À deriva no denso temporal.
Ítalo, coloco-me aos seus pés!

E vejam como é fenomenal
Sua história, querido ouvinte!
É nascido em São Paulo, Capital,

Aos nove anos do Século Vinte,
Filho de pai e mãe italianos,
Mas veja bem o incrível requinte,

Na Primeira Guerra, passou os anos
Na Itália, onde o pai médico serviu,                       
Onde ‘piano piano se va lontano’,

Empreitou uma tarefa varonil:
Guardou de cor a Comédia de Dante!!
Bem educado, PONTE QUE PARTIU!

Na volta, a paixão seguiu adiante:
Estuda lá no Dante Allighieri.
Na literatura não vai avante,

Porque a Engenharia ele prefere.
Faz nome em Arquitetura Moderna,
Mas no final, é Dante que interfere!

Já nos setenta, volta a paixão terna
Pelo Poeta maior florentino,    
E o doce tempo não lhe passa a perna:

Ítalo Eugênio Mauro
Por 15 anos reina, bailarino
Dos versos cultos com rima encadeada,
Conseguindo um sucesso genuíno.

A obra foi com honra premiada
Com o renomado Prêmio Jabuti,
No ano 2000, quase ao fim da estrada.

Mais três anos, foi-se embora daqui.
Digníssimo Ítalo Eugênio Mauro,
Grato por descascar o abacaxi!




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