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sábado, 7 de dezembro de 2019

Primeira Página, Aqui e Lá

Resgatando os temas da época de meu tempo em Houston, 
descobri esta aula do Jornalismo!
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Meu primo Carlos Eduardo é livre-docente em jornalismo, ou seja, ensina jornalismo a doutorandos, já foi chefe de redação da Folha, Ouvidor no mesmo jornal, e seu correspondente em Washington. Pouco? Comandou o Roda Viva! Acho que chega, né!

Quando morei em Houston  notei diferença na diagramação dos jornais americanos em relação ao nosso. Numa ocasião, ele nos visitou mas não toquei no assunto. Somente quando ele voltou ao Brasil, lembrei-me da minha dúvida e entabulou-se o seguinte diálogo.

EU
Carlos Eduardo, como foi o retorno, tudo certo? Daniel estava bem? Gostou das lembranças e da camiseta da NASA?
Bem, neste dia em que a primeira página dos jornais deverá estar dedicada ao primeiro dia de guerra, tenho uma pergunta técnica de jornalismo escrito.
Notei que a editoração do texto das chamadas de matéria de primeira página de um jornal é elaborado distintamente aqui, em relação ao Brasil. Ao menos nos jornais que li, NYTimes e Houston Chronicle, o que aparece na primeira página é o começo da matéria, remetendo ao final para uma página interna onde a mesma continua e termina.
Já nos jornais do Brasil, eles fazem um resumo da notícia na primeira página, remetendo ao final para uma página interna onde se lê a matéria completa, com detalhes.
Existe um nome técnico para cada um destes tipos de editoração?
Existe uma razão para os defensores de um ou outro método?

Particularmente eu prefiro o brasileiro.

Um abraço
ELE
Tudo certo no retorno, exceto o mergulho numa pilha de papéis, jornais, revistas, e-mails acumulados e no trabalho cotidiano, que já é uma violência.
Você tem razão. Os jornais brasileiros trazem "chamadas" ("teasers" em inglês) na primeira página, uma espécie de resumo dos textos que aparecem na íntegra nas páginas internas. A única exceção notável aqui é a Gazeta Mercantil, que usa o sistema americano/britânico de iniciar o texto na primeira página e continuá-lo nas internas ("iceberg" em português e "jump" em inglês).
Uma das reclamações mais constantes dos leitores americanos de jornais é contra os jumps. Eu acho o sistema brasileiro muito superior. Quem quiser ler só o resumo na primeira já fica satisfeito. Além disso, se você quiser ler na íntegra todos os textos que começam na primeira página, no sistema de jumps terá de ficar abrindo e fachando o jornal sucessivas vezes.
Um abraço a todos aí.
EU


Resultado de imagem para muito além do jardim botânicoExcelente resumo! Aliás, gostei muito do "iceberg", em português!
Só faltou dizer (não pergunto mais nada!): quem chegou primeiro, o teaser ou o jump? O teaser foi invenção brasileira (quem dera!)?
Afora isto, fui à Internet fazer pesquisa: o livro em que você analisa a audiência do JN é "Muito Além do Jardim Botânico"? Ainda se encontra nas livrarias? Expliquei para as crianças o fantástico trocadilho do nome, já que o filme não é da época deles. Apesar de eles serem amantes de cinema, sobretudo o Felipe em relação a clássicos antigos, ainda não os introduzi no fenômeno Peter Sellers. Eles tem uma certa resistência mesmo a ver The Party, nem mesmo eu falando que foi o filme em que eu mais ri, logo após Monty Python - Search of the Holy Grail. Bem, na verdade, Felipe já assistiu a Dr. Strangelove e gostou. Talvez seja o primeiro passo.

ELE
teaser é invenção brasileira, sim, e veio depois. Chegou a ser parcialmente adotada pelo New York Times em meados da década de 80, quando um dos diretores de redação do jornal era um ex-correspondente no Rio, que adorou o método que se usava aqui. Depois, o Times resumiu seu uso a uma ou duas por dia, bem pequenas.
O "Muito Além do Jardim Botânico" ainda está nas livrarias, sim. 
Outro dia mesmo eu o vi na Cultura.

Um comentário:

  1. Fala Homero, notei isso há muitos anos ao morar na Inglaterra. E era um jump pra lá, jump pra cá. Nunca me acostumei. Tb prefiro nossoresuminhoa. Abraços, Salvador da Matta

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