Esta é mais uma prévia do Capítulo 40
Da minha saga
O Universo das Canções dos Beatles
Ele fala sobre o álbum "HELP!" de 1965
Aqui, as duas canções de George Harrison no álbum HELP!
LADO A
4. I Need You (Return Miss Song by George Harrison)
George suplica: 'Você não percebe o quanto eu preciso de você. Amo você o tempo todo. Jamais deixarei você. Por favor, volte para mim. Eu estou muito sozinho. Eu preciso de você!
Welcome back, George! Demorou ano e meio para George Harrison apresentar sua veia de compositor novamente. Após dois álbuns ausente, ele aparece com duas selecionadas para o novo produto Beatle! E a primeira é tão boa que foi selecionada para aparecer no novo filme Beatle! Pode ter sido indiretamente inspirada em sua namorada, Pattie Boyd, mas apenas como um desejo que o rompimento não aconteça, pois não há notícias de que estivessem brigados à época, enfim. Fato ou fake, a canção é maravilhosa. Na introdução nota-se o efeito de pedal na guitarra de George, pela primeira vez usado em gravações Beatle. São quatro notas, e o pedal apareceria de novo ao final de cada frase dos versos ("I need you", "without you", etc.). Na distribuição dos instrumentos, uma configuração diferente: Paul, sim, no baixo, simples, nada demais, George faz o ritmo no violão, John surpreendentemente está na bateria, bem padrão, mas mostrando versatilidade, mas e Ringo? Ele está no violão.... mas calma, o violão está no seu colo, com as cordas para baixo, sendo batucado! Muito interessante! Ringo também grava o cowbell, nas duas vezes em que a ponte ("Oh, yes, you told me you don’t want my lovin’ anymore") aparece entre os versos. Eu gosto tanto do som do cowbell, que tenho a estranha mania de quantas vezes ele é ouvido, e aqui foram 74 vezes (2 x 37). Harmonias vocais de Paul no final dos versos e de John e Paul nos versos e na ponte, conferem o tom dramático da letra que fala em abandono. No filme, eles 'tocam' ao ar livre, de novo, em meio a tanques, mas só de mentirinha, afinal ia ficar estranho ver John sentado à bateria e Ringo batucando num violão, então eles assumem seus tradicionais instrumentos. Ao vivo, mesmo, aliás, I Need You nunca foi tocada, nem em rádios, nem em shows!
LADO B
10. You Like Me Too Much (Love Girl Song by George Harrison)
George declara: '... dizendo que não haverá outra vez se eu não te tratar bem. Você nunca me deixará e você sabe que é verdade porque você gosta muito de mim e eu gosto de você'
George Harrison estava num ano excepcionalmente produtivo. Após um 1963 e um 1964 que viram apenas uma canção do guitarrista (Don’t Bother Me, em “With The Beatles”), em 1965 ele produziu 4 (quatro) canções dignas de nota, que passaram pelo crivo do ‘compositores-chefe’, os imbatíveis Lennon /McCartney. Uma delas, inclusive, mereceu aparecer no filme HELP!, como falei aqui mais em cima (I Need You), duas viriam no segundo álbum do ano, em dezembro, e esta que ora vos descrevo. Ela esteve, inclusive, entre as finalistas para aparecer no filme, mas escorregou pra o Lado B.
Em uma avaliação apressada de minha parte, classifiquei-a como Love Song mas, na verdade, está mais para uma DR. Afinal, ele reclama que ela o deixou de manhã, mas tinha certeza que ela voltaria de noite "'Cause you like me too much and I like you!". Ao final, a promessa/confissão "There’ll be no next time, I admit that I was wrong" foi suficiente. Se foi realmente baseado em um episódio da vida real dele com a namorada Pattie Boyd, não há a certeza, mas é provável, afinal ele e os amigos davam muuuitos motivos, com a sequência de traições durante as excursões do quarteto, e elas sabiam disso. O fato é que George e Pattie acabaram se casando em janeiro do ano seguinte, portanto, o amor venceu, e vou deixar a canção classificada como Love Song.
Musicalmente, o destaque absoluto vai para o piano!! A introdução fenomenal é tocada por Paul (lembrem-se que eu falei acima que ele estava muito focado em seu aperfeiçoamento no instrumento). E note o trêmulo! John assume o piano ao longo dos versos, acompanhando o ritmo levado por George no violão e, quando chega a sessão solo, a guitarra de George se embrenha num lindo duelo com o piano, desta vez tocado por Paul e George Martin, sentados lado a lado. Brilhante! Paul, claro, complementa a base no baixo, e Ringo vai na bateria, e John toca também o pandeiro que aparece lindo na ponte. Paul conclui ao piano com o som da introdução, mas sem o trêmulo!
Aliás, falando em ponte, George inova, fazendo com que ela seja um complemento à última frase do verso anterior, ao mesmo tempo que introduz o verso seguinte. Explicando melhor: o verso 2 termina com "and I like you." E vem a ponte e complementa a frase com "I really do... ", ela segue, e finaliza com "...if you leave me", mas aí vem o verso 3 pra terminar a frase "I will follow you... " Genial! Seus geniais companheiros letristas nunca haviam feito isso! Apesar de ensinar essa lição aos super-maiorais, ele mostra que aprendeu duas outras: 1. A não repetição – os três versos são diferentes entre si! E 2. As rimas ricas, na grande maioria das vezes: "true" com "you" e com "do", "nerve" com "deserve", "wrong" com "belong", "right" com "tonight". Um primor!! Parabéns, George!!
Para terminar, nem pensar, claro em tentar tocar You Like Me Too Much ao vivo, né. Impossível Paul estar no piano E no baixo ao mesmo tempo!!
You like me too much era do repertório do The Bats em 1968. Nosso baterista chamava a canção de "Missa" por causa do início todo de arpejos... Mas eu gosto do ritmo, quase um baião! E as sutis variações de acordes.
ResponderExcluirPor falar em sutileza, vejam a delicadeza da letra: George fala "você gosta muito de mim e eu gosto de você". Enquanto L&M, já experts em compor, gastavam decibéis em "love you, love me", Harrison estreava com sentimentos tímidos e cuidadosos. Depois foi ficando mais ousado, com Taxman, Piggies, etc.
Justo destaque a essa canção, com saborosos detalhamentos.
Mais uma pérola
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