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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A Hora da Estrela ... feliz por ser triste

100 anos de Clarice Lispector
Deixo aqui a resenha do único livro que li dela
Caso se interesse pelo livro,deixo aqui o Link Amazon 
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Neste que é o último livro que Clarice Lispector escreveu, ela usa um pseudônimo para contar a história de Macabéa, uma nordestina perdida no Rio de Janeiro. Incrivelmente, é o primeiro que leio da maior autora nacional, até hoje objeto de memes sobre sua citações, verdadeiras ou não. 

Ele foi publicado em 1977, mesmo ano de sua morte no hospital do INSS da Lagoa, o que abriga duas ironias, uma porque mesmo tendo atingido um ápice no mercado editorial ainda precisava utilizar-se do serviço público, e outra por causa do desfecho do livro.

O pseudônimo é masculino porque uma mulher não poderia escrever a história, segundo ela, e ela aproveita para contar os conflitos internos de um escritor na hora de escrever, a o que aliás toma boa parte do livro, que só retoma o assunto lá pela metade.

Só pelo meio do livro desenvolve a saga triste da menina alagoana magra e sem atrativos, órfã de pai e mãe desde cedo, que parte para o Rio após a morte da tia severa que a criou. Ao 19 anos, Macabéa é datilógrafa, única função que aprendeu, mesmo assim, fraca porque não não teve boa educação, e só se mantém no emprego por piedade do patrão, e tudo o que sabe vem da Rádio Relógio, com curiosidades sobre os mais diversos temas, que são sempre usadas, meio sem sentido, em seus poucos diálogos.

'Feliz por ser triste', como conta o(a) autor(a), Macabéa não tem amigos nem nas quatro meninas com que divide um quarto, nem no emprego, em que sofre bullying de funcionários. Sua vida começa a ter algum sentido quando encontra um namorado, Olímpico de Jesus, também nordestino, que é 'de Jesus' por não saber quem é o pai, costume daquelas plagas (interessante, não sabia disso!).

Difícil contar mais que isso, para não explicar qual é A Hora da Estrela do título, apenas conto que logo no começo, Clarice nos conta sobre a dúvida que tinha sobre o citado título, que escolheu entre 13 opções, dentre elas, 'A culpa é minha', 'Ela que se arranje', 'O Direito ao Grito', 'Quanto ao Futuro' e melhor parar por aqui...

Intrigante, interessante, agoniante, recomendo a leitura!! E são menos de 90 páginas!! Com um dia, você resolve essa lacuna! Para mim, era!

O livro rendeu um filme, em 1985, ultra-premiado, inclusive com o Urso de Ouro de Berlim, em que a protagonista é vivida por Marcélia Cartaxo, ela segue em carreira, tanto na TV (esteve em Velho Chico, como Zéfa), como no cinema (esteve em Madame Satã), mas teve, verdadeiramente, com 'A Hora da Estrela', a sua verdadeira Hora de Estrela!









4 comentários:

  1. Marcela e Zé Dumont interpretaram magistralmente os personagens principais de uma adaptação soberba de um livro soberbo da extraordinária Clarice Lispector !!!

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  2. Parabens Homero pelo artigo e pela indicação!

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  3. Interessante é que fui vizinho do Paulo Gurgel Valente um dos filhos da autora durante a década de 1980 até 1989 na Gávea rua Jequitibá número 1.

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