Depois de ficar afastado da paixão pelos Beatles no começo de casamento e carreira, voltei à carga com o advento dos CDs, e também com a leitura de alguns livros. O melhor de todos foi ‘The Beatles Recording Sessions’ de Mark Lewisohn, que passeia pelos detalhes das gravações de todas as canções, imperdível. Um dos momentos mais interessantes dessa profícua leitura foi quando descobri o único ponto de ligação da carreira beatle com alguma coisa brasileira.
Numa fria noite de fevereiro de 1968, os Beatles estavam gravando “Across The Universe”, uma das melhores canções de John, senão a melhor, segundo ele mesmo. Após uns takes iniciais, Paul (sempre ele) achou que precisava de uma voz feminina para fazer fundo vocal, no trecho “Nothing’s gonna change my world ...”, saiu para a rua, a famosa Abbey Road, encontrou o bando de mulheres que sempre faziam plantão histérico na frente do estúdio, e perguntou: “Alguém aí sabe cantar. Duas levantaram a mão, uma delas era a brasileira Elizabeth Bravo, que passava uma temporada em Londres. E lá foi ela e deu seu recado. Portanto, há uma voz tupiniquim com presença fundamental na carreira dos Beatles ... Verão no comentário que ela mesma fez uma pequena correção quanto às palavras 'bando' e 'histérico', que eu me apresso em reproduzir aqui:
Desde que cheguei em Londres, em Fevereiro de 1967, não existia mais a histeria presente nos anos em que os Beatles faziam shows. As fãs eram bem comportadas. Ficávamos empolgadas, mas nunca gritando. Naquela noite éramos poucas e o porteiro nos deixou ficar dentro do prédio, no corredor, ao abrigo do frio intenso. Levei para dentro dos estúdios minha amiga inglesa Gayleen Pease. Os quatro Beatles e George Martin presentes!
A canção, como ela foi gravada naquela noite, foi incluída num álbum beneficente, em 1969, que ninguém conhecia por aqui. Depois, sem as vozes femininas, e com orquestração, foi lançada no último disco da carreira Beatle, “Let It Be” 1970.
Felizmente, a voz brasileira veio à tona, quando foram lançados os dois discos “Past Masters Volumes One and Two” em 1988, que compilavam as canções lançadas apenas em compactos e, felizmente, ressuscitou a gravação original daquela noite, 20 anos antes.
E apenas agora, na celebração dos 50 anos do Álbum Branco, veio o reconhecimento oficial da presença daquelas adolescentes sortudas e talentosas no universo beatle!
Para Lizzie, aquela que estava na hora certa, no local certo e tinha a habilidade certa para o momento, digo:
BRAVO, LIZZIE!!!
I believe that night has effectively changed your world, hasn't it??!!
Pensando naquela canção, minha mente viaja, como viajava a de John, quando escreveu: “Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my opened mind, possessing and caressing me…. Jai Guru Deva”. As últimas três palavras diziam, em sânscrito, “Saudações ao guru”, e assim repito eu, a Lennon, seu mantra:
OOOOOOMMMMMMMMMMM
Parabéns Homerix,isso que é pesquisa! De quebra ainda recebe o retorno da protagonista do episódio, esclarecendo o que de fato ocorreu naquela noite de fevereiro de 1968.
ResponderExcluirA inspiração ao lorde Krishna fez john conpor uma das melhores canções...
ResponderExcluirPena q a banda estava se desfazendo e nem mesmo esse conhecimento transcendental conseguiu unir o grupo outra vez..