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terça-feira, 15 de junho de 2021

I Call Your Name (Girl? Mom? Dad?)

 Esta é a 11ª canção da coletânea Past Masters #1, 14º Álbum Oficial dos Beatles

a história do álbum, assuntos e canções, aqui neste LINK

É uma de 8 canções falando de Saudade, na Classe Retorno

                                        as demais 7 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK

Atenção, canções com títulos em vermelho 

são links que levam a análises sobre elas.

11. I Call Your Name (Retun Miss Song by John Lennon)

John chora 'Eu chamo o seu nome, mas você não está lá. Será que eu estou sendo injusto?
Ah, eu não consigo dormir à noite desde que você se foi. Eu nunca choro à noite, assim não dá mais'

Essa canção foi feita por John em 1957, e provavelmente é a primeira composta por ele.  Ela foi terminada em 1963 (somente aí veio a ponte) para ser dada para o grupo Billy J Kramer and The Dakotas gravarem. Eles o fizeram e gravaram uma outra de Lennon/McCartney chamada Bad To Me, e lançaram as duas em compacto de grande sucesso, que chegou ao Nº1 das paradas. Só que cometeram um pecado: lançaram a canção de John no Lado B. John, então, resolveu promovê-la com sua gravação pelos Beatles! E ela sem dúvida merecia fazer parte do catálogo beatle! É ótima!! Eu adoro!! I Call Your Name chegou a ser sugerida para a trilha sonora de A Hard Day's Night, em 1964 quando ainda não havia surgido a canção título. Uma vez composta a nova canção, I Call Your Name acabou relegada e não entrou nem na trilha do filme (as 7 canções do Lado A) e nem no Lado B do próprio álbum de mesmo nome. Uma pena, porque caberia perfeitamente, e completaria as 14 canções que foi a regra dos primeiros álbuns dos Beatles de 1963 a 1966. A Hard Day's Night foi exceção à regra, com 13. E poderia muito bem ser cantada por Ringo, que ficou sem vocal no LP, e ele provou isso ao cantá-la em sua carreira solo. Bem, a canção não poderia ser abandonada e acabou sendo lançada num EP (Extended Play), ou compacto duplo, com duas canções em cada lado da bolachinha de vinil, que foi nomeado Long Tall Sally EP, que tinha, além da canção título, também Slow Down e Matchbox, das quais falo em post separado. 
 
O assunto da canção merece uma discussão à parte. Quem lê assim de pronto, como eu, define como o nome como de uma garota que está dando um gelo para o autor. Assim fiz eu e a classifiquei como Miss Song, Return Class, ou seja, uma canção de saudade em que o abandonado quer o retorno à condição antiga. Só que ele poderia estar se dirigindo a uma de duas figuras importantes de sua vida: sua mãe Julia, que o deixou para ser criado com a irmã,  mas estava com ele à época e morreu atropelada em 58, uma verdadeira tragédia. Ou seu pai Fred que o abandonou logo cedo, depois voltou para pegá-lo, mas John preferiu ficar com a mãe.,.. e talvez venha daí a  parte em que pergunta se foi injusto... São traumas da vida de John que ele voltou a tratar em canções de 1968 e 1969, especialmente Mother, das mais pungentes canções da história da música. Só que John nunca disse, nem para seu parceiro Paul, quem era o alvo de seu lamento, então, sigo com minha interpretação. Em tendo percebido essa outra conexão, eu a teria classificado como Self Song, ou ainda, Speech Song (para uma pessoa).... mas deixa como está. 
 
A gravação foi feita em 1º de março, o último dia antes de começarem as filmagens de A Hard Day's Night, e ela dormiu aquela noite como parte da trilha sonora. Foram 7 takes, com todos cantando e tocando ao vivo, houve variações na introdução com relação ao que havia sido lançado um ano antes. Em 1º de junho veio um overdub com um instrumento fundamental da canção, e quem o trouxe foi Ringo Starr: o cowbell. Adoro aquele som! E ele está lá na canção toda. Ele havia utilizado o simpática percussão cinco dias antes na gravação de You Can't Do That, e voltaria a usá-la na canção título do filme, e depois em I Need You do filme HELP! em 1965 e em outras 4 canções da carreira! Gosto tanto que é a imagem dele que eu uso para ilustrar o post! Eu tenho até mesmo a tara de contar quantas vezes ele é acionado! Aqui, foram 201 vezes! Mas por que não é um múltiplo de 4, como se esperaria, afinal ele é acionado a cada tempo dos compassos, que são de 4 tempos? É que, quando vai começar o verso instrumental, Ringo bate apenas uma vez no 1º compasso e para, voltando apenas quando volta a ponte. Aliás, estou falando em verso pra lá, ponte pra cá, e o leitor pode não estar identificando. 
 
Vamos lá! Os versos de I Call Your Name são provavelmente os mais curtos da carreira dos Beatles, apenas duas frases cada um:
Verso 1: 
I call your name, but you're not there
Was I to blame, for being unfair?
Verso 2: 
Oh I can't sleep at night since you've been gone
I never weep at night, I can't go on 
 
A Ponte é mais generosa, com quatro frases e ainda apresenta uma guitarra em gangorra fenomenal com 8 puxadas por compasso. O amigo beatlemaníaco notará uma semelhança desse riff com Hold Me Tight, que foi gravada 6 meses antes: 
Don't you know I can't take it?
I don't know who can
I'm not going to make it
I'm not that kind of man

Depois da ponte, vem um verso, com letra um pouco diferente e, em seguida, um verso sem palavras, apenas instrumental e magnífico, porque introduz um ritmo novo para os Beatles, um ska, ou reggae, defina como quiser. Talvez por causa dessa mudança foi que Ringo desistiu de pulsar o cowbell nesse setor! Depois dele, vem mais uma vez a ponte e um verso final, que termina com o título da canção repetido várias vezes em fade-out. 

I Call Your Name nunca fez parte de shows ao vivo, mas os Beatles a tocaram ao vivo na BBC, ouçam neste LINK, claro que sem o cowbell. Notem o riff da ponte um pouco modificado e também que John erra a letra do verso final. Mas é sensacional!

Bem, a ligação de Ringo com a canção, com sua bateria precisa, o desafio de fazer um novo ritmo no verso instrumental, e a decisão pelo cowbell, foi muito forte, tão forte foi que ele veio nos salvar, em sua carreira solo, com uma performance da mesma, tendo como companheiros Jeff Lynne, Joe Walsh e Tom Petty nas guitarras. Como Ringo está na bateria, um terceiro teria que se encarregar do cowbell, então veja um sujeito, um outro baterista famoso, Jim Keltner, ali atrás, encarregado do instrumento! Valeu, Ringo!!! Vejam e deliciem-se aqui, neste LINK!

4 comentários:

  1. I Call your Name...Pois é, você mesmo viu que não dá para saber nunca para quem estão cantando. You é muito vago. Pode ser uma mulher, pode ser um homem, pode ser um amigo, o pai, a mãe....Sim, ele poderia estar chamando pelo pai que não via há anos. Ou pela mãe que tinha falecido atropelada. E também por ninguém em especial, pois foi composta numa época em que ele ainda pensava ser importante que todas as músicas fossem romãnticas. Ainda não tinha encontrado com Bob Dylan que tinha aberto sua mente dizendo que poderia falar sobre seus próprios sentimentos e assuntos diversos. Então, tanto ele quanto Paul simplesmente imaginavam uma situação comum, e de dor de cotovelo porque todos os jovens passavam por isso...E mandavam ver. As músicas que eles ouviam no rádio e que tanto gostavam eram sempre assim!
    A primeira música de Paul se chamava I lost my Little girl. Tinha apenas 14 anos e não tinha perdido namorada nenhuma. Vai ver que nem tinha namorada quando escreveu a música. Hoje ele acha, que inconscientemente, pensava na mãe que tinha falecido. A little girl seria a mãe. Mas ele não sabe se foi assim. Sugeriram para ele que aceitou a possibilidade. Em sendo assim, é bem possivel que, inconscientemente John estava chamando pelo pai ou pela mãe. Anos mais tarde, já sabendo que poderia ser bem aberto sobre o que sentia em suas músicas, ele realmente gritou por eles na música Mother. Como você bem disse, uma das mais pungentes canções da história da música.

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  2. Eu também gosto de cowbell. But juro que não a ponto de contar quantas vezes é tocado numa gravação. rs rs rs
    Obrigada pelos links.

    Uma história que acho bonitinha. A música recebeu uma versão magnífica dos Mamas and Papas na voz esplendora de Mama Cass. O que talvez não saibam é que Mama Cass se apaixonova com certa facilidade. Foi louca pelo Graham Nash. Mas sua grande paixão era...John Lennon. Por isso ela canta a música para John. Pensando nele. E chega a falar seu nome sussurrado no meio da música. 'John, John.." Eu tenho o disco e sempre achei que se referia a um John conhecido dela...Pois estava se desmanchando ali por John Lennon mesmo!
    E teve aquele dia maravilhoso. Noite maravilhosa. Não sei detalhes. Sei que os Mapas and Papas estavam em Londres para shows. E não é que tres deles se encontraram com os Beatles num restaurante? Menos Mama Cass que tinha desistido de sair naquela noite de folga pois estava cansada. Tinha ficado dormindo no hotel.
    Michelle não resistiu. Contou pra John da paixão de Mama Cass...que tinha cantado a música pensando nele. E que John fêz? Foi visitá-la no hotel. Entrou no quarto dela que estava dormingo. Sentou-se na beira da cama e a acariciou mansamente para que acordasse. Ela acordou...Puxa vida! Que surpresa! Não sei como não teve um desmaio ao algo assim. Ali estava nada menos que John Lennon que tinha, de certa forma, 'ouvido seu chamado". Deve ter celebrado aquela noite até não mais poder.
    Ouvi essa história da Michelle Phillips, a outra garota do conjunto numa entrevista.

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  3. Escrevi e fui ver os links. Isso é sagrado agora. Ver todos. O primeiro vale a pena mesmo sem o cowbell porque John está gracinha demais O sorrido mais lindo do rock. Mas o segundo não está funcionando. Corre e ajeita isso lá Homero.

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