Esta é a 2ª canção da coletânea Past Masters #2, 15º Álbum Oficial dos Beatles
a história do álbum, assuntos e canções, aqui neste LINK
É uma de 5 canções que insinuam Sexo com Garotas
as demais 4 canções de mesmo Assunto e Classe, neste LINK
Atenção, canções com títulos em vermelho
são links que levam a análises sobre elas.
2. Day Tripper (Sex Girl Song by John Lennon)
Paul conta: "Tenho uma boa razão pPara pegar o caminho mais fácil. Tenho uma boa razão para pegar o caminho mais fácil, agora. Ela era uma viajante diurna, bilhete só de ida, yeah! Demorei tanto para descobrir e eu descobri"
A canção é de John, com pequena participação de Paul. Entretanto é Paul quem começa cantando a canção, na primeira metade do verso, com John assumindo na parte final, que até poderia ser considerado como um refrão ("She was a day tripper, one way ticket, yeah, It took me so long to find out, and I found out,") mas não, é apenas a conclusão da mensagem do verso. O mesmo se repete nos outros dois versos, todos com letras diferentes. Uma ponte 'apenas' instrumental complementa a canção, entre os Versos 2 e 3. A aspas eu explico mais adiante!
Nitidamente se fala de um interesse apenas sexual, que é uma provocadora, que só faz programas de uma noite ("She only plays one night stands"), talvez pagos, ou não. Há uma conotação com drogas (o 'trip' com ''one-way ticket' significaria uma viagem sem volta), também, mas por causa do SHE, optei apô-la na Classe Sexo. E, pra corroborar, a intenção do "She's a big teaser" era "She's a PRICK teaser", ou seja em vez de 'grande provocadora", seria "provocadora de pênis", os mais jovens entenderam o recado.
Entretanto, mais que a letra, o mais impressionante dessa canção é a música. O espetacular riff de entrada, de apenas dois compassos, é criação de John mas execução perfeita de George, ao longo de toda a canção, acompanhando as mudanças de acorde, só interrompendo quando começa a seção 'refrão' dos versos. A entrada é antológica, em 10 compassos, nos dois primeiros apenas a guitarra de George, nos dois seguintes entra o baixo de Paul, e nos dois a seguir junta-se a guitarra rítmica de John, e também seu pandeiro (que vem em overdubs) e a partir do 7º compasso entra a bateria integral de Ringo, num crescendo instrumental sensacional. Paul entra cantando no tom da canção por 4 compassos depois muda nos quatro seguintes, e então entra John no "She was a day tripper" num terceiro acorde, menor. Nessa seção, George muda a batida com tocadas a cada um dos tempos do compasso, e Paul entra numa sequência de subidas e descidas com seu baixo até o final do verso. Note ali o pandeiro nervoso de John anunciando um segundo verso no mesmo esquema.
Terminado o 2º Verso, os próximos 12 compassos se constituem no clímax da canção, que até merece este parágrafo de destaque, uma ponte instrumental e harmonizada vocalmente, estonteante! Ela começa com três vezes o riff de guitarra num acorde superior ao normal, acompanhado do prato de Ringo, e notas em escadinha da guitarra de George, e nos últimos seis compassos, Paul e John harmonizam um crescente vocal que termina em mais pandeiros e pratos, de John e Ringo, e mais um solo de guitarra de George (que veio em overdubs, claro), tudo fenomenal. Entendeu as aspas que coloquei no 'apenas' lá em cima?
O último verso vem com letras diferentes, mas com o detalhe do falsete de John no "it took me so-o-long". Finalmente, repete-se a introdução com os riffs de George agora com Paul e John harmonizando em '"Day tripper... day tripper yeah" em fade-out até o final! Eu já disse 'fenomenal'? Si? Então, digo de novo.
Tudo isso foi feito e 8,5 horas do dia 16 de outubro, terceiro dia de gravações para Rubber Soul, mas a metade desse tempo foi gasta em discussões sobre o arranjo, e quando ligaram os gravadores, tudo já estava decidido quanto à estrutura da canção e o que fariam na ponte instrumental. Foram necessários 3 takes até que saiu tudo perfeito, e aí partiram para os overdubs, dos vocais e das guitarras e do pandeiro, conforme descrito acima. Após as mixagens naturais, fizeram as gravações para um programa de TV, A Música de Lennon/McCartney Foi o PRIMEIRO vídeo-clipe da história (LINK). Note como eles estão assim meio sem graça, cantando de mentirinha. Day Tripper foi tocada ao vivo nas excursões que se seguiram, a última na Inglaterra, em dezembro, a última 'mundial' (Japão e Filipinas), em junho/julho e a última americana, em agosto de 1966.
Day Tripper saiu no dia 3 de dezembro de 1965 num compacto Duplo Lado A, o primeiro de uma série deles dos Beatles, juntamente com We Can Work It Out, direto para os topos das paradas no mundo todo. Como ilustração desta análise, deixo uma cópia do que os argentinos receberam quando compraram o compacto. Descobri isso quando comprei a coletânea 1, em 2000, quando mostraram como saíram os compactos em vários países.
Demais não!!??
É um ritmo super contagiante. Maravilhosa combinação de instrumentos, claro, sempre tem um pouco de sexo na música dos nossos 4 garotos de Liverpool, para apimentar pouco mais as canções.E você Homerix sempre com seus detalhes e explicações certeiras como sempre.Parabéns
ResponderExcluirEscutei uma moça cantando essa música com blues aqui na minha cidade numa festa numa escola de inglês. Foi arrepiante.
ResponderExcluirSoube que John se inspirou nas muitas mulheres existentes na região onde ficaram em Hamburgo. Podemos até brincar, exagerando, que sairam da casa paroquial para a zona boêmia. Isso porque Paul foi apresentado a John na festa da igreja dentro da casa paroquial ( Não na praça como ja ouvi dizer). Enfim, eles todos viram mulheres assim por ali e então...ficou inspirado para mais uma original Lennon/McCartney. Mas é como sempre digo: nunca temos certeza. Mas penso como vocês. O tema na música é sexo.
Jimmy Nicol, baterista que foi um Beatle por 13 dias (Ringo estava dodoi) disse uma vez que nunca viu ninguém beber e transar como seus parceiros de turnê. Sexo era parte do sucesso, mas só foi surgindo nas canções quando L&M estavam mais senhores de si. Day tripper é um claro exemplo disso, perfeito.
ResponderExcluirSobre os longos compassos em B7, com guitarra e vocais em crescendo, é o ápice do uso da tensão do IV acorde da escala pressionando para voltar à tônica E. L&M sempre usaram com maestria essa fórmula, assimilada do clássico Ah...ah...ah...sh... AHHH!do Twist and shout (presente na gravação original). Manter o acorde em B7 e os embelezamentos por guitarra e vozes por 12 compassos (é isso?) gera o alívio do retorno ao riff da canção.
Ótima canção, ótima análise.
Na verdade é IVº acorde e não IVº!
ResponderExcluirEita dedo ruim: é Vº acorde! 😁😁😁
ResponderExcluirMais uma exposição extraordinária sobre essa extraordinária canção !! Eu me sinto dentro de Abbey Road !! Perfeita sua análise, Homero 👏👏
ResponderExcluirNa realidade, viajamos em nossas imaginações relativas às letras como situações vividas, algumas são, mas temos muitas fictícias. Muitos compositores se inspiram em livros e filmes.
ResponderExcluirA banda inglesa The Kinks lançou "You Really Got Me" em agosto de 64
ResponderExcluirProvavelmente a primeira 'power shords' da história do rock!
Vendo por esse ponto de vista "Day tripper" é um power shords incrível, até mesmo jimi Hendrix regravou na época... lendário riff do Beatle George ! Era os Beatles decolando para o espaço sideral da fama.