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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Lembranças Seculares

(... por serem de outro século ...)
Publicação original de agosto de 2015.
Lembrei-me dela porque hoje pela manhã, comentei sobre Guarapari.
Mas só decidi republicar porque hoje faz exatos 60 anos da morte de John Kennedy.

Quais são as mais antigas  imagens/situações que vocês se recordam de suas vidas?

Compartilhe, se for de seu desejo!

As minhas? Vou relatar quatro!

A mais antiga foi com 4 anos. Nasci em Santos, cidade de praia, mas meu pai me contava que eu não queria entrar no mar nem por um decreto. Curiosamente, meu primeiro banho de mar a quase 1000 km de minha terra natal, em Guarapari, numa viagem de férias de família. Até hoje me lembro da areia grossa daquela praia.

A segunda foi um ano depois e celebrou 50 anos agora em novembro, com grande repercussão na mídia mundial. Fiquei chocado, e chorei com o assassinato do Presidente Kennedy. Até me lembro de seu filho John John brincando com a bandeira do caixão. 

A terceira foi quando entrei para o Colégio Santista, aos 6 anos, e felizmente tenho registro fotográfico da data.



A quarta foi ainda naquela ano. Meu irmão comprou o primeiro LP dos Beatles que saiu aqui. Ele se chamava Beatlemania, e só muito tempo depois eu vim a saber que a capa era a mesma do 2º LP oficial, With The Beatles, que saíra ainda em 1963, na Inglaterra... mas eu queria mesmo é ouvir aquilo tudo. Marcou-me muito a imagem de Paul, também em meia-face como os outros 3, mas, daquele jeito, Paul parecia minha mãe iracema (bonito nome, né?). Pra quem não reconhece, Paul é o útimo fa fila de cima!

E vocês? Será que alguém vai aparecer para comentar?

7 comentários:

  1. Homerix, infelizmente não tenho muito para contar, nem fotos para mostrar... Mas louvável essa sua iniciativa, pois faz com que as pessoas dêem uma "rememorada virtual" em suas próprias vidas, suas próprias histórias. Parabéns pela iniciativa ! Abçs, A2

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  2. Homerix, depois do chororô de hoje (lembre-se que você, apesar de alvinegro, é santista) resolvi publicar aqui minhas mais antigas recordações.
    Desfragmentei meu HD mental e descobri algo interessante: não consigo distinguir das recordações mais antigas quais são realmente recordações ou recordações induzidas por fotos tiradas por meu pai, o que seria trapacear.
    Portanto, mais um esforço para separar memórias reais das pseudomemórias visuais. Como fazer isso? Tentando buscar além da memória visual, algum cheiro, sensação tátil, paladar, som associado à mesma memória.
    Tudo muito nebuloso antes de 1963.
    Porque 1963? Porque esse ano foi marcante. Foi em 63 que fomos morar nos USA acompanhando meu pai que fazia lá sua pós-graduação.
    Primeiro NY, onde ficamos uns 3 meses enquanto meu pai fazia (eu acho) o nivelamento na língua inglesa.
    Lembro que nosso prédio tinha uma lavanderia no subsolo com várias máquinas de lavar roupa (isso não tem foto). Lembro de uma ida ao parque de diversões de Coney Island, onde andamos numa montanha russa monotrilho! Os carros eram amarelos e o trilhão, uma viga "I" de uns 30 cm pintada de vermelho, passava no centro do carrinho. As pessoas se acomodavam umas atrás das outras. Fiquei entre meu pai e minha mãe, que me ensanduichavam. Enquanto todos gritavam no sobe-desce eu gritava de dor de estar sendo espremido!
    Lembro também da visita ao Museu de História Natural onde vi pela 1a vez os esqueletos de dinossauros. Meu pai diz que fiquei apavorado e não queria entrar naquele salão. Diz que eu me agarrava no portal e gritava desesperado. Mas isso eu me lembro bem. Eu não estava com medo dos esqueletos. É que, para chegar ao salão dos dinossauros, tinha-se que passar por uma antessala onde estavam expostos 3 mamutes empalhados. Era deles que eu estava com medo!
    Depois nos mudamos para Durham, North Carolina, onde fica a Duke University, onde meu pai faria sua pós.
    Lá eu fui para o kindergarten e depois para o first grade. Aprendi inglês "na marra", brincando com os coleguinhas. Tive meu primeiro contato com os crayons (lápis-cera) dos quais ainda recordo o cheiro. O estojo de Crayola (marca de crayons) tinha umas 40 cores e um apontador (!!) de crayons.
    Aprendi cantigas e histórias infantis e também a jogar baseball nos recreios.
    O trem passava rente à grade da escola e a gente ficava contando os vagões. Aprendi o que é um Caboose (você sabe?).
    Viajamos e passeamos muito.
    Em Wilmington, NC, visitamos um navio da 2a guerra mundial aberto ao público.
    Em Washington DC, lembro do obelisco e das cerejeiras floridas à sua volta.
    Lembro de um passeio às Montanhas Apalaches. Acho que era inverno ou fim de outono. Havia um córrego congelado. Pisei, o gelo era fino e caí na água gelada.
    Lembro do carro do meu pai. Um Dodge 57 com rabo de peixe. O câmbio automático era controlado por apenas 3 botões no painel, à esquerda do volante: D, N e R (drive, neutral e reverse) que, à noite ficavam verdes, iluminados por dentro.
    Lembro da maravilha das cores das árvores no outono.
    Lembro dos cheiros dos meus brinquedos e livros infantis.
    Lembro do leite em caixinha tetra-pak branca e vermelha, tão fácil de abrir.
    Lembro de alguns programas de TV que gostava e senti falta quando voltei ao Brasil: Alvin and the Chimpmunks, Gilligan's Island, MIghty Mouse, Rocky and Bullwinkle...
    Foram só 18 meses mas foram realmente marcantes na minha vida. Graças a essa época aprendi inglês (com um terrível sotaque sulista) que me valeu para o resto da vida. Não só inglês, mas também a versão infantil do AWoL.
    Abs

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  3. Homero
    Tenho alguns textos escritos sobre minhas lembranças desde muito pequeno. São mais de 20 páginas. Penso publicar pois cita muito minha terra natal - Pureza.
    Pureza fica às margens esquerda do Rio Paraiba do Sul no município de São Fidelis - RJ que até o início da década de 1970, era o principal Distrito (Terceiro Distrito) econômico do município.
    Muita coisa para contar desde 1950.

    Itamar

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  4. Minha lembrança mais remota foi provavelmente em 1983 quando eu tinha 4 anos e alguns meses e meu irmão, à época com 1 aninho, rachou a cabeça num vaso de planta na sala (morávamos na Osvaldo Cruz no Flamengo). Lembro que estava de vestido e bolsa da minha mãe (que eu adorava "experimentar") e ela me pegou correndo assim (e depois não lembro de mais nada)... Depois lembro quando moramos por 6 meses no Meridien, em Luanda, Angola e lá serviam queijos após o jantar e meu pai sempre dizia que ele podia comer os queijos e eu ficar com os buraquinhos (e eu aceitava, hahahahaha). Lembro também quando fomos morar na vila da ESPA que eu escolhi a casa pois havia um banheiro rosa. Adorei esse exercício! Super legal a iniciativa! Beijos

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  5. Idéia brilhante. E espero que publique seu livro com suas memórias. Entre os livros que mais me marcaram há dois que são de memórias. Um deles há quem diga que não são realmente memórias...há ficção. O personagem principal talvez não fosse o autor...Mas há controvérias quanto a isso. Mesmo se for pesonagem fictiício ele está contando suas memórias. Estou falando sobre A Procura do Tempo Perdido de Marcel Proust. Creio ser muita coisa suas próprias memórias porque o lugarejo descrito no primeiro volume adotou o nome usando no livro. Era realmente um luga onde Proust passava tempos quando criança. Outro que marcou poucos conhecem: A Menina do Sobrado. De Cyro dos Anjos. Ele recordando sua infancia e adolescência na sua cidade que acontece ser a minha: Montes Claros. No livro ele mudou o nome da cidade. E mudou o nome de todos os personagens. Mas meu pai reconheceu todos...Na aba do livro que temos aqui vem os nomes verdadeiros com a letra de meu pai. rs rs rs.
    Você pediu pelas mais antigas imagens e situações de nossas vidas. A primeira que tenho não foi marcantes. Medo. Onde estava? O que era aquilo à minha volta? Que escuridão seria aquela? E que estavamos passando uns dias ( fugindo da violencia da política) numa cidade sem luz elétrica. E usavam lampiões. Lamparinas também no quarto de dormir que formavam sombras na parede. Então minha primeira lembrança é de sombras na parede...e eu com medo. Eu tinha dois anos.

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  6. Continuando...segundo minha mãe eu tinha medo de praticamente tudo. Vivia chorando. Tinha ficado meio traumatizada com a violencia da política. Eles jogavam bombas no nosso quintal e também na sala de visitas. Bombas de festas juninas, claro. Mesmo assim o barulho era forte e sempre alguém gritava...e vinha aquela fumaça...Minha mãe chorava. Isso tudo porque meu pai era candidato a prefeito. E o outro partido atacava assim. Pois não disseram que colocariam fogo na nossa casa? Fugimos na madrugada. E eu sentia o clima.
    Meu pai perdeu a eleição por fraude. Comprovadamente. Lembro de quando uma das pessoas que ajudou na fraude confessou numa festa de Sao Pedro. Procurou meu se dizendo arrependido. Tinha ajudado a fraudar. A fraude recebeu apoio do juiz! Meu pai estava ganhando em todas as urnas. Ele mandou parar a apuração por uma semana, por aí. E quando recomeçou ele perdia em todas. Na semana sem apuração as urnas foram violadas e colocaram votos extras para o outro candidato.
    As ameaças continuavam, então meu pai resolveu sair da cidade no dia da posse. Fomos para uma fazendo chamada Caraibinhas. Ficamos lá três dias. Pois eu lembro com detalhes de muita coisa. Eu amei aqueles dias. Me encantei por um homem chamado Car Lúcio. Fiquei apaixonada por ele. Era fevereiro. Eu faria 3 anos apenas em julho, mas lembro até da camisola amarela com bordados. Lembro do nome da cozinheira. Sá Luça. Nome estranho, não é? A varanda casa com uma cisterna no meio. A agua era puxada por correntes grossas. Meus irmãos andando de bicicleta na frente que era um pasto. E aconteceu uma coisa interessante. Meu irmão Virgílio costumava dizer que quando crescesse seria vaqueiro. Pois ele viu alguma coisa ali que não gostou. Alguma maldade com o gado. Com carinha de choro e fazendo bico ele declarou: Eu não vou estudar para ser vaqueiro mais não.

    Lembro de uma noite que acordei ouvindo a voz de Car Lúcio. Pois me levantei. Achei o meu querido na sala onversando com Sá Luça. Ele sentado numa poltrona. Pois eu fui direto para o colo dele, que pegou uma revista e ficou passando pagina por página me mostrando as gravuras...E eu achando tudo lindo. E que beleza estar ali sentada no colo dele...Então chega minha mãe irritada. " Eu não acredito. Já estava dormindo! E levantou para incomodar o Car Lúcio? Não senhora, volta pra cama agora. " E ele falou. " ?Ela não esta incomodando em nada, Dona Fina. É uma menininha tão bozinha..." Nunca me esqueci disso. Alguém gostava muito de mim, me achava boazinha... E era o Car Lúcio. "
    Dia de vir embora. Dentro do carro. Já saindo Sá Luça aparece na varanda acenando para nós. E nós todos acenando para ela. A Teresa, que era nossa cozinheira e tinha ido no passeio conosco, despede dela gritado..." Até logo Sá Luça"...E ele responde. "Até Logo Teresa marvada." Nunca entendi porque Teresa era marvada...rs rs rs. Mas sei que foi dito com carinho porque todos riram muito, Teresa sempre lembrando e rindo por muitos dias.

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  7. Voltei aqui para ler as lembranças dos seus amigos. Da outra vez me envolvi escrevendo...e não li. Pois estava perdendo. Pessoal internacional com lembranças americanas e africanas. E o medão dos mamutes? Que nem você com medo do mar. E eu com medo das bombas. Ei, tem foto da mamãe Iracema?

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