Ponte Éspranada

Mesmo quem não esteve em São Paulo nos últimos anos deve conhecer a ponte que estou 'segurando' nesta foto.

Trata-se da Ponte Estaiada Otávio Frias de Oliveira, magnífico cartão Postal da cidade. Ela aparece na Globo, praticamente todos os dias, em novelas que se passam na cidade, atualmente Ti-Ti-Ti e Passione. Ou então, sempre que alguma notícia é transmitida direto dos estúdios do jornalismo da Globo paulista, estrategicamente locados em um magnífico edifício com vista para a ponte.

Na verdade, trata-se de uma evolução da técnica utilizada, por exemplo, na bucólica e quase centenária Ponte Pênsil, que liga São Vicente a Praia Grande, também no mesmo estado. A Ponte Estaiada é uma magnífica e arrojada obra de engenharia e arquitetura, feita com o que há de mais moderno em pontes: um gigantesco mastro de concreto em 'X', da altura de um prédio de 45 andares, onde se prendem 145 estais, em outras palavras, grossos conjuntos de 10 a 25 cabos de aço entrelaçados, com comprimentos que chegam a ter comprimento de 300 metros, que sustentam três faixas de rolamento em curva, que cruzam o Rio Pinheiros, uma delas a quase 30 metros do rio, entre as pontes Morumbi e uma outra que não sei o nome. Ufa!

Até hoje, eu a admirava pela beleza e pela engenharia. Quando soube que iria ficar num hotel perto dela, por ocasião de um evento do qual participei na cidade, achei que iria passar algumas vezes por ela, nos ires e vires entre aeroporto, hotel e evento. Não aconteceu nenhuma vez! Intrigado, perguntei ao motorista de táxi que me levava de volta ao aeroporto o porquê, e ele me disse tratar-se de uma 'história engraçada', que tento reproduzir aqui.

Marta Suplicy era uma prefeita incomodada com a falta de obras de impacto em sua administração, o que a deixava em desvantagem com as administrações de maluf@masfaz.com.sp, quando caiu em seu colo esse projeto, que ela abraçou. Ocorre que a ponte, apesar de ser no bairro Morumbi, não atende aos seus moradores, pois leva um grande corredor de um lado do Rio Pinheiros, a Avenida Água Espraiada, à marginal do outro lado do rio, e não a um local residencial ou comercial do bairro. Então, os carros que a cruzam, para ir às destinações desejadas, têm que ir, pela marginal, até as saídas da outra ponte já existente. Ou seja, não serviu pra quase nada. Eu notei nas vezes em que passei perto dela, que pouquíssimos veículos a usam.

Marta não foi reeleita e Serra, quando assumiu, pensou em não terminar uma obra que levava nada a lugar nenhum, mas acabou terminando, ao custo total de 260 milhões de reais para os cofres públicos. Disse-me o motorista que Marta também fez outras duas obras inúteis: dois túneis sob as Avenidas Rebouças e Cidade Jardim, que igualmente não ajudaram em nada o fluxo de tráfego, somente gastaram dinheiro.

É certo que a ponte virou ponto de referência, cartão postal, marco da cidade, maravilha da engenharia, e tudo o mais, mas para o fim precípuo de qualquer ponte, mais do que ser estaiada, ela éspranada!

Convoco os paulistas/paulistanos que me 'ouvem' a se pronunciarem, concordando com o status de 'elefante branco' que acabei de apor ao 'monumento', ou apresentem sua egrégia defesa. 

Homero Decepcionado com a Maravilha Ventura