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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Li as Cartas aos jovens Petroleiros


Duas semanas de muito trabalho me fizeram adiar o começo da leitura das 'Cartas a um jovem petroleiro', que comprei em concorridíssima noite de autógrafos de Jorge Camargo. Veja aqui nesta foto, alegria do autor e a minha, com os livros que me encomendaram, uma pequena parcela dos 250 exemplares que vendeu naquele espetacular momento. Disse-me ele que teve gente que saiu de mãos abanando... e que a 1ª Edição, de 2.500 exemplares, já se esgotou!!


Ontem, quando sentei pra ler, foi leitura direta, em 3 horas!

Tinha certeza que seria assim! Outros já me haviam me contado, velhos e jovens membros da indústria, e até ouvira de um petroleiro velho, que sua filha jovem petroleira lera o livro de uma tacada só, num vôo Rio-Natal, com a coincidência de que ela fechou o livro, após ler a última página, no exato instante em que o avião tocou o solo nordestino!! Não preciso dizer que ela adorou o livro... Aliás, como todos os demais.

E falando nela, ressalto a atitude do autor de estender, na introdução, o público destinatário das cartas, dos petroleiros às petroleiras. Muito legal que teve esse rasgo de delicadeza ao sexo oposto, limitado que foi pelo português do título. Seus pares que escreveram cartas aos jovens economistas, cientistas, esportistas não tiveram esse problema... Ele teve a sensibilidade de ampliar o espectro ao mundo feminino! E, ao longo do livro, ele conta como demorou até que a Petrobras admitisse o outro lado como empregadas.

Fluido, detalhado ao nível certo, didático, confirmou minha expectativa de contador de histórias. Provocou muitos sorrisos, às vezes gargalhadas e muitos arrepios, às vezes lágrimas. Um pouco pode ter sido por eu ter um envolvimento maior com muito do que está dito ali, afinal, sou um petroleiro, que tem orgulho de sua empresa. Mas não, tenho certeza que mesmo quem é de fora vai se emocionar um pouquinho, afinal trata-se de um orgulho nacional.

Como foi bom ouvir algumas verdades, vindas de uma pessoa que vivenciou momentos distintos de nossa gerência maior, dos militares aos civis, ressaltando claramente as vantagens de uns e de outros!!! Isso, certamente os mais jovens têm muito a aprender. Eles nasceram já em outro regime...

E os destaques nominais a muitas das figuras fundamentais para levar a Petrobras até aonde chegou, foram mais que justos. A desmistificação do caráter usurpador do pioneiro especialista americano foi fundamental, pois mesmo eu de vez em quando embarcava na onda anti-imperialista. Depois, na sequência de homenagens, cheguei a ficar preocupado que ele se resumiria aos exploracionistas como o autor, afinal são os que nos indicam aonde podem estar nossas reservas. Mas logo evanesceu-se o cenho cerrado quando li a menção aos engenheiros pioneiros da produção em águas profundas. Justa homenagem!

Na segunda parte do livro, na verdade imiscuída 'seamlessly' às outras duas, Camargo compartilha com os jovens colegas suas experiências como subordinado e como chefe, como aluno e como professor, como trabalhador aqui e lá fora. Lembra-se como ressaltei sua habilidade como contador de histórias? Veja, na descrição de sua passagem pela Noruega, em que a gente se sente como se lá estivesse. Eu senti até um arrepio de frio, tão preciso é o relato. Mais que isso, sua aula sobre valores e ética, no mesmo capítulo, mereceria destaque nas paredes de todos, gerentes ou não, petroleiros ou não, brasileiros ou não.

E a chave que fecha o livro é mais que de ouro, com uma visão sobre o momento. A explicação sobre o que é o Pré-Sal, tanto na física, como na economia! 

Primeiro, ele descreve, com a propriedade de um mestre no assunto, como ele apareceu há milhões de anos, e depois a luta para explorá-lo, e a vitória ao descobri-lo em todo o seu esplendor. Depois, com a propriedade de sua experiência internacional em como essa riqueza inegável foi tratada por aqui.  Impressionante como tudo o que Camargo descreve, nesta última e sensível parte, bate perfeitamente com a minha opinião, o que se fez de certo e o que se fez de errado. Os contratos de exploração e produção de petróleo são mares em que navego bem, são minha praia há 1/4 de século, e alavancaram minha carreira na empresa. 

O livro termina com uma linda mensagem, mas foi na penúltima carta, em que tratou de meio-ambiente, que ele provocou minha última lágrima.... Num parágrafo em que comenta a atitude se sua filha, que conheci há 18 anos, quando diz:
“Cada vez mais, jovens, principalmente os mais bem instruídos, formadores de opinião, desprezam os ícones do consumismo .... A satisfação de levar uma vida mais simples, mas não menos plena, parece estar ganhando os corações e mentes das novas gerações.”
E por que as lágrimas? É que tenho em casa dois exemplos de jovens com as exatas ambições: com muito pouco, querem apenas passar suas mensagens e ser felizes...

Enfim, obrigado, Camargo, por tentar iluminar com suas palavras os caminhos dos jovens petroleiros... E de outros nem tão jovens nem tão petroleiros assim...

4 comentários:

  1. Excelente resenha! Já tinha gostado do "Cartas a um jovem cientista" do Marcelo Gleiser e posso dizer que este do Camargo não deixa nada a desejar. É um ótimo livro para o que se propõe, ou seja, passar ao iniciante na carreira ou àquele que ainda está indeciso, um resumo de erros e acertos de quem conseguiu achar o "melhor" caminho das pedras.

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  2. Homerix, querido amigo, Escrever esse livro me trouxe muitas alegrias. Essa sua análise é daquelas coisas que tem de ir para a lista das grandes recompensas que o livro me trouxe. Sei que você tem um bias, pela nossa longa amizade e pelas nossas trajetórias que se cruzaram tantas vezes e por tantos anos, mas pude ver que você captou o que de mais importante eu tentei transmitir. Muito obrigado pela divulgação, pelas compras (você foi o campeão da noite de lançamento) e agora por essa análise que me deixa muito feliz e lisonjeadíssimo

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  3. Caro Homero, como você, também me senti muito dentro do livro, por ser tema tão dentro da atividade que exerço, como de ter participado de perto de muitas coisas descritas, como pelo ladonhumano, as duvidas e certezas. A noite foi concorrida, já na fila, entre abraços de velhos amigos fui lendo algumas cartas, o que me atacou a vontade de terminar logo a leitura.

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  4. Meus parabéns ao autor, Jorge Camargo, e ao Homero, pelo emocionado relato. Infelizmente ainda não tenho o livro, mas está na minha lista de compras para este fim de ano.

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