Duas semanas de muito trabalho me fizeram adiar o começo da
leitura das 'Cartas a um jovem petroleiro', que comprei em concorridíssima
noite de autógrafos de Jorge Camargo. Veja aqui nesta foto, alegria do autor e
a minha, com os livros que me encomendaram, uma pequena parcela dos 250
exemplares que vendeu naquele espetacular momento. Disse-me ele que teve gente que saiu de mãos abanando... e que a 1ª Edição, de 2.500 exemplares, já se esgotou!!
Ontem, quando sentei pra ler, foi leitura direta, em 3 horas!
Tinha certeza que seria assim! Outros já me haviam me contado, velhos
e jovens membros da indústria, e até ouvira de um petroleiro velho, que sua
filha jovem petroleira lera o livro de uma tacada só, num vôo Rio-Natal, com a
coincidência de que ela fechou o livro, após ler a última página, no exato
instante em que o avião tocou o solo nordestino!! Não preciso dizer que ela
adorou o livro... Aliás, como todos os demais.
E falando nela, ressalto a atitude do autor de estender, na
introdução, o público destinatário das cartas, dos petroleiros às petroleiras.
Muito legal que teve esse rasgo de delicadeza ao sexo oposto, limitado que foi
pelo português do título. Seus pares que escreveram cartas aos jovens economistas,
cientistas, esportistas não tiveram esse problema... Ele teve a sensibilidade de
ampliar o espectro ao mundo feminino! E, ao longo do livro, ele conta como demorou até que a Petrobras admitisse o outro lado como empregadas.
Fluido, detalhado ao nível certo, didático, confirmou minha
expectativa de contador de histórias. Provocou muitos sorrisos, às vezes
gargalhadas e muitos arrepios, às vezes lágrimas. Um pouco pode ter sido por eu
ter um envolvimento maior com muito do que está dito ali, afinal, sou um
petroleiro, que tem orgulho de sua empresa. Mas não, tenho certeza que mesmo
quem é de fora vai se emocionar um pouquinho, afinal trata-se de um orgulho
nacional.
Como foi bom ouvir algumas verdades, vindas de uma pessoa
que vivenciou momentos distintos de nossa gerência maior, dos militares aos
civis, ressaltando claramente as vantagens de uns e de outros!!! Isso,
certamente os mais jovens têm muito a aprender. Eles nasceram já em outro
regime...
E os destaques nominais a muitas das figuras fundamentais
para levar a Petrobras até aonde chegou, foram mais que justos. A desmistificação do caráter usurpador do pioneiro especialista americano foi fundamental, pois mesmo eu de vez em quando embarcava na onda anti-imperialista. Depois, na sequência de homenagens, cheguei a ficar
preocupado que ele se resumiria aos exploracionistas como o autor, afinal são os
que nos indicam aonde podem estar nossas reservas. Mas logo evanesceu-se o
cenho cerrado quando li a menção aos engenheiros pioneiros da produção em águas
profundas. Justa homenagem!
Na segunda parte do livro, na verdade imiscuída 'seamlessly' às outras duas, Camargo
compartilha com os jovens colegas suas experiências como subordinado e como
chefe, como aluno e como professor, como trabalhador aqui e lá fora. Lembra-se
como ressaltei sua habilidade como contador de histórias? Veja, na descrição
de sua passagem pela Noruega, em que a gente se sente como se lá estivesse. Eu
senti até um arrepio de frio, tão preciso é o relato. Mais que isso, sua aula
sobre valores e ética, no mesmo capítulo, mereceria destaque nas paredes de
todos, gerentes ou não, petroleiros ou não, brasileiros ou não.
E a chave que fecha o livro é mais que de ouro, com uma
visão sobre o momento. A explicação sobre o que é o Pré-Sal, tanto na física,
como na economia!
Primeiro, ele descreve, com a propriedade de um mestre no
assunto, como ele apareceu há milhões de anos, e depois a luta para explorá-lo,
e a vitória ao descobri-lo em todo o seu esplendor. Depois, com a propriedade
de sua experiência internacional em como essa riqueza inegável foi tratada por
aqui. Impressionante como tudo o que
Camargo descreve, nesta última e sensível parte, bate perfeitamente com a minha
opinião, o que se fez de certo e o que se fez de errado. Os contratos de
exploração e produção de petróleo são mares em que navego bem, são minha praia
há 1/4 de século, e alavancaram minha carreira na empresa.
O livro termina com uma linda mensagem, mas foi na
penúltima carta, em que tratou de
meio-ambiente, que ele provocou minha última lágrima.... Num parágrafo em que
comenta a atitude se sua filha, que conheci há 18 anos, quando diz:
“Cada vez mais, jovens, principalmente os mais bem instruídos, formadores de opinião, desprezam os ícones do consumismo .... A satisfação de levar uma vida mais simples, mas não menos plena, parece estar ganhando os corações e mentes das novas gerações.”
E por que as lágrimas? É que tenho em casa dois exemplos de
jovens com as exatas ambições: com muito pouco, querem apenas passar suas
mensagens e ser felizes...
Enfim, obrigado, Camargo, por tentar iluminar com suas
palavras os caminhos dos jovens petroleiros... E de outros nem tão jovens nem tão
petroleiros assim...
Excelente resenha! Já tinha gostado do "Cartas a um jovem cientista" do Marcelo Gleiser e posso dizer que este do Camargo não deixa nada a desejar. É um ótimo livro para o que se propõe, ou seja, passar ao iniciante na carreira ou àquele que ainda está indeciso, um resumo de erros e acertos de quem conseguiu achar o "melhor" caminho das pedras.
ResponderExcluirHomerix, querido amigo, Escrever esse livro me trouxe muitas alegrias. Essa sua análise é daquelas coisas que tem de ir para a lista das grandes recompensas que o livro me trouxe. Sei que você tem um bias, pela nossa longa amizade e pelas nossas trajetórias que se cruzaram tantas vezes e por tantos anos, mas pude ver que você captou o que de mais importante eu tentei transmitir. Muito obrigado pela divulgação, pelas compras (você foi o campeão da noite de lançamento) e agora por essa análise que me deixa muito feliz e lisonjeadíssimo
Caro Homero, como você, também me senti muito dentro do livro, por ser tema tão dentro da atividade que exerço, como de ter participado de perto de muitas coisas descritas, como pelo ladonhumano, as duvidas e certezas. A noite foi concorrida, já na fila, entre abraços de velhos amigos fui lendo algumas cartas, o que me atacou a vontade de terminar logo a leitura.
ResponderExcluirMeus parabéns ao autor, Jorge Camargo, e ao Homero, pelo emocionado relato. Infelizmente ainda não tenho o livro, mas está na minha lista de compras para este fim de ano.
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