Olá! Caso se interesse pelo livro,
Escolhi, para começar, ‘Vozes de
Tchernóbil’, e comecei sem ler orelhas, como sempre faço! Sobre o outro livro, que já acabei também, escrevo aqui, neste link! Igualmente indispensável.
Em primeiro lugar, foi a primeira vez
que vi o acento no ‘ó’.... pensava ser a tônica no ‘i’, como sempre se falou
desde a explosão do reator em abril de 1986.
Um desastre que não é como um tsunami
ou um terremoto ou uma inundação, que acontece, destrói e fim, começam as
operações de recuperação. Aqui, foram relativamente poucas as fatalidades no
dia do acidente, mas seus efeitos duram até hoje, e ficarão por séculos....
No primeiro capítulo, um brevíssimo
histórico do acidente, e fico sabendo que, apesar de a usina atômica estar numa
cidade da Ucrânia (até coloquei no meu quiz), o país mais afetado foi a
Bielo-Rússsia (assim chamada por aqui), na verdade Belarus, que significa
Nova Rússia, apesar de ‘bela’.
Depois, fico sabendo ser a escritora
jornalista...... e depois começam depoimentos, depoimentos e mais depoimentos
de sobreviventes.... aí pensei, caramba, é um monte de relatos, muito bem
concatenados e coordenados, típico de uma reportagem, um documentário jornalístico,
que talvez pudesse merecer um Prêmio Pullitzer.
Sabedor de que a instituição norueguesa
premia, não UM livro, mas a carreira do escritor como um todo, pensei.... ‘então,
vou ler este, mas depois leio um outro que deve ser o motivo do prêmio’.....
afinal, sempre pensei que ganhadores de Prêmio Nobel seriam escritores profissionais,
que ganhavam notoriedade pela qualidade de seus romances, históricos ou não, e
não compêndios de depoimentos.
Bem, isso foi a impressão inicial, porque
o conteúdo acabou me conquistando... as histórias dos primeiros mortos, dos
efeitos da radiação, depois das evacuações, de Pripyat, a cidade mais próxima,
e das demais vilas e povoados, hoje cidades-fantasma.... e das operações
oficiais atrapalhadas, quando se enterrava terra com terra, a ocultação do
verdadeiro teor do desastre, tanto que mantiveram a usina gerando eletricidade
até 2000, os pobres ‘liquidadores’ responsáveis pela ‘limpeza’, os robôs que
utilizaram mas por pouco tempo porque quebravam por conta da radiação (imagina
o que não fazia com o corpo humano...), o abandono dos lares, as coisas que
levavam, ou as que não deixavam levar, a política oficial de dizer que estava
tudo bem, o envio de tropas inteiras (sem a proteção adequada) para uma morte
lenta, relatos sobre os heróis que mergulharam num tanque radioativo para abrir
um ralo evitando um espalhamento ainda maior, os pilotos de helicópteros que
chegavam muito próximos para lançar chumbo sobre os destroços, uma geração que
morreu jovem, desprezada, lutando com o preconceito, tudo foi muito tocante.
Acostumei-me com as contagens de radiação, os roentgens, os curies, os
milicuries, nos dosímetros que ardiam, apitavam, gritavam, ao serem aproximados
de uma cadeira, de uma maçã, da
relva, do gato, da tiroide das pessoas (que é onde se depositava a
radiação), ... E as cores que tomavam as coisas e as pessoas, e dos inchamentos
que acometiam os mais graves, e dos aumentos exponenciais dos índices de
abortos espontâneos, dos nascimentos de crianças e animais malformados (não
coloquei fotos aqui), dos indicadores de câncer.
Então, cheguei à conclusão de que o
Nobel fez muito bem, sim, em premiar esse estilo de literatura, pois assim,
essas histórias vieram ao mundo, e em última análise, eu as fiquei
conhecendo.... a própria autora publica, ao final do livro, o discurso
que fez ao ganhar o prêmio, em que diz exatamente sobre essa decisão de premiar
uma obra que não era ‘literatura’.
Leitura altamente recomendada... eu
diria, essencial!!!
Bem, a gente viu mesmo que os velhinhos
noruegueses estavam querendo quebrar paradigmas... e foram ao extremo no ano
seguinte, quando concederam o mesmo prêmio ao compositor Bob Dylan, esta, sim,
uma quebra monstro de paradigma elevada ao cubo!!!
O que será que vem em 2017???
Eu estou a ler da autora também "A guerra não tem
ResponderExcluirrosto de mulher" que é fascinante!
Continue a escrever Homero que somos muitos os leitores!
Um abraço de Londres, Patrícia
Ganhei este livro neste final de semana, de uma amiga. Ansioso para ler!
ResponderExcluirHomero
ResponderExcluirObrigado pela dica, mas estou aguardando o terceiro da Renata. rsrs
Itamar
hehehe
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