Rafael Clark fala do Oscar 2014

O S C A R   2 0 1 4

        Saiu a lista de indicados ao Oscar desse ano. Como sempre, a lista foi previsível, mas com algumas pequenas surpresas: Inside Llewyn Davis, dos irmãos Coen, não foi indicado em nenhuma categoria importante, só a Melhor Fotografia e Melhor Mixagem de Som, e Tom Hanks não foi indicado a Melhor Ator nem por Capitão Phillips nem por Walt Disney nos Bastidores de Mary Poppins. Também como sempre, a maior parte dos filmes indicados não chegou aos cinemas nacionais – e agora vai começar a correria das distribuidoras para lançar tudo nas telas do país. Foram nove os indicados a Melhor Filme, dos quais só vi quatro (sendo que um foi no Festival do Rio e outro foi numa recente pré-estreia). Ou seja, as distribuidoras têm uma porção de títulos para lançar até o dia 2 de março, quando as estatuetas ser ão entregues.
        Os nove indicados a Melhor Filme são:

        Gravidade, que, ao todo, recebeu 10 indicações, incluindo a de Melhor Diretor, Melhor Atriz para Sandra Bullock, Melhores Efeitos Visuais (que deve ganhar) e Melhor Fotografia (que também deve levar);
        Trapaça, que também levou 10 indicações e firmou o diretor David O. Russell como um grande sortudo (seus dois filmes anteriores, O Vencedor e O Lado Bom da Vida, também receberam indicações a Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro e várias outras categorias importantes, mesmo não sendo memoráveis);
        12 Anos de Escravidão, que ficou com 9 indicações e é, pelo que eu tenho visto na Internet, o filme mais elogiado do ano (pena que só estreia aqui no dia 28 de fevereiro);
        Nebraska, o ótimo filme em P&B do Alexander Payne que vi no Festival do Rio, e que acabou sendo indicado em 6 categorias;
        Capitão Phillips, também indicado em 6 categorias, mas sem indicação a Melhor Diretor ou a Melhor Ator (mas com uma boa indicação a Melhor Ator Coadjuvante para o assustador Barkhad Abdi);
        Clube de Compras Dallas, também com 6 indicações, incluindo Melhor Ator para Matthew McConaughey, que parece que irá levar a estatueta;
        Ela, de Spike Jonze, com 5 indicações (mas não deve levar prêmio nenhum, até por parecer ser um desses filmes que ou você ama ou você odeia);
        O Lobo de Wall Street, com 5 indicações, incluindo Melhor Diretor para o Scorsese e uma merecidíssima indicação a Melhor Ator para o DiCaprio (eu queria muito que ele ganhasse, porque sua atuação é um dos muitos pontos altos do Lobo); e
        Philomena, produção britânica que veio meio de surpresa e levou 4 indicações, incluindo Melhor Atriz para Judi Dench (esse não tem nem previsão de ser lançado no Brasil!).

        Fora esses, o décimo filme com mais indicações foi O Hobbit: a Desolação de Smaug, que concorre a dois prêmios de som e ao de Melhores Efeitos Visuais, empatado com o ótimo Blue Jasmine, que concorre pelo roteiro original (a 24ª indicação do Woody Allen) e também pelos prêmios de Melhor Atriz (Cate Blanchett, pra quem torço desde que vi o filme) e Melhor Atriz Coadjuvante (Sally Hawkins).
        Por falar no recorde de Woody Allen, Meryl Streep também surpreendeu e foi indicada pela 18ª vez, dessa vez como Melhor Atriz por Álbum de Família – que, como previsto, também foi indicado a Melhor Atriz Coadjuvante (Julia Roberts). Nunca imaginei que diria isso, mas torço contra as duas. Adoro a Meryl e adoro a Julia, mas as duas forçaram demais a barra para chamarem a atenção da Academia, e suas interpretações ficaram um tanto exageradas por conta disso.
        No geral, acho que as indicações foram conforme o esperado e bem distribu ídas. Não creio que haja alguma barbada, a não ser na categoria de Efeitos Visuais, que só pode ir pro Gravidade mesmo, e na categoria de Melhor Filme de Animação (não tenho dúvidas de que vão homenagear o recém-aposentado Miyazaki e dar o prêmio para Vidas ao Vento, por mais que eu não goste desses desenhos japoneses e nunca tenha curtido um filme do Estúdio Ghibli). Na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, acho que o prêmio vai, merecidamente, para o italiano A Grande Beleza, ainda mais depois que o chinês O Grande Mestre e o francês Azul é a Cor Mais Quente ficaram de fora do rol final de indicados. Mas ainda há chances para o dinamarquês A Caça (que também é muito bom) ou para algum dos outros três, menos conhecidos, surpreenderem.
        Por enquanto, como ainda não vi todos os indicados, não tenho muitos motivos para torcer. Quero muito que o DiCaprio saia coroado como Melhor Ator e Cate Blanchett, como Melhor Atriz. Mas, tirando isso, não sei nem pra quem torcer na categoria de Melhor Filme (fico entre a freneticidade de O Lobo de Wall Street e a simplicidade bela de Nebraska). O jeito agora é me enfiar no cinema e aguardar ansiosamente pelo dia 2 de março, o domingo do Oscar. Aliás, motivo duplo para ficar ansioso: dia 2 de março também é Domingo de Carnaval.

Rafael Sander P. Clark