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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Lady Suffragette

Ora ora ora
Nas salas de cinema , rola 'As Sufragistas'
filme que eu vou ver com certeza.
Hoje, 3 pessoas leram este post de Março de 2010...
Hora de republicá-lo!
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Hoje, três momentos me inspiraram para este papo:
1.        Uma ótima entrevista de Bia Figueiredo com Ricardo Boechat, que ouvi na Band News FM: pra quem não sabe, ela é piloto da Fórmula Indy, e vai correr a São Paulo Indy 300 no próximo domingo, transmissão da Band. Pra mim, imperdível: o circuito de rua, montado em volta do Anhembi, com direito a desfile pela Passarela do (Túmulo) Samba, e à maior reta da categoria em plena marginal e vários pontos de ultrapassagem. Além de Bia, tem outros quatro brasileiros, e quatro outras mulheres na pista;
2.       Na mesma Band News, um dado interessante revelado pelo Professor Labareda: apenas 10% da população brasileira ainda considera que as mulheres devem limitar-se aos serviços domésticos, o que nos coloca numa posição de vanguarda no ranking mundial, claro que muito à frente de Índia, com 54%, como já era esperado e, bem à frente dos EUA, com espantosos 25%;
3.       A imagem da declaração de Bru(cutu)no, goleiro do Flamengo, que somente vi hoje. Ao defender seu companheiro Adriano, ele desafiou: “Quem nunca brigou ou até saiu na mão com a própria mulher?”. Pois é, agora se vê quem tinha razão quando uma ex-namorada dele o acusou de seqüestro, agressão e ameaça de morte. Boa gente esse rapaz! Maria da Penha nele!!!
Então, lembrei que estamos na semana internacional da mulher, se é que posso chamar assim, cujo dia foi celebrado na segunda-feira, 100 anos depois de sua primeira celebração, apesar de a data ter sido oficializada apenas em 1975. Em seguida, lembrei-me de um grupo de mulheres corajosas que certamente contribuíram para o estado de conquistas do universo feminino (esquece aquele brucutu lá de cima).
E, claro, que tem relação com o universo beatle!
Explico!
Um dos melhores discos de Paul em carreira solo foi ‘Band on the Run’, de 1973, e uma das canções desse disco que ele canta até hoje em seus shows é ‘Jet’. Um trecho da letra diz:
Jet, was your father as bold as the Sergeant Major
Well how come he told you that you’re hardly old enough yet?
And Jet, I thought the major was a lady suffragette!
Jet! Jet!     U-U-U-U  U-U-U   U-U

Na época, não entendi absolutamente nada da letra, e não tinha Google, para saber do significado da tal ‘lady’, e me esqueci do assunto. Mais de trinta anos depois, em 2004 a explicação caiu no meu colo, quando lia um excelente livro ‘Londres – O Romance’, de um certo Edward Rutherford. Um verdadeiro épico, cobrindo 1000 anos de história daquela cidade que eu amo (por várias razões), desde sua fundação no Século XI. 

O autor o faz numa forma romanceada, com uma linhagem de personagens fictícios, que mantinham uma semelhança física entre si (uma mecha de cabelos brancos e os dedos levemente unidos, qual patos), que testemunhavam eventos notáveis. Pena que os 1000 anos terminaram antes da revolução que os Beatles provocaram, na década de 1960.

Em um dos últimos capítulos, veio a história das Suffragette Ladies (Mulheres pelo Voto), que brigavam pelo direito de voto feminino no fim do Século XIX, começo do Século XX. Cansadas de tentarem convencer parlamentares e realeza, pela palavra e pela abordagem educada, da injustiça que era deixarem as mulheres de fora do processo democrático, aquelas bravas mulheres partiram literalmente para a porrada, quebrando vitrines de loja, fazendo barulho. A repressão foi forte: elas eram presas, na prisão faziam greve de fome e eram alimentadas à força por tubos enfiados por suas gargantas, como fazem ainda hoje com os pobres gansos, para a produção do foie gras. Houve mesmo morte de algumas, uma delas, atropelada por cavalos reais, e uma passeata memorável, em 1911, com mais de sete quilômetros de mulheres pacificamente bradando por seus direitos. 

Entretanto, elas somente conseguiram seu intento por um singelo motivo: falta de homem! Isso mesmo! Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), homens ingleses estavam na main land continente europeu, guerreando, e morriam aos borbotões, poucos ficaram para fazer o serviço normalmente masculino. As mulheres pegaram no pesado, trabalhando de motoristas, de atendentes, em fábricas de munição, em estradas de ferro e, finalmente, o governo reconheceu seu valor, em 1917.


Graças ao livro, então, eu descobri o significado do termo, o que não significou que eu tenha descoberto o que Paul quis dizer na letra, que continuo sem saber.


Se alguém sabe, me diga.

Homero Feminista Intrigado Ventura

12 comentários:

  1. Sinceramente, a letra de Jet não faz sentido algum para mim. Mas era uma música muito gostosa de tocar nos meus tempos de Black Bird, com direito de solo de sintetizador.

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  2. Homero V:
    Quando vi o título, pensei que você estava se referindo à nossa futura presidenta da Petrobras, (caso Dilma ganhe), no seu pronunciamento no Dia Internacional da Mulher, dizendo que a candidata era muito melhor que os incompetentes candidatos.
    No final, não é facil ser mulher em um ambiente machista, e até que melhoramos neste aspecto. Porém, não é facil ser homem quando no caso de mulher mandona. Tenho pena do sr. Roussef e talvez mais ainda do sr. Forster...
    Abraço,

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  3. Homero.
    Também fiquei curioso com o que Paul quis dizer.
    Lendo a explicação para asSuffragette Ladies, lembrei de um filme que vi um ou dois meses atrás. Era a mesma história, só que se passava nos EUA. Foram passeatas, tentativas de aprovar uma lei no Congresso e manifestações na frente da Casa Branca até que estourou a 1º Guerra. A partir desse momento elas foram presas, faziam greves de fome e eram alimentadas a força. Só que ao contrário do que ocorreu no Reino Unido, acho que foi a pressão da opinião pública que fez o governo recuar e aceitar as reivindicações delas. Lembro que um dos argumentos que elas usavam era: se nós temos que pagar impostos que servem para pagar o salário dos políticos, é justo que possamos elegê-los também.
    Lendo seu correio, fiquei na dúvida sobre qual movimento inspirou qual.

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  4. Responder
    |Paulo Rocha para mim
    mostrar detalhes 11/03/10


    Valeu, Homerão,
    Lí neuróticamente, com o cuidado de assimilar a "coisa feminina". Alías sou feminista, acho elas cheia de todos os talentos e o que é mas importante, em muitos casos e quando querem mais capazes do que muitos homens.
    Tantos homens como mulheres sem seus hormónios opostos, o que os diferencia são as predominancias e as proporções

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  5. oi Homero Coringa Ventura

    legal sua matéria, parabéns pela versatilidade
    (você esqueceu dos meninos da vila 10 X 0)
    e aproveito e pergunto:

    "existe o dia do homem branco?"

    isso mesmo, existe o dia do homem,
    mas aí é sacanagem porque os negros tem
    dois dias prá comemorar [consciência negra]
    15 de julho e 20 de novembro.

    "NÃO EXISTE
    - TESTEMUNHA MAIS TERRÍVEL
    - ACUSADOR MAIS PODEROSO
    DO QUE A CONSCIÊNCIA QUE HABITA EM NÓS"
    Sófocles




    bração do
    francisco paulo

    PS.: Não tenho problemas com cores. Gosto de todas.
    Agradeço a Deus pelas duas visões que ele me deu:
    os olhos e a consciência

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  6. Caro Mero,

    Esse seu e-mail deve ter sido enviado num daqueles períodos em que viajei e/ou não tive tempo de olhar os meus inboxes.

    Interpretar os Beatles ou seus ex-integrantes em suas respectivas carreiras solos é, por vezes, tarefa complexa. Em geral, apreciamos o conjunto da obra desses caras, mais pela musicalidade, do que necessariamente pela interpretação das suas letras. Por vezes, há muitos eufemismos, algo em que os ingleses são mestres. Outras, em caso de mensagens cifradas, como em Lady in the Sky with Diamonds, onde o "go for a ride in the sky" tinha no LSD o seu combustível motivador.

    Na cançao do Paul que você cita, é muito provável que este tenha feito referências aos amigos (ou quase amigos) John Lennon e David Bowie. Este último também tinha uma canção chamada Suffragette City. Ou a idade já me expõe às saladas mentais? O Jet era o tratamento antigo do grupo ao John Lennon, cujo pai não era um ofici al da marinha mercante? Há que se entender também se não há nenhum cão nessa história com o nome de Lady Suffragette. Os ingleses têm maior afeição pelos pets do que pelas crianças. Então caberia juntar tudo isso para melhor interpretar o que o Paul quiz dizer. A outra maneira de entender, é perguntar-lhe, aproveitando que ele ainda está vivo.

    Mande um abração ao Dirceu. E espero que o Ganso e seus white caps se fartem de um bom foie gras suino nesta tarde na Vila.

    Hugs,

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  7. Oi, Você viu este site? ´Mas realmente só Paul poderá dizer qual o motivo da música e letra.

    http://lyricskeeper.com.br/pt/paul-mccartney/jet.html

    Bjs

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  8. Chefe Homero

    Veja que interessante.
    Creio que tenhas visto a informação, vindo da Terra da "Ladies", sobre o aumento da inteligência nas pessoas que se exercitam, correm.
    Não me recordo dos detalhes, mas parece que depende da formação cultural também.

    Digo isto para lembrar do Bru(crutu)no e muitos outros da mesma estirpe, que correm, se exercitam, etc. e....................que inteligência !

    Abraços

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  9. Homero,

    O que Paul quis dizer na letra eu também não tenho a menor ideia...
    Agora o livro é "O" Romance, não "Um" romance qualquer, pena que não achei pra comprar.
    Abs.

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  10. Tenho o hábito de ler tudo, desde abobrinhas até assuntos do maior interesse. Lembro-me de ter lido isso folheando livros nas inúmeras livrarias que visitei em Londres, durante a minha inesquecível missão naquela cidade maravilhosa. Alías é um dos meus passatempos preferidos.

    Por falar em livros, o seu sumário sobre a Lady Sufra me pareceu impecável.

    Na linha de absorver conhecimentos, quando era garoto, eu tinha amigos com que disputávamos quem trazia as palavras mais longas ou times que começassem pela letra z, por exemplo, entre outros desafios. Perguntas, por vezes, com tom de almanaque do biotÃ?nico Fontoura, como era o nome do pai do Pelé, ou em que time o pai do Pelé começou a jogar futebol, e assim por diante. Os Beatles era uma febre no período da minha infãncia e juventude e eu me lembro de ter colecionado um álbum de figurinhas, na forma de fotos, onde havia muitas histórias, dados de curiosidades e pessoais dos Beatles. Esse álbum me fora surrupiado por volta de 1974 e nunca mais o vi. O problema é que a quantidade de informação na cabeça, por vezes me obriga a um processo de restoration, que nem sempre funciona com o avançar da idade.

    Numa dessas disputas de palavras longas, eu li no envelopinho da Cibalena, o nome dos componentes químicos do então popular analgésico (se bem que era para dor de cabeça), na forma de palavra única, que eu me lembro até hoje: dimetilaminofenildimetilpirazolona. Ganhei a parada, na ocasião.

    Por falar em cinema, se você tiver a oportunidade, veja "Dear John". Um filme dramaticamente gostoso e intrigante. Vi esse filme na minha última estada em Katy, durante o Carnaval deste ano. Recomendo.

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  11. Valeu Homero! Já tinha intenção de ver o filme! Desta vez nossas apostas coincidem.
    Abraços

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  12. Boa, Homero! Fico feliz em descobrir que não sou só eu que não entendi os versos de Jet.
    Assisti Sufragette e tenho certeza que você também vai gostar. O filme retrata exatamente o que você descreve no texto acima (afinal, isto é história). No final, apresenta uma cronologia da evolução dos direitos femininos pelo mundo. Algumas informações são surpreendentes!

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