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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Valorosa e Garbosa

Em minha nova casa na empresa, serenamente habitando uma estação de trabalho bem colocada, acabei por conhecer melhor o Fernando, de quem sabia profissionalmente, mas não de seu hobby preferido... escrever. Tínhamos portanto algo em comum. Colocou-me em sua newsletter, que ele brilhantemente nomeia 'Textos de Quinta' apenas por serem liberados quase que religiosamente no quinto dia de cada semana, e nunca por sua qualidade, afinal são todos de primeira, aliás, primeiríssima qualidade...

Isto posto, vez por outra, darei uma terceirizada em seus textos, já que ele resiste em criar um  blog para sua divulgação.. tenho certeza que ainda vai embarcar nessa.

Começo com uma brilhante descrição de um histórico episódio...

Divirtam-se!
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A heróica e decisiva participação da Marinha brasileira na 1ª.Guerra Mundial



Em outubro de 1917, após o afundamento de quatro navios mercantes brasileiros, o Brasil declarou guerra ao Império Alemão. Depois de um tempo relativamente curto, comprovando a eficiência dos preparativos nacionais, em maio de 1918 zarpou do porto do Rio de Janeiro a garbosa esquadra brasileira, composta por dois cruzadores, quadro contratorpedeiros, um rebocador e um navio de apoio, em direção a Gibraltar, onde a mesma iria se juntar à esquadra inglesa para combater os covardes inimigos da pátria amada. A travessia seria feita com escalas em Salvador, Recife, Natal, Fernando de Noronha, Freetown (Serra Leoa) e Dakar (Senegal), antes de chegar a Gibraltar. No primeiro trecho, entre o Rio e Salvador, aconteceu o primeiro contratempo, tendo um contratorpedeiro ficado à deriva, sendo rebocado até Salvador para os devidos reparos.

Em agosto, após a travessia, já em Freetown, a garbosa esquadra precisou permanecer por mais 14 dias, para reparos. Afinal, tinha acabado de cruzar o Atlântico, feito de respeito. Entre Freetown e Dakar, já em setembro, a valorosa esquadra foi atacada por um submarino alemão. O ignóbil torpedo germânico não atingiu o alvo. Os navios brasileiros contra-atacaram e, pelo que se sabe, ao confundir a belonave teutônica com um cardume de peixes ou um grupo de focas, provocou uma grande matança de animais marinhos.

Em Dakar, ocorreu o pior: a tripulação foi atacada pela gripe espanhola. Dos 1.500 tripulantes, cerca de 95% contrariam a doença, mais de 100 morreram e 150 precisaram voltar ao Brasil, onde muitos também vieram a falecer. Outros sobreviveram mas passaram a gripe a muitos outros brasileiros, que vieram a morrer ou transmitiram a doença, e assim excessivamente.

Em final de outubro, um ano após a declaração de guerra, finalmente, a esquadra brasileira já desfalcada do rebocador, que havia retornado ao Brasil, do navio de apoio, convocado a transportar trigo para o governo francês, e de um cruzador e de um contratorpedeiro que tiveram que permanecer no porto de Dakar, por problemas mecânicos, rumou a Gibraltar. O costumeiro atraso, característica nacional marcante, provou-se mais uma vez importantíssimo, diria mesmo fundamental. Acabamos por chegar depois do previsto ao encontro com o encouraçado inglês Britânia, que defrontou-se com os malvados submarinos alemãs e foi afundado por eles. Assim, a valorosa esquadra brasileira, agora composta por quatro garbosos navios, escapou de ser reduzida a três, dois ou menos navios pelos insidiosos submarinos germânicos e seus tropedos criminosos.

Em 10 de novembro de 1918, a reduzida, mas nem por isto menos garbosa esquadra nacional, apresentou-se aos comandantes britânicos, sob cujas ordens iria combater. No dia seguinte, 11 de novembro, o armistício pôs fim à guerra.

Os nossos navios, contudo, não iriam fazer tal heróica aventura sem glória e, durante os próximos sete meses, realizaram visitas a Inglaterra, França, Portugal, Itália e as ilhas de Cabo Verde. Finalmente, após muitos meses de navegação e incontáveis reparos, a valorosa e garbosa esquadra retornou ao Rio, em junho de 1919.    

De tudo isto, resta uma conclusão: bastou a nossa chegada ao front para que o ignóbil inimigo, temeroso ante o nosso poderio, acenasse, desesperado, com o pedido de paz. Assim é, se lhe parece...   


2 comentários:

  1. Não sei se hoje estamos muito melhor que em 1918, quando nossa garbosa esquadra partiu.

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