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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Os Miseráveis: do preconceito à aceitação


Explico: normalmente não iria assistir a 'Os Miseráveis' por ser um musical. Fui por ser candidato a Oscars e por causa da insistência de Renata, e ela também sofria do preconceito.

Resultado: após o filme, passei à aceitação. Mas não mais que isso, e devido a uma parte do que acontece.

Por exemplo: é legal quando os atores cantam canções inteiras. Muito bom, apesar de ser estranho ver o gladiador Russell Crowe cantando... O wolverine Hugh Jackman, eu já havia ouvido como apresentador do Oscar 2011, e já sabia que mandava muito bem. Agora o ponto alto, altíssimo, máximo, ápice do filme é Fantine, interpretada por Anne Hattaway, cantando 'I dreamed a dream', aquela mesma canção com que a senhora inglesa Susan Boyle encantou o mundo e virou celebridade. Aliás, dizem até que os produtores se decidiram a encenar a peça na telona por causa daquele sucesso. Anne, a eterna vítima do Diabo que vestia Prada, deu um show. A música cantada no contexto do filme ganha uma imensidão dramática insuperável. Como disse Renata, dá vontade de levantar e aplaudir e gritar: Oscar, Oscar, Oscar!!! E ela vai ganhar, como coadjuvante!!

Por exemplo (2): é legal quando há cantoria coletiva, como na cena da fábrica em que nos apresentam Fantine, como no canto dos miseráveis no gueto ao verem passar a cavalaria, como na cena do povo cantando a canção revolucionária, e outros momentos assim. Totalmente encaixados e envolventes.

Agora, os diálogos cantados são demais pra mim. Não me passam a autenticidade que o tema requer. Declarações de amor e de ódio não combinam com a cantoria. Quando você espera que dessa vez ele vão apenas falar, e começa uma cantoria, é angustiante.... Sentia vergonha alheia e por vezes escondia a cabeça na camisa.

Posso até dar um desconto a alguns outros momentos, se eu pensar que a fala cantada é um 'pensar alto' do personagem. Como por exemplo, numa cena em que Jean Valjeant se esconde num pátio escuro, sabedor que o inspetor Javert, seu incansável perseguidor de décadas, está a poucos metros dele, e o que ele faz? Começa a cantar sua angústia em altos brados!!! Aí dá vontade de rir, numa cena que deveria ser tensa! Bom, tudo bem, era o pensamento dele, e Javert não poderia ouvir seu pensamento...

A história em si, é cativante, um dramalhaço-aço-aço de Victor Hugo. Se alguém procurar o exemplo máximo da injustiça, vai seguramente se lembrar de Jean Valjeant, que passou 19 anos preso por roubar um pão para dar à sobrinha que morria de fome. E se procurar um exemplo máximo de obsessão pela justiça e cumprimento do dever, vai encontrar no inspetor Javert seu representante ideal. Grande Victor Hugo!! Falando dos dois, seus encontros no filme são sempre marcantes. A cena inicial é espetacular, e o momento em que Javert reconhece o olhar de Valjeant depois de 10 anos de perseguição, é o melhor de todos eles.

Outros momentos bons: as aparições do menino Gavroche e do casal Thérnadier, os donos 171 da taverna, maravilhosamente interpretados por Helena Bonham Carter e por Sasha Baron Cohen, lembram-se dele? Sim, o impagável Borat!

Não vou ficar triste se Hugh Jackman ganhar o Oscar de Melhor Ator, mesmo batendo meu favorito Daniel Day Lewis, que foi interpretado por Lincoln (ou seria o contrário?). Afinal, Jean Valjeant e toda a carga de emoção foram capturados pelo ator. No total, o filme concorre a 8 Oscars.

Melhor Filme? Fiquei mais impressionado com 'Lincoln' e 'Argo', e até mesmo 'Django Livre'! Mas também não vou ficar triste!!! Foi grandioso!! Vou entender perfeitamente!!!

4 comentários:

  1. Homero, também tinha preconceito com musicais, tinha me esquecido que era musical, mas tinha decidido ir. Vitor Hugo é sempre imperdível. Quanto a cantoria das falas, ás vezes era estranho, mas o contexto de ser, em geral, o pensamento dos personagens, dissipou completamente a estranheza. Logo na primeira cena já fique hipnotizada. Espetacular!!!
    Qual dos filmes o melhor? Vi Lincoln e O Vôo...difícil escolher. Mas Les Miserables é quase hour concurs... Beijos, Carol

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  2. Geralmente seus comentários batem com a minha impressão dos filmes.
    Quanto a Os miseráveis, fui um pouco mais condescendente que você.
    Enquanto você se deu a desculpa de que as cantorias individuais eram os personagens "pensando alto", eu fui assistir imaginando ver apenas a filmagem de um broadway show, ou seja, uma peça teatral da Broadway sem as limitações de cenário. Acredito que o efeito seja o mesmo.
    Em tempo: eu gosto de musicais, sejam encenados ou filmados.
    Fiquei muito impressionado com a cena inicial, do estaleiro, tanto pela tomada aérea quanto pela caracterização do Hugh Jackman como Jean Valjean, quase irreconhecível (dizem que ele perdeu quase 10 kg para fazer o personagem).
    Outros pontos altos no filme (além da Fantine): o casal Helena-Sasha e as cenas em que Jean Valjean fica atormentado por sua consciencia.
    O filme me deixou curioso sobre esse período da história francesa, com outras revoluções ocorrendo, bem depois da Revolução Francesa e do período Napoleônico. Vou ter que pesquisar e estudar.
    Outra curiosidade relacionada ao que o filme mostra é que, por conta dessas revoltas que ocorriam em Paris, o governo (não sei se o francês ou da cidade) contratou o urbanista Haussmann (homenageado hoje como nome do boulevard onde fica a Galeries Lafayette) para remodelar Paris abrindo grandes e largas avenidas, os boulevards.
    O objetivo não era o alcançado embelezamento da cidade e sim permitir que as tropas, com cavalaria e canhões, pudessem chegar rapidamente aos bairros onde ocorriam as revoltas, com menos risco de ter o caminho interrompido por barricadas.

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  3. Homerix... sua impressões cinéfilas, sempre muito bem apresentada... a meu sentido e desejos fazes parte do rol dos críticos de cinema... mas não lhe daria o título de "bonequinho"... Pensarei na sua imagem figurativa desta 7ª arte.
    Paulus

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  4. Acho que o melhor foi o final do filme,emocionante!!!!
    abs,
    Terezinha Santos

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