O cara exagerou .... mas escreveu muito bem!!
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Conhecido pela literatura de Jorge Amado, Guimarães Rosa,
Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Machado de Assis e tantos outros
imortais, o Brasil tem visto uma nova onda vermelha em suas regiões. Uma nova
maneira de ver a literatura fantástica nacional.
A Arma Escarlate não é, como alguns gostam de comparar, um
"Harry Potter brasileiro". E ouso dizer, jamais o seria - e pelos
bons motivos. Hugo Escarlate, o Idá do Dona Marta, é a representação real do
jovem brasileiro, ainda hoje esquecido pelo holofotes da mídia
assistencialista. Hugo nasceu e viveu em uma favela. E poderia ter nascido e
vivido no interior do nordeste, da Amazônia ou no esquecido Acre, estado de
Átila Antunes, e ainda assim representaria a legião de filhos de jovens sem orientação social e educacional, vítimas e
agentes da violência; de indivíduos imersos em submundos dos mais variados, do
saudável ao nocivo.
Renata Ventura explorou o que o Brasil tem de sobra:
misticismo, miscigenação, pluralidade de opinião, crenças e sotaques, particularidades
regionais e trejeitos locais. Em uma obra reuniu o catolicismo, a bruxaria, a
cultura popular, o imaginário dos avós, a cultura e a religião africanas, sem
deixar que uma sobressaísse ou que qualquer traço de preconceito existisse
entre suas linhas. E isso, mais que qualquer outra característica, é o que
torna A Arma Escarlate distante e próximo do britânico Harry Potter. O
equivalente europeu é distante no que se refere à essa diversidade e à
intimidade com os Orixás; próximos apenas pela bruxaria.
E se por um lado a realidade está encadeada através dos
personagens, por outro a fantasia revela o quanto as periferias são perigosas,
não apenas para os adultos; sobretudo para as crianças, que entram para o mundo
do crime por falta de escolha ou pela "normalidade" de suas
realidades. Ventura explora com delicadeza o abandono, a exploração e a curta
vida de crianças que nascem sob a égide da marginalidade, do descaso e da aceitação social tácita de sua "condição", revelando-nos
o quanto ainda precisamos avançar para uma sociedade justa e equilibrada.
Com um fundo social fortíssimo, A Arma Escarlate é mais que
mera fantasia. É o real personificado em mitologia; em histórias incríveis. Uma
maneira de escrever que há muito tempo não víamos (desde os Subterrâneos da
Liberdade, de Jorge Amado, ou Incidente em Antares, de Érico Veríssimo).
À parte isso, a leitura fácil e apaixonante que conduz o
leitor ao um desfecho agradável com gosto de "quero mais".
Da autora, pelos
motivos já explicados, discordo apenas quando ela se refere a Hugo como um
anti-herói. Ele responde aos estímulos nocivos do ambiente em que se
desenvolveu, defendendo-se da maneira que aprendeu. E isso não é ser
anti-herói. No Brasil não poderia ter nascido Capitão América, X-Men, Batman ou
Super-Homem porque eles são certinhos demais, fictícios demais. Hugo, ao
contrário, é real nas ruas de todo o Brasil e é Herói, por suas escolhas e por
sua dualidade Bem-Mal (que só os Orixás possuem, deuses tão humanos!).
Saravá.
Homero
ResponderExcluirVocê é suspeito ao fazer esse comentário, por se tratar de quem é a escritora, mas está perfeito.
O Hugo representa o herói, o Bofronte o político "bonzinho" que usa o Ustra para suas malvadezas.
Acho que tenho visto algo parecido em algum país.
Itamar
Homerix,
ResponderExcluirEsse personagem Hugo, é muito interessante, intrigante, e foi bem criado pela Renata.
Por outra parte, o problema está no Hugo do mal, quem criou a franquia da "revolução bolivariana", com preocupantes simpatizantes e praticantes dessa insanidade espalhados pela América Latina. Pobre Simón Bolivar, quem não tem nada a ver com isso. Com relação a essa membresía, é inacreditável a imagem que foi grafitada, com o consentimento da Prefeitura de São Paulo, em um dos seus viadutos. Tal imagem é, de maneira inequívoca, a do Hugo do mal, mas o argumento que foi levado ao público é a de que se trata da imagem de uma pessoa sem identificação com quaisquer personagens. Considero isso uma absoluta agressão à inteligência das pessoas, algo que temos sofrido de maneira crescente nos últimos 12 anos, como fazem os membros da "confraria bolivariana"...