Na época da Bienal do Rio, esteve hospedada em casa uma
jovem escritora, Ana Macedo, que mesmo tendo chegado recentemente aos 18 anos,
já tem uma produção respeitável. Com 16, publicou o primeiro livro, Lágrima de
Fogo, que havia escrito aos 12... Agora já tem pronto o segundo livro que ela
disse, no café da manhã, tratar-se de uma distopia .... silêncio ... tri tri
tri ... 'Nossa que legal!' ... foi o que eu pude dizer.....
Pois é... Fiz cara de entendido mas näo confessei que não
sabia do que se tratava.... nem sei porque, pois costumo perguntar sobre o que
não entendo.... De qualquer modo, estou confessando agora.
Todo este intróito, por que?
É porque fui finalmente assistir Elysium, novo filme de Neil Bloomkamp, que surpreendeu o mundo com seu primeiro filme, Distrito 9, excelente e
intrigante, tanto que foi candidato a
melhor filme de 2009. Falei sobre le, dentre outros filmes, aqui, neste post:
http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2010/02/com-ou-sem-oscar-4-candidatos.html
http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2010/02/com-ou-sem-oscar-4-candidatos.html
Seu novo filme mostra justamente uma distopia! E, em contraponto,
mostra também uma utopia. Aliás, esta é a origem do termo: distopia foi criado para significar o oposto
de utopia. Renata me explicara naquele mesmo dia
No fim do Século XXI, a terra superpopulada é miserável, um
cenário de destruição, com gente se acumulando em hospitais, e exploração de
trabalho mal remunerado, configurando-se uma distopia, enquanto os ricos viviam
numa mega hiper super estação espacial, cheia de verde e casas bonitas, onde
não havia doenças... cada casa tinha sua própria mesa diagnóstica e curadora,
configurando-se um cenário utópico, aparentemente
Matt Damon é um operário que sonha mudar-se para Elysium;
Jodie Foster é uma comandante da estação, que faz de tudo pra manter a tranquilidade
dos privilegiados..
Mais legal é a presença de DOIS atores brasileiros em papéis
de destaque. A primeira, Alice Braga, já não é novidade. A sobrinha de Dona
Flor já tem uma carreira sólida em Hollywood com uns 10 filmes, em que contracenou
com Will Smith, Harrison Ford, Juliane Moore, Ashley Judd, Brendan Fraser, Ray
Liotta e outros menos cotados. No filme ela faz uma enfermeira, parceira de
Matt Damon. A novidade mesmo é o nosso eterno Capitão Nascimento. Wagner Moura
está ótimo como o expert em tecnologia que comanda missões de ‘terráqueos’ rumo
a Elysium para que sejam tratados. Interessante que ao contrário de Rodrigo
Santoro pode pleitear papéis mais centrais, de galã (mesmo que para isso tenha
que se sujeitar a papéis como o andrógino Rei da Pérsia), já o nosso herói
deverá se contentar com papéis como este, meio caricatos. Mas mandou muito bem!
E percebam que uma hora ele solta um ”Po - - a, Cara - - o!”.
Mesmo com alguns erros e os clichês de sempre, como ele ser o único que escapa de um massacre, ou aqueles
plugs que sempre encaixam, o filme é boa diversão.
Já que estamos falando de cinema, gostaria de sugerir dois lançamentos que eu achei excelentes: O Capital (atualissimo, explica direitinho como e porque acontecem as crises financeiras mundiais, como os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres e, ainda por cima, como estes perdem os seus empregos), sem contar que é um filme com o selo de qualidade de Costa-Gavras e o surpreendente 'Gravidade', escolhido para abrir o Festival de Veneza. Este último, consegue fazer com que o espectador sequer pisque na cadeira. Um abraço.
ResponderExcluirCapitão Nascimento virou "Coyote"???!!!
ResponderExcluirBem, agora são 4 filmes pra eu botar a lista em dia: Elysium, O Capital (por sugestão do comentário acima, da Rosana), Gravidade (críticas muito boas ontem no Manhatan Connection), e A Família, já comentada aqui.
O negócio é programar a sequencia para ver primeiro os que estão em cartaz a mais tempo antes que saiam da programação ou acabem em cinemas tão longíquos quanto Elysium...