GEnte, que legal!!
Eu estava preocupado com o que poderia aparecer no palco, ao vivo, com a performance da Baleia, no show de lançamento de seu disco Quebra Azul. Afinal, como seria traduzido um disco tão rico em detalhes? Eles também estavam. Sentia isso na agitação de um deles, lá em casa, meu filho Felipe.
Pois bem! Deu certo, muito certo! Saímos todos emocionados!! Em breve, farei um relato aqui.
Hoje, mostro pra vocês uma entrevista que saiu ontem, no Rock'n Beats, que eu li logo antes de sair pro show, com o Felipe e o Gabriel, um dos vocalistas, ambos compositores.
Pode clicar no link abaixo ou seguir lendo aqui mesmo!!
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Eles eram apenas um diamante bruto em sua origem, lá em
2010, quando ainda sem identidade própria, apostavam em suas habilidades ao
recriar pérolas do pop. O tempo passou e, em método lento, quase que artesanal,
a Baleia fez jus ao nome e soltou o grandioso Quebra Azul, estreia
recém-lançada que foge aos rótulos banais e surpreende pelas composições
arrojadas.
O refinamento de Quebra Azul é de dar inveja, uma obra que
mescla a famigerada MPB aos ritmos do contemporâneo, que soa séria a la Radiohead
em Breu, mas que se permite ser nostálgica e infantil em Jiraya. Para explicar
com detalhes todo o processo por trás do álbum, o Rock ‘n’ Beats falou com os
integrantes Felipe Ventura e Gabriel Vaz sobre o ciclo lento do nascimento de
Quebra Azul, as mudanças de dinâmica e repertório do grupo e a expectativa para
o show de lançamento do álbum, que será realizado na noite desta quinta-feira
(07), no Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Rock ‘n’ Beats: Como foi o processo de construção do Quebra
Azul? Esse disco não começou a ser gravado recentemente – algo iniciado em
torno de dois anos, creio eu -, a banda esperou um tempo por quê?
Felipe: Peraí… 2 anos?! Não creio…
Gabriel: Pois é, demorou pra caramba! Mas não foi por puro
preciosismo, como podem pensar. Na verdade, não foi intencional. Primeiramente,
a banda estava nesse processo de transformação – estávamos tentando entender os
nossos próprios anseios musicais. Isso demandou um tempo de amadurecimento do
grupo e das ideias. Em segundo lugar (e não menos importante), não tínhamos
dinheiro, nem facilidade de recursos pra produzir o que pretendíamos. Nos
juntamos com amigos incríveis que acreditaram na banda e toparam trabalhar por
pouco e no coração. O Lucas, que chefia o estúdio da Biscoito Fino, foi o
primeiro a entrar no barco com a gente. Dedicamos muito das nossas folgas e
tempo livre pra criar esse disco. A construção desse trabalho se deu no
decorrer desses 1 ano e 9 meses, com muitas pausas e buracos. Mas o ritmo lento
da produção nos deu tempo pra nos descobrir como banda. Muitas músicas que
estão no álbum foram criadas no meio desse processo.
RnB: Na origem, vocês eram sete. O que mudou na dinâmica da
banda após a saída de Maria Luiza Jobim, agora no Opala?
Gabriel: Na verdade, não mudou muita coisa. A banda já
estava mudando de dinâmica antes da Maria Luiza sair, e acho que essa foi até
umas das razões pra isso acontecer. Já não estávamos tendo compatibilidade de
anseios dentro do processo criativo. É aquela velha história, foi melhor pros
dois lados. Ambos puderam ir fundo no que, realmente, buscavam.
RnB: Quebra Azul se destaca, sobretudo, pelos arranjos
feitos pela banda e pela produção de Bruno Giorgi e Lucas Ariel. Como acham que
essa combinação ajudou a o grupo a lançar um dos discos nacionais mais
interessantes do ano?
Gabriel: Tivemos muita sorte de nos envolvermos com esses
dois monstrinhos! O mais legal de um trabalho como esse é saber mediar o quanto
de controle e descontrole você tem sobre a produção. Tínhamos uma ideia bem
clara das formas, arranjos e construções das músicas, mas demos toda a
liberdade pra que o Bruno e o Lucas trabalhassem, propusessem e manipulassem
elas na mixagem. As músicas cresceram muito depois que eles meteram as mãos. Elas
adquiriram uma personalidade que não saberíamos imprimir se dependesse só da
gente.
Felipe: Pra mim, um aspecto interessante desse time de
mixadores/produtores é a enorme diferença estética na bagagem que cada um deles
carrega. Lucas trouxe pro disco a gravação cristalina, a mixagem precisa e
clara, a “boniteza”, a tradição. O Bruno trouxe as “sujeiras”, a compressão
exagerada, os delays, a experimentação. Tivemos muita sorte, de fato.
RnB: A arte do disco com foto de Eliane Heeren e projeto de
Lisa Akerman traz dois bailarinos à la o Homem Vitruviano, de Leonardo da
Vinci, e abre algumas reflexões sobre a obra. Qual foi a inspiração da capa? E
afinal, qual o significado de Quebra Azul?
Felipe: A gente testou muitas capas antes dessa. Somos muito
indecisos e agradar a todos é praticamente impossível. Um dia, a Sofia
atualizou a foto de capa do Facebook dela e era essa foto. Cortei a foto e
mandei pra banda. “E aí? O que acham dessa ser a nossa capa?” Foi uma grande
vitória, consegui agradar todo mundo! Ou quase…
Gabriel: Sobre o significado dela, cada um de nós enxerga o
que quer, mas o fato de ser um homem e uma mulher em um voo no escuro, com os
braços abertos, abriu uma gama de significados poderosos, todos condizentes com
nossa visão do trabalho e do universo do disco. Mas é muito pessoal, e gostamos
de deixar assim. Por exemplo, pra mim e para a Sofia, inevitavelmente, terá um
valor diferente e único, pois são nossos pais ali. Eles foram bailarinos por
muito tempo.
O nome Quebra Azul é, talvez, a expressão mais abstrata
contida nas letras do disco. Por isso, sentimos que ela era muito provocante.
Ela não é feita pra esconder uma definição específica, mas propor imagens,
movimentos, instintos. Se você escutar Motim, dá um pouco mais de perspectiva!
RnB: Em paralelo, a banda tem muito da precisão do balé em
seu som. Músicas como Casa e Motim têm variações incríveis, fluidas como a
dança. Como harmonizar cada passo dos “dançarinos” no palco?
Felipe: Muito, muito ensaio. (risos) O processo de composição
da banda é bem lento, cuidadoso e detalhista, com forte preocupação em traçar
caminhos, progredir emocionalmente, não ser redundante dentro da música;
trabalhar a canção menos como um ciclo e mais como uma linha sinuosa que leva
de um ponto a outro, mesmo que a essência da canção seja cíclica. Essas
variações vêm dessa abordagem. A “coreografia” é montada pouco a pouco nos
ensaios, quebrando a cabeça e suando a camisa. Nossa sorte é que os coreógrafos
são, também, os dançarinos… isso facilita as coisas…
RnB: A parede de cordas em Breu e o interlúdio em Furo são
momentos únicos que mostram que o disco é cheio de detalhes e delicadezas. Mas
ao mesmo tempo eles impõem um desafio à banda: reproduzir isso ao vivo. Esse
processo preocupou vocês? Qual foi a maior das dificuldades? O que esperam do
show de lançamento de Quebra Azul?
Gabriel: O processo preocupou muitíssimo a gente. No
entanto, talvez isso seja o mais legal da coisa toda. Gostamos de pensar no
álbum como trabalho desamarrado da nossa capacidade de reproduzí-lo ao vivo. Da
mesma forma que achamos que um show não tem que ser uma reprodução do disco.
Afinal, as músicas nunca soarão tão bem trabalhadas e controladas quanto na
gravação. E isso gera um segundo processo criativo: o de transformar as canções
em algo vivo, transformar as limitações físicas em novas ideias, aproveitar um
vigor que só pode ser alcançado e compartilhado quando estamos tocando juntos,
entre nós e com um público.
Estamos muito nervosos e ansiosos com o show de lançamento.
Nunca tocamos a grande maioria dessas músicas ao vivo. A sensação é de como se
fosse o primeiro show da história da Baleia. Mas é só o começo, somos uma banda
nova, ainda temos muita estrada, muita busca e muito amadurecimento pela
frente. E isso é algo que vale a pena compartilhar com as pessoas também.
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