U sinhô, dotô, sei não....

Meu blog está sempre aberto a bons textos, bons causos, boas chamadas para pensar.

Não poderia deixar de registrar este 'causo', ainda mais vindo do nobre causídico amigo que, datavenia, foi o responsável pelo 100.000º acesso a meu post ...
http://blogdohomerix.blogspot.com.br/2012/05/homerix-em-6-digitos-final.html
.... quem foi!). 

Claro que o faço com sua devida autorização!!

Deleitem-se!!!
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Fui vergonhosamente pego em um ato de arrogância intelectual! 

Meu projeto de vida atual é reformar um carro que foi do meu pai. Ele morreu há dez anos e o carro ficou todo esse tempo na garagem, tanto que é 1995 e tem apenas 30.000km. Depois de vários meses na oficina, ele voltou a rodar, mas vira e mexe acontece alguma coisa e eu preciso de alguém para dar um jeito rápido no motor. Procuro um mecânico de calçada que faz ponto perto da minha casa e ele quebra o galho. Gosto de observar como ele observa a situação e investiga o defeito enquanto faz seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos. No fim, ele sempre conserta meu carro.

Ele adora contar piadas. Ontem ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:

“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”

Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura. 

“Mas você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para pedir!”

Enquanto meu mecânico gargalhava, ele ainda falou:

“Tô fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.”

“E muitos caíram?” perguntei esperançoso.

“Alguns. Mas com você eu tinha certeza absoluta que ia funcionar”.

“Ah é? Por quê?”

“Porque você tem muito estudo doutor, sabia que não seria muito esperto”

E algo dentro de mim dizia que ele tem alguma razão nisso tudo! Passei o dia refletindo sobre as palavras do meu mecânico e cheguei a uma conclusão:  num mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal. 

A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto, mas sim algo imposto
como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.

CAI O PANO!!!!
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Pois é ....  abro para comentários, antecipando que eu mesmo também imaginei a tesoura com os dedos cortando o ar.....