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terça-feira, 3 de novembro de 2009

Torcendo em família??


O Santos ia jogar no Maracanã, seria uma das quatro oportunidades anuais de ver o meu time jogando ao vivo (três este ano, pois o Vascão está na segunda), mas eu não me animei, pois a coisa estava desanimante.

Na última hora, acabou gorando um programa familiar e decidi ir.

Seria uma das últimas oportunidades de se ir ao Maracanã, que fechará por três anos.
E para ver o Petkovic jogar.

E acabei vendo Adriano, que marcou o gol da vitória logo no início, mandou um balaço na trave,  e mostrou as habituais força física e disposição incríveis.

E vi também Bruno defendendo dois penalties cobrados pelo jovem e promissor craque do Santos, o jovem Paulo Henrique, o Ganso.

E vi também a torcida do Flamengo....
Visualmente, uma coisa espetacular, vistosa, a multidão animada, barulhenta, entoando cânticos, o vermelho e o preto numa impressionante harmonia ao redor do grande anel superior quase lotado. Realmente, uma beleza, tenho que admitir.

Mas de perto, ali do lado de flamenguistas exaltados, pude presenciar o outro lado.

Quietinho no meu canto, pra não dar bandeira, posicionei-me logo atrás de uma família flamenguista: pai e mãe nos seus 40, uma filha de 15 e um guri de 6 anos, todos uniformizados. Excelente idéia, um pai de família propicia um programa familiar, numa tarde agradável, buscando o compartilhamento de uma paixão com os seus entes queridos, enfim, muito legal!

Entretanto, a coisa não foi tão bucólica assim. Na verdade, apenas o pai, o chefe da família, realmente torcia pelo seu time. Porém, além da camisa, ele vestia uma personalidade quero crer que distinta da que ele tem no seu dia-a-dia. Não acredito que em casa, ele seja mal-educado, seco, grosso, impaciente, como ele se mostrou naquelas quase duas horas como torcedor. A esposa, calada o tempo todo, a filha apenas abria a boca para perguntar quanto tempo faltava, e o menino, coitado, não estava nem aí para o que acontecia em campo.

Será que o pai via naquele menino a chance de ter um companheiro no futebol, depois de ter a ‘frustração’ de ter uma menina? Ao menos ali, não vi qualquer traço de confirmação da expectativa, nem por parte do menino, nem por parte do pai, sério, sem a menor paciência com o garoto. Não se ouviu nenhuma palavra de incentivo, de explicação sobre o que ocorria, ou ao menos de carinho com o garoto. Somente palavrões, de todos os quilates, impropérios contra o juiz em qualquer lance contra o Flamengo, e mesmo nos lances a favor, afinal na maioria das marcações de falta, ele exigia cartão amarelo aos berros. O baixo calão se estendia aos jogadores que erravam alguma jogada, mesmo contra quem tinha propiciado o gol, caso do Léo Moura. Reclamava com a mulher, e xingava o bandeirinha nos impedimentos, comentava os lances com ela, que permanecia impassível.

Vem o segundo tempo, e o segundo pênalti, e a segunda defesa de Bruno, e ele esbraveja contra a diretoria do clube, com todos os *&$¨%+=+@ possíveis, que não faz nada contra um juiz @#$%¨&* como aquele. E o filho ouvindo aquilo tudo! Mesmo assim, de vez em quando, o menino o abraçava, queria colo, mas o pai afastava. De vez em quando, ele até ficava assustado com o pai bravo, e se aninhava juntinho à mãe. Deve ter sido traumático pra ele.

Enfim, não deu pra entender para que ele levou a família para não dar nenhuma atenção a nenhum deles. Principalmente ao pobre garoto. Nem na hora do intervalo. O time ganhando, jogando mais ou menos bem, o goleiro tendo defendido um pênalti, o cara podia fazer um agrado, mas não, ficou ali sentado, quieto. E me senti até mal, pois enquanto eu me degladiava com dois cachorros-quentes-nem-tão-quentes-assim-mas-ótimos, ele me olhava com olhinhos de fome, eu nem me atrevi a oferecer uma mordida, vai ver eu é que levava uma do pai raivoso. Nem a mãe teve a simples idéia de ir dar uma volta com o garoto, comprar um biscoito, um sorvete, sei lá, foi torturante.

Resta saber se aquele ‘programa’ familiar foi exigência da mulher, tipo ‘só vai se levar todo mundo!’. Se foi isso, sinto muito, melhor seria deixar o cara se estressar sozinho e poupar a todos de concluir que o pai de família é um brucutu.

Submeto a questão aos flamenguistas:
Seria o citado brucutu representativo da família urubu?
E não me venha com rimas mal-educadas pra chuchu.

Abraço

Homero Analisando Ventura

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