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sábado, 6 de abril de 2019

Economia do Petróleo - A Exploração

Este é o Capítulo 2 de um artigo em que, respondendo à pergunta em vermelho abaixo, eu perpasso todas as demais.
O que é petróleo? Qual a sua composição química? Como foi formado? Como é encontrado na natureza? Como é feito o estudo geológico para encontrar o óleo? Em quais tipos de rochas se pode encontrar petróleo? Quais são as principais características que as rochas apresentam e que são indicativos de encontrar petróleo e gás natural? Se for mais de uma, quais são as diferenças entre elas? O que é preciso saber para se determinar que vale a pena perfurar um poço de petróleo? (*) Como é feito esse estudo? O que é pré-sal? Qual a diferença entre as demais áreas em que se encontra petróleo?
(*) pergunta adaptada - explicação no Capítulo 1 

Capítulo 1: O Risco (aqui, neste link)
... portanto, o risco que o investidor encara, de encontrar petróleo em sua propriedade, neste exemplo numérico, é a multiplicação 100% x 60% x 70% x 80% x 60%, que resulta, sim, em APENAS 20%. Ou seja, ele sabe que tem uma chance de 80% de não encontrar nenhum petróleo ali, onde ele precisa que esteja!

Capítulo 2: A Exploração

O chamado Risco de 1:5 (perfuram-se 5 poços para encontrar petróleo em 1) não é nada incomum na história do petróleo, pode-se dizer até que é próximo a uma média histórica e, mesmo assim, os exploradores seguem procurando, porque o prêmio pode compensar o risco, e muito. É o assim chamado Capital de Risco, que é composto do custo de aquisição da área mais a investigação geológica mais a perfuração do poço pioneiro, pode ir de alguns milhares a centenas de milhões de dólares. Conclui-se, portanto, que petróleo não é coisa pra gente fraca. Tem que ter bala na agulha e sangue frio! 

E veja que os riscos não param por aí. Este já descrito é o risco básico de se ENCONTRAR petróleo no seu bloco, na área de concessão à sua disposição, geralmente concedida por instituições governamentais, mas também adquirida de proprietários anteriores. É a fase que chamamos de EXPLORAÇÃO. Nesta fase, os geocientistas executam uma investigação geológica, que começa em estudos geológicos de superfície e, após identificarem uma possibilidade numa certa área, lançam linhas sísmicas, o que consiste em provocar ondas sonoras em superfície, que migram até quilômetros abaixo e, a cada mudança litológica, rebatem e retornam à superfície, onde os sinais são captados por geofones e interpretados. Produzem-se fotografias do fundo da terra, cuja interpretação levará à conclusão se existe um prospecto promissor. A decisão de seguir em frente é tomada com o auxílio dos Engenheiros que elaboram cenários econômicos e de produção, a partir dos dados geológicos disponíveis, com os quais estima-se a probabilidade de se ter uma acumulação comercial. Sendo essa avaliação positiva,  então adentra-se à próxima fase, a perfuração do poço pioneiro, quando entram em campo os valorosos Engenheiros de Perfuração. Em inglês, esses poços são chamados wildcat, no sentido de corajoso, desbravador. Hoje em dia, esses cats precisam ser muito menos wild que nos primeiros anos, por conta da altíssima qualidade da sísmica moderna mas, mesmo assim, ainda merecem a alcunha. Iniciada em terra, nos campos do Texas lá no final do Século XIX, a perfuração foi evoluindo, de umas poucas centenas de metros até inconcebíveis 5.000, até 10.000 metros, numa engenharia de construção de cima para baixo, sem se ver o que se está a construir, com técnicas cada vez mais desafiadoras, até chegarem à conclusão de que precisavam ir além da pesquisa terrestre e passaram a molhar os pés, galgando degraus marítimos, primeiro em águas rasas, depois profundas, depois ultraprofundas, hoje atingindo mais de dois quilômetros de profundidade de água. 
Ufa, adoro parágrafos enormes daquele de se tirar o fôlego, apesar de ser não recomendado

Além disso, o petróleo (óleo ou gás) tem que estar lá em quantidades economicamente viáveis, que compensem os, por vezes, pesadíssimos, investimentos de DESENVOLVIMENTO, necessários para se tirar o petróleo lá do fundo e processá-lo e entregá-lo ao pessoal do Segmento Downstream, que irá transformá-lo para entrega de derivados ao consumidor final. Tudo isso custa … às vezes muito … e tudo tem que ser compensado. Antes disso, entre a Exploração e o Desenvolvimento, tem uma fase importantíssima que é a que determina a quantidade de petróleo que está lá em baixo, que se chama de AVALIAÇÃO ou DELIMITAÇÃO, onde poços adicionais são perfurados para se delimitar a extensão da jazida descoberta. Somente após a fase de Avaliação, poder-se-á confirmar que se tem nas mãos uma RESERVA de petróleo, que significa ‘Volume de Petróleo Recuperável Economicamente Viável’. Se você encontrou petróleo que é impossível tirar do chão, nas condições de preço vigentes ou prospectivas, isso significa que você NÃO TEM uma Reserva de Petróleo, apenas Recursos. Aqui, vale um aparte sobre essa denominação RESERVA. Ela é determinada com o nível de tecnologia disponível no momento de sua avaliação. O petróleo que se encontra lá no fundo não é totalmente produzido, aliás, muito longe disso. Muito óleo fica aderido às rochas-reservatório. Somente se recupera, em média, cerca de 30% a 35% do chamado Volume de Oil In Place que está lá em baixo, sendo esse número conhecido como Fator de Recuperação. Entretanto, com o avanço das tecnologias, as técnicas de recuperação Melhorada e Especial, nos quais fluidos são injetados para manutenção da pressão e deslocamento do óleo, vêm aumentando substancialmente esse valor. A Noruega e o Reino Unido são campeões nesse quesito, com seus campos chegando a níveis de 50% ou até 60% de Fator de Recuperação.

Próximos Capítulos:

Capítulo 3: O Desenvolvimento

Capítulo 4: A Viabilidade


Capítulo 5: O Pré-Sal


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